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Pirataria no Rio alcança 1 milhão de assinantes
DA SUCURSAL DO RIO
Em nenhum outro Estado a
pirataria na televisão por assinatura atingiu os níveis do Rio
de Janeiro. Calcula-se em até 1
milhão o número de assinantes
de sistemas piratas em todo o
Estado, contra 749 mil assinantes das operações autorizadas.
Existem operações clandestinas em favelas, na periferia das
cidades e até em bairros de
classe média.
Há pelo menos uma operação clandestina por favela e,
nas maiores, coexistem várias
pequenas operadoras. Só na capital, segundo o Instituto Pereira Passos, da prefeitura,
existem 740 favelas.
A população deu apelidos jocosos para os sistemas clandestinos. Quando a programação é
captada de satélite, o serviço é
chamado de ""Sky miau". Se o
conteúdo é obtido de TVs a cabo, vira ""TV a gato" ou ""gatonet". A clonagem dos cartões
inteligentes dos receptores de
TV paga, outra forma de pirataria, virou ""chupa cabra".
As operações informais nasceram para melhorar a qualidade recepção dos canais abertos.
Ainda restam 32 delas no Rio,
que só oferecem canais de TV
abertos, mas estão diminuindo
a cada ano (em 2005, eram 60)
porque não têm como competir
com o cardápio variado das piratas. Há pelo menos cinco
anos, a Net Serviços busca uma
forma de legalizar e fazer parcerias com essas operações,
que se expandiram das favelas
para o asfalto.
A primeira tentativa de atuação da Net em favelas foi na Rocinha, com a criação da TV Roc,
do argentino Dante Quinterno.
Ele ficou de implantar e operar
a rede de cabos na favela, e a
Net, de fornecer a programação. Quinterno deixou de pagar
o combinado alegando que surgiram concorrentes piratas na
favela. Em 2005, a Net fez uma
segunda tentativa. Assinou
contrato com uma pequena
operadora da Vila das Canoas,
uma comunidade pobre, mas
sem tráfico de drogas, da zona
sul. Mas o contrato só admite a
transmissão de canais abertos.
Por que as operadoras legalizadas não levam seus serviços
às favelas cariocas? Em primeiro lugar, porque grande parte
das operações clandestinas é
administrada por milícias ou
por grupos vinculados ao tráfico de drogas. O segundo motivo
é o custo. O pacote básico da
Net -que tem canais abertos,
mais National Geographic, Globo News, Universal Channel,
Discovery Kids e Multishow-
custa R$ 49,90 por mês no Rio.
Os sistemas clandestinos
oferecem cardápio variado,
com canais SporTV, HBO e Telecine, além dos canais adultos
(eróticos) por R$ 30 mensais.
O governo do Estado do Rio
de Janeiro propôs à Net um
projeto para legalizar a TV a cabo em favelas onde as milícias
ou o tráfico de drogas foi desalojado pela polícia. A Net se
comprometeu a levar seus sinais até a favela e a fornecer seu
pacote básico por R$ 30 por
mês. A associação de moradores local, presidida pelo tenente Wolney de Paula, ficou encarregada de instalar os cabos
nas casas dos assinantes e fazer
a cobrança do serviço.
A experiência está mais difícil do que o previsto. O tenente
Wolney foi ameaçado pela milícia que explorava o serviço antes de ser desalojada.
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