São Paulo, quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

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Criação de vaga formal em 2007 supera 1,6 milhão

Segundo dado divulgado pelo ministro do Trabalho, foi o melhor ano desde 92

Lupi afirma que há falta de mão-de-obra especializada em vários setores e que, em 2008, será criado 1,8 milhão de vagas formais

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A dois dias da divulgação oficial dos dados sobre o desempenho do mercado de trabalho formal em 2007, o ministro Carlos Lupi (Trabalho) antecipou o dado de que o país gerou mais de 1,6 milhão de empregos com carteira assinada no ano passado. O número é o maior da série histórica, iniciada em 92.
Até novembro, o mercado de trabalho formal havia registrado a criação de 1,936 milhão de postos. Dezembro, no entanto, é historicamente um mês de elevadas demissões. Com base nas declarações de Lupi, no mês passado o mercado fechou cerca de 300 mil vagas.
"Vamos novamente bater recorde neste ano. Já batemos em 2007, com mais de 1,6 milhão de novos postos formais, e vamos bater em 2008, com mais de 1,8 milhão", disse Lupi ontem ao ser questionado sobre as prioridades de seu ministério neste ano. Segundo ele, além da geração de empregos formais, qualificação de trabalhadores e transparência da execução de programas são os pontos prioritários da pasta.
Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) deverão ser divulgados amanhã pelo ministro. Ele registra, mensalmente, todas as demissões e admissões de trabalhadores formais, exceto as de empregados domésticos e funcionários públicos.
Para o professor da Unicamp Anselmo Santos, a geração de vagas no ano passado é resultado direto do crescimento econômico. "Mas fica difícil saber quanto é aumento de emprego e quanto vem da formalização de postos."
Menos otimista que Lupi, Santos acha que, em 2008, o mercado deverá repetir a performance de 2007. "Se o cenário se mantiver, a expectativa é boa. Como o emprego não está concentrado em nenhum setor, temos boas chances de o ritmo se manter, mesmo com a piora do cenário externo", disse.
O ministro também adiantou que as análises do Ministério do Trabalho sobre o emprego formal mostrarão que em 2007 houve falta de mão-de-obra em vários setores. Citou as ocupações de engenheiro e agrônomo como exemplos. "Dados que vou anunciar quinta-feira mostram que já está faltando mão-de-obra qualificada em vários setores da economia. Em São Paulo, em vários setores não tem engenheiro, agrônomo."
Para Lupi, isso mostra que é preciso investir mais em qualificação. Por esse motivo, acrescenta o ministro, eventuais cortes no orçamento da pasta não deverão afetar de forma significativa os recursos para treinamento de trabalhadores.
Santos, da Unicamp, discorda do ministro sobre qualificação. "O problema não é falta de qualificação, exceto em situações muito específicas. A questão é salarial. As empresas vão ter que concorrer para disputar profissionais, oferecendo melhores salários. Com as mudanças do mercado, o trabalhador pode ter deixado sua profissão e, muitas vezes, compensa ficar em determinada vaga porque o salário é melhor", avalia ele.


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