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MERCADO TENSO
Declarações do presidente do STF contra a reforma da Previdência ajudam a azedar humor dos investidores
Dólar tem a maior alta desde novembro
GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL
As incertezas com a reforma da
Previdência Social e o resultado
negativo dos mercados internacionais fizeram com que o dólar
fechasse em alta de 2,2%, cotado a
R$ 3,33. Foi a maior valorização
percentual da moeda desde 12 de
novembro.
O C-Bond, principal título da
dívida externa brasileira, se desvalorizou em 1,83% e elevou o risco-país para 1.265 pontos, alta de
3,51% em relação ao fechamento
anterior.
As declarações do ministro
Marco Aurélio de Mello, presidente do STF (Supremo Tribunal
Federal), dadas ao jornal "O Estado de S. Paulo" foram mal recebidas pelo mercado. Segundo ele, as
mudanças no sistema previdenciário serão barradas no STF se
retirarem "direitos adquiridos"
dos servidores públicos.
Além disso, a notícia de que as
aposentadorias dos militares e
dos integrantes do Poder Judiciário poderão fazer parte de um regime especial trouxe para alguns a
perspectiva de que a medida abra
precedente para que outros segmentos da sociedade também peçam o mesmo direito.
"Essa foi a justificativa que o
mercado precisava para ajustar o
preço do dólar em relação às quedas dos últimos dias", disse Helio
Osaki, analista da Finambras.
"A defesa de princípios, a defesa
dos direitos adquiridos e a defesa
da segurança jurídica não podem
ser distorcidas visando a custa inconsequente do lucro", disse
Marco Aurélio de Mello sobre os
efeitos de suas críticas à proposta
de reforma previdenciária do governo Lula no mercado.
Para João Medeiros, diretor da
corretora Pioneer, os conflitos internacionais também ajudam a
piorar o cenário interno.
"Esses fatores, mais a iminência
de uma guerra contra o Iraque, fizeram com que alguns bancos
passassem a comprar dólares,
acreditando que o preço atual está
baixo", afirmou.
Segundo analistas a moeda norte-americana, que acumulava até
anteontem queda de 8,1% no mês,
vinha caindo em razão das captações externas feitas por empresas
e bancos e também devido ao otimismo do mercado com o novo
governo.
"Mas somente esses movimentos não são suficientes. Não estamos vendo agora uma corrida pelo dólar, mas enquanto não forem
anunciadas medidas concretas o
mercado permanecerá defensivo", afirmou Osaki.
Adicionalmente, o anúncio de
que a Argentina não pagou ontem
uma dívida de US$ 681 milhões
com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) ajudou
para que o mercado não encontrasse um motivo para que a alta
do dólar fosse menor.
Bolsa
Na Bolsa de Valores de São Paulo, o dia também foi negativo. O
Ibovespa operou em baixa durante todo o pregão e fechou com
desvalorização de 1,67%, em
11.971 pontos. O volume total negociado foi de R$ 652,6 milhões.
Além dos motivos que fizeram o
dólar subir, a queda das Bolsas internacionais também contribuiu
para que as ações da Bovespa sofressem desvalorização.
"O Brasil não mudou de 2002
para 2003 nem de ontem para hoje. O mercado caiu [dólar em alta
e Bolsa em baixa" porque está
mais aquecido por expectativas
do que por fatos", disse Gustavo
Alcântara, do banco Prosper.
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