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Pessoa física ajuda a segurar a Bovespa
Enquanto estrangeiros fogem do mercado acionário local, investidor individual compra ações e evita quedas maiores
Em novembro, saldo com
capital externo foi negativo
em R$ 1,15 bi; pessoa física
registra balanço positivo
de R$ 572,4 milhões no mês
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento da participação
do investidor de varejo tem sido fundamental para evitar
uma queda ainda mais expressiva da Bolsa de Valores. Isso
porque, com o agravamento da
crise internacional, os investidores estrangeiros, que costumam ser a categoria que mais
negocia na Bovespa, fugiram do
mercado acionário local.
As operações dos investidores individuais no mês passado
na Bolsa tiveram saldo positivo
de R$ 572,4 milhões -ou seja,
mais compraram que venderam ações nesse montante.
Desde junho, os investidores
estrangeiros têm mais vendido
que adquirido ações brasileiras.
No mês passado, o saldo das
operações dos estrangeiros ficou negativo em R$ 1,15 bilhão.
"A pessoa física tem ajudado
a segurar a Bolsa, que tem visto
uma saída muito grande de investimento estrangeiro", diz
Mauro Calil, professor e educador financeiro.
Os estrangeiros tiraram R$
26 bilhões da Bolsa em 2008
-o pior ano nessa categoria.
"Há tempos os profissionais
vêm falando que Bolsa é investimento de longo prazo. E o investidor brasileiro demonstra
que começa a compreender isso. Ao longo do tempo, as pessoas vêm melhorando sua percepção em relação ao mercado
acionário", diz William Eid Júnior, coordenador do Centro de
Estudos em Finanças da FGV
(Fundação Getulio Vargas).
Além do aumento de investidores nas aplicações diretas na
Bolsa, os fundos de ações se
destacam como uma das poucas categorias que captaram recursos em 2008.
Em meio a um dos piores
anos já enfrentados pela indústria de fundos brasileira, a captação líquida (diferença entre
aplicações e resgates) dos fundos de ações está positiva em
R$ 5,65 bilhões no ano. Para
aplicar em um fundo, o investidor procura normalmente um
banco ou uma gestora e realiza
a aplicação. O fundo é uma comunhão de recursos de diferentes investidores usada para
comprar ativos, como as ações.
Já os investidores individuais cadastrados na Bolsa são
aqueles que aplicam diretamente nas ações. Uma forma
que tem se tornado muito comum para comprar ações diretamente é o "home broker"
-sistema de negociação de
ações pela internet. Quase 169
mil investidores operaram via
"home broker" em novembro.
Os clubes de investimento
também têm se mantido ativos
mesmo durante a crise. Em novembro, surgiram 33 novos clubes, sendo 774 o número de novos registros em 2008. Há
atualmente 2.765 clubes de investimento com registro na
Bolsa, com patrimônio de R$
8,44 bilhões e 149 mil cotistas.
Os clubes de investimento
são formados por um grupo de
pessoas físicas, com o objetivo
de agrupar recursos para investir no mercado de ações. A administração costuma ser feita
por uma instituição financeira
(corretora ou banco) autorizada a operar no mercado.
Mais investidores
O crescimento do interesse
da pessoa física pela Bolsa apenas se acelerou nos últimos
anos. De sua parte, a Bolsa de
Valores de São Paulo tem feito
diversos trabalhos na tentativa
de popularizar o mercado acionário. Em 2002, iniciou o seu
programa de popularização e
passou a levar palestras para
empresas, clubes e mesmo à
praia.
Na onda dos IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês)
que houve nos últimos anos, as
pessoas também passaram a
estar atentas aos papéis estreantes em pregão. No ano
passado, houve recorde com a
estréia de 64 novas companhias na Bolsa.
Apenas no IPO da BM&F,
realizado em novembro de
2007, houve a participação de
253,7 mil pessoas físicas. No
IPO da Bovespa, foram 63,9 mil
investidores individuais que
participaram.
"A Bolsa é para o longo prazo,
para se formar uma poupança
para o futuro", diz Calil.
Neste momento, ninguém
prevê quando a Bolsa vai retomar seus melhores momentos.
O pico do Ibovespa foram os
73.516 pontos registrados em
20 de maio. Na sexta-feira, a
Bolsa fechou a 39.373 pontos.
(FABRICIO VIEIRA)
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