São Paulo, terça-feira, 15 de dezembro de 2009

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Armínio exalta "Índice de Brasileia"

DA SUCURSAL DO RIO

O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga afirmou que os reguladores de outros mercados financeiros deveriam replicar o modelo brasileiro, ao qual chamou de "Índice de Brasileia".
A expressão usada foi uma brincadeira em referência ao termo "Índice de Basileia", que mede a relação entre o capital de um banco e seu volume de empréstimos. No Brasil, esse índice é de 11%, superior -portanto, mais conservador- aos 8% aceitos internacionalmente.
"As regras no Brasil estão amarradas e funcionaram bem. Isso se deve a nosso histórico de incerteza e instabilidade. Os reguladores precisam ficar atentos ao descasamento de prazos e exigir margens mais elevadas. Aqui no Brasil, o Índice de Brasileia vem funcionando bem", disse Fraga, sócio da Gávea Investimentos, em seminário sobre regulação dos mercados de capitais promovido pela Fundação Getulio Vargas e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Segundo Fraga, o nível de liquidez no mundo ainda é alto e mantém aceso o risco de uma nova crise -a liquidez excessiva foi um dos combustíveis da crise de 2008. "O sistema que existe hoje é uma máquina de fazer bolhas e precisa ser corrigido, exige atenção do governo enquanto as raízes da má liquidez não forem resolvidas."
Fraga também defende a redução da alavancagem -a realização de operações financeiras, por instituições e empresas- em volume superior ao patrimônio disponível em busca de maiores ganhos. "Há cem anos, o nível de alavancagem dos bancos era três vezes o patrimônio. Hoje, são 30 vezes."
Para Fraga, o fato de países como a China estarem em momento de política expansionista (de redução de juros para manutenção da economia aquecida) gera um desequilíbrio especificamente para o Brasil, já que aqui os juros permanecem como um dos mais altos do mundo. Em outras palavras, a liquidez mundial acaba migrando para cá.
Mas, em sua visão, o Banco Central está fazendo um bom trabalho. "Gera uma contradição, mas não precisamos afrouxar a política. A economia vem se recuperando bem. O Banco Central vem agindo com transparência e saberá se e quando será necessário mudar."


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