São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pirataria no Rio alcança 1 milhão de assinantes

DA SUCURSAL DO RIO

Em nenhum outro Estado a pirataria na televisão por assinatura atingiu os níveis do Rio de Janeiro. Calcula-se em até 1 milhão o número de assinantes de sistemas piratas em todo o Estado, contra 749 mil assinantes das operações autorizadas. Existem operações clandestinas em favelas, na periferia das cidades e até em bairros de classe média.
Há pelo menos uma operação clandestina por favela e, nas maiores, coexistem várias pequenas operadoras. Só na capital, segundo o Instituto Pereira Passos, da prefeitura, existem 740 favelas.
A população deu apelidos jocosos para os sistemas clandestinos. Quando a programação é captada de satélite, o serviço é chamado de ""Sky miau". Se o conteúdo é obtido de TVs a cabo, vira ""TV a gato" ou ""gatonet". A clonagem dos cartões inteligentes dos receptores de TV paga, outra forma de pirataria, virou ""chupa cabra".
As operações informais nasceram para melhorar a qualidade recepção dos canais abertos. Ainda restam 32 delas no Rio, que só oferecem canais de TV abertos, mas estão diminuindo a cada ano (em 2005, eram 60) porque não têm como competir com o cardápio variado das piratas. Há pelo menos cinco anos, a Net Serviços busca uma forma de legalizar e fazer parcerias com essas operações, que se expandiram das favelas para o asfalto.
A primeira tentativa de atuação da Net em favelas foi na Rocinha, com a criação da TV Roc, do argentino Dante Quinterno. Ele ficou de implantar e operar a rede de cabos na favela, e a Net, de fornecer a programação. Quinterno deixou de pagar o combinado alegando que surgiram concorrentes piratas na favela. Em 2005, a Net fez uma segunda tentativa. Assinou contrato com uma pequena operadora da Vila das Canoas, uma comunidade pobre, mas sem tráfico de drogas, da zona sul. Mas o contrato só admite a transmissão de canais abertos.
Por que as operadoras legalizadas não levam seus serviços às favelas cariocas? Em primeiro lugar, porque grande parte das operações clandestinas é administrada por milícias ou por grupos vinculados ao tráfico de drogas. O segundo motivo é o custo. O pacote básico da Net -que tem canais abertos, mais National Geographic, Globo News, Universal Channel, Discovery Kids e Multishow- custa R$ 49,90 por mês no Rio.
Os sistemas clandestinos oferecem cardápio variado, com canais SporTV, HBO e Telecine, além dos canais adultos (eróticos) por R$ 30 mensais.
O governo do Estado do Rio de Janeiro propôs à Net um projeto para legalizar a TV a cabo em favelas onde as milícias ou o tráfico de drogas foi desalojado pela polícia. A Net se comprometeu a levar seus sinais até a favela e a fornecer seu pacote básico por R$ 30 por mês. A associação de moradores local, presidida pelo tenente Wolney de Paula, ficou encarregada de instalar os cabos nas casas dos assinantes e fazer a cobrança do serviço.
A experiência está mais difícil do que o previsto. O tenente Wolney foi ameaçado pela milícia que explorava o serviço antes de ser desalojada.


Texto Anterior: Comércio ambulante da Santa Ifigênia, em SP, já oferece receptor de satélite
Próximo Texto: Notícia de ação de hackers afeta Telefônica
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.