|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Diniz dá carta-branca para Galeazzi, mas participa mais
Chefe do conselho do Pão de Açúcar diz que acompanhará mais o dia-a-dia
Já o novo presidente, que substitui Casseb, ficará dois anos no posto até a promoção de um dos oito diretores do grupo varejista
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
A troca de comando no grupo
Pão de Açúcar, realizada nesta
semana, deixou Abilio Diniz,
presidente do conselho, mais
próximo da gestão da empresa.
Não que isso signifique uma
volta ao quadro executivo, como ele faz questão de ressaltar.
"Uma das alternativas cogitadas [com o afastamento de Cássio Casseb da presidência] era a
minha volta ao comando", afirma Diniz. "Mas eu não quis
nem pensar nisso."
O motivo, segundo ele, foi
não prejudicar o time montado
e perder o maior ganho da gestão Casseb: construir uma empresa que não depende de um
rosto só. "Não foram dois anos
jogados fora, tivemos muitos
ganhos, e o principal foi a formação de um time", diz ele.
Para Diniz, Casseb fez "o possível". "Os resultados não eram
muito ruins nem espetaculares", afirma. "Porém não eram
satisfatórios aos acionistas e se
agravaram com a elaboração do
orçamento de 2008."
Com a saída de Casseb e a entrada de Cláudio Galeazzi, sócio da consultoria especializada em reestruturação Galeazzi
& Associados, Diniz tomou para si algumas tarefas e volta a ficar mais próximo das decisões.
Uma de suas missões é formar o futuro presidente, que
será escolhido entre os oito diretores da casa, em dois anos. É
esse o prazo no qual Galeazzi
estará à frente da gestão. "Tenho valores e conduta pessoal
que gostaria de transmitir ao
futuro presidente", diz Diniz.
De acordo com ele, do modo
como a saída de Casseb foi feita,
ainda não havia nenhum diretor preparado para assumir o
cargo e seria uma irresponsabilidade promover um deles.
A outra tarefa assumida por
Diniz é participar pessoalmente do avanço do grupo no "atacarejo". Segundo ele, a tarefa é
desafiante, e seu trabalho não
será de líder, mas quase de um
consultor, dividindo conhecimento e experiência.
Uma terceira -e talvez mais
importante- missão é ter presença mais marcante nas decisões dos gestores. "O Galeazzi
terá carta-branca, a carta que se
dá a um presidente", afirma Diniz. "Porém nos últimos cinco
anos estive empenhado em fortalecer o presidente, e isso significou deixá-los acertar e errar, mesmo sabendo que estavam errados. Houve erros pesados nesses cinco anos."
Processo de aprendizado
Segundo Diniz, essa atitude
fez parte de seu próprio processo de aprendizado sobre a gestão profissional. Agora, entretanto, sua experiência servirá
para barrar esses erros, antes
que ocorram. "Se houver uma
proposta que me contrarie, estou disposto a ouvir argumentos", afirma Diniz. "Adoro mudar e mudo com facilidade, mas
o time terá de me convencer de
que estou errado. Se eu não me
convencer, não vão fazer. Será a
decisão do acionista."
De acordo com ele, essa iniciativa foi tomada para dar segurança aos acionistas. Num
auditório lotado com mais de
cem analistas de mercado, parabenizando-o pela escolha de
Galeazzi e aplaudindo-o efusivamente no fim da reunião, Diniz pode ter conquistado alguma simpatia.
Texto Anterior: 60% Próximo Texto: Frase Índice
|