São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2007

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Diniz dá carta-branca para Galeazzi, mas participa mais

Chefe do conselho do Pão de Açúcar diz que acompanhará mais o dia-a-dia

Já o novo presidente, que substitui Casseb, ficará dois anos no posto até a promoção de um dos oito diretores do grupo varejista

CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A troca de comando no grupo Pão de Açúcar, realizada nesta semana, deixou Abilio Diniz, presidente do conselho, mais próximo da gestão da empresa. Não que isso signifique uma volta ao quadro executivo, como ele faz questão de ressaltar. "Uma das alternativas cogitadas [com o afastamento de Cássio Casseb da presidência] era a minha volta ao comando", afirma Diniz. "Mas eu não quis nem pensar nisso."
O motivo, segundo ele, foi não prejudicar o time montado e perder o maior ganho da gestão Casseb: construir uma empresa que não depende de um rosto só. "Não foram dois anos jogados fora, tivemos muitos ganhos, e o principal foi a formação de um time", diz ele.
Para Diniz, Casseb fez "o possível". "Os resultados não eram muito ruins nem espetaculares", afirma. "Porém não eram satisfatórios aos acionistas e se agravaram com a elaboração do orçamento de 2008."
Com a saída de Casseb e a entrada de Cláudio Galeazzi, sócio da consultoria especializada em reestruturação Galeazzi & Associados, Diniz tomou para si algumas tarefas e volta a ficar mais próximo das decisões.
Uma de suas missões é formar o futuro presidente, que será escolhido entre os oito diretores da casa, em dois anos. É esse o prazo no qual Galeazzi estará à frente da gestão. "Tenho valores e conduta pessoal que gostaria de transmitir ao futuro presidente", diz Diniz.
De acordo com ele, do modo como a saída de Casseb foi feita, ainda não havia nenhum diretor preparado para assumir o cargo e seria uma irresponsabilidade promover um deles.
A outra tarefa assumida por Diniz é participar pessoalmente do avanço do grupo no "atacarejo". Segundo ele, a tarefa é desafiante, e seu trabalho não será de líder, mas quase de um consultor, dividindo conhecimento e experiência.
Uma terceira -e talvez mais importante- missão é ter presença mais marcante nas decisões dos gestores. "O Galeazzi terá carta-branca, a carta que se dá a um presidente", afirma Diniz. "Porém nos últimos cinco anos estive empenhado em fortalecer o presidente, e isso significou deixá-los acertar e errar, mesmo sabendo que estavam errados. Houve erros pesados nesses cinco anos."

Processo de aprendizado
Segundo Diniz, essa atitude fez parte de seu próprio processo de aprendizado sobre a gestão profissional. Agora, entretanto, sua experiência servirá para barrar esses erros, antes que ocorram. "Se houver uma proposta que me contrarie, estou disposto a ouvir argumentos", afirma Diniz. "Adoro mudar e mudo com facilidade, mas o time terá de me convencer de que estou errado. Se eu não me convencer, não vão fazer. Será a decisão do acionista."
De acordo com ele, essa iniciativa foi tomada para dar segurança aos acionistas. Num auditório lotado com mais de cem analistas de mercado, parabenizando-o pela escolha de Galeazzi e aplaudindo-o efusivamente no fim da reunião, Diniz pode ter conquistado alguma simpatia.


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