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Leilão de eólicas foi "sucesso absoluto", afirma governo
Preço médio oferecido pelos participantes, R$ 148,39, foi
menor do que os mais de R$ 160 esperados pelo governo
Montante comercializado representa o triplo da
capacidade instalada em
operação hoje no país; são
71 projetos em 5 Estados
NATÁLIA PAIVA
DA REDAÇÃO
O primeiro leilão exclusivo
para energia eólica, organizado
ontem pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e
pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) para aumentar a
segurança do sistema elétrico
nacional e reduzir custos, contratou um volume de energia
próximo ao esperado pelo mercado, a um preço médio menor
do que o esperado pelo governo
-que, como comprador, considerou o pregão um "sucesso".
Foi comercializado o equivalente a 1.805 MW instalados,
em 71 projetos em Rio Grande
do Norte, Ceará, Bahia, Sergipe
e Rio Grande do Sul. É o triplo
da capacidade instalada em
operação hoje (602 MW).
O leilão, que se estendeu por
quase oito horas, foi bastante
competitivo: registrou preço
médio de R$ 148,39 por MWh,
deságio de 21,5% sobre o teto
inicial (R$ 189). O montante
negociado será em torno de R$
19,5 bilhões, por toda a vigência
dos contratos -20 anos, a partir de julho de 2012.
"Hoje, podemos dizer que a
fonte eólica efetivamente está
tendo condições de entrar no
mercado brasileiro, a partir do
momento em que consegue
apresentar preços que competem com a biomassa e outras
fontes. Esse leilão é um sucesso
absoluto, pela quantidade e pelos preços que tivemos", afirmou o secretário-executivo do
Ministério de Minas e Energia,
Márcio Zimmermann.
O diretor-geral da Aneel,
Nelson Hubner, disse que esperava que o preço médio ficasse
acima de R$ 160. "Foi surpreendente ver uma usina negociar a R$ 131/MWh [menor
preço]", disse. Os valores comercializados ontem ficam
bem abaixo do preço pago
atualmente às eólicas (cerca de
R$ 270, nos contratos do Proinfa, programa do governo de
fontes renováveis). Nas hidrelétricas, por exemplo, esse valor varia de R$ 70 a R$ 100.
Zimmermann disse crer que
a energia eólica já pode participar de pregões regulares, por
ter alcançado um preço suficientemente competitivo para
disputar com outras fontes. E
ressaltou que o setor já tem as
vantagens de ICMS reduzido
(que deve ser prorrogado, em
janeiro), de PIS/Cofins suspensos e, desde a semana passada,
de IPI zerado para aerogeradores. Segundo Mauricio Tolmasquim, da EPE, o leilão firma a
energia a partir do vento como
o complemento atraente, do
ponto de vista econômico e ambiental, à hídrica.
Em nota, a ABEEólica, associação do setor, disse que o alto
deságio "surpreendeu". Para
ela, os investimentos que deverão ser realizados para viabilizar a geração da energia eólica
comercializada no leilão de ontem serão de R$ 8 bilhões. Segundo a EPE, esse montante
será maior: R$ 9,4 bilhões.
Entre as empresas vencedoras, a mais bem-sucedida foi a
Renova Energia: sozinha, comercializou cerca de 17% do
volume médio comprado. A
companhia, com foco em energia alternativa, é formada pelo
fundo InfraBrasil, administrado pelo Banco Real, e por outros dois empreendedores. "No
final, acabaram prevalecendo
os projetos mais competitivos,
com maior fator de capacidade
[o que é de fato gerado, a partir
do potencial instalado] e maior
escala", diz Vasco Barcellos,
presidente da empresa.
Hubner disse que alguns projetos com alto fator de capacidade não conseguiram vender
energia, o que aumenta a expectativa para os próximos leilões. "Esperamos que, com a escala, continue esse processo de
otimização dos custos, de forma que a eólica venha a ter uma
participação crescente na nossa matriz", disse Zimmermann.
Hoje, é 0,53% do total.
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