São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

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Aplicação mais arriscada sofre com saques

Fundos de hedge perderam US$ 64 bi em ativos pelo mundo apenas em novembro, diz empresa especializada no setor

Segmento deve ter seu pior ano desde 2000; no Brasil, fundos similares têm pesados saques no ano, com a saída de R$ 38,6 bi

DA BLOOMBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O setor mundial de fundos de hedge perdeu US$ 64 bilhões de seus ativos em novembro. O índice que monitora seu desempenho caiu pelo sexto mês consecutivo, num momento em que a Ásia e a Europa vêm engrossar a recessão instaurada nos Estados Unidos, disse a Eurekahedge Pte., especializada em dados sobre o setor.
As quedas do mercado contribuíram para que fossem contabilizados US$ 18 bilhões em prejuízos líquidos, enquanto os resgates por parte dos investidores totalizaram US$ 46 bilhões, informa a empresa, sediada em Cingapura, com base em dados preliminares extraídos de 41% dos fundos monitorados. A empresa de pesquisa disse que os ativos dos fundos de hedge encolheram US$ 110 bilhões, para US$ 1,65 trilhão, em outubro.
"Está muito claro que haverá significativa concentração de capital no setor de fundos de hedge", disse Duncan Smith, um dos sócios, em Hong Kong, da Ogier, fornecedora de serviços corporativos e jurídicos a empresas financeiras. "As condições estão bem difíceis, nem é preciso dizer. A liquidez subjacente está muito difícil para os fundos."
Os fundos de hedge são aplicações mais especulativas e arriscadas do que os investimentos financeiros mais tradicionais. Por esse risco, oferecem em contrapartida a oportunidade de ganhos mais elevados a seus aplicadores. Porém, neste momento de crise aguda, muitas dessas aplicações tiveram perdas expressivas.
A queda acentuada eleva as retrações dos fundos de hedge para 13% neste ano, em um momento em que esse tipo de gestora de investimentos acelera os fechamentos de postos de trabalho e se prepara para registrar seus piores prejuízos anuais e resgates de recursos por parte dos investidores desde pelo menos 2000, segundo dados da Eurekahedge.
Administradoras de investimentos como o Citadel Investment Group LLC, sediado em Chicago e gerido por Kenneth Griffin, foram obrigadas a liquidar fundos, limitar as retiradas e fechar postos de trabalho.
Os fundos de hedge caíram 0,4%, em média, em novembro, conforme os critérios de mensuração do índice Eurekahedge Hedge Fund, que monitora o desempenho de mais de 2.000 fundos que investem em âmbito mundial. A cifra final para o mês pode apontar 2% de queda, segundo a Eurekahedge, que em geral recebe posteriormente os dados dos fundos com desempenho menos satisfatório.

Fuga interna
No Brasil, não tem sido diferente. Nos fundos multimercados com renda variável e alavancados, onde se concentra a maioria dos fundos de hedge nacionais, a saída é das maiores do mercado no ano.
O segmento registra saques líquidos de R$ 38,6 bilhões no ano. Isso representa mais da metade de toda a saída de recursos da indústria de fundos brasileira em 2008, que alcança os R$ 68,82 bilhões, segundo dados levantados pela Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).


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