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CÂMBIO
Banco Central deixa de intervir no mercado de compra e venda de dólar, permitindo que ele flutue livremente
Real perde 17,4% desde terça
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
O Banco Central não interveio ontem no mercado de câmbio, evitando dar recursos para quem queria deixar o país. Não estabeleceu um patamar para a cotação do dólar, que fechou a R$ 1,4659 na média do mercado, segundo o BC. A desvalorização contra terça-feira foi de 17,36%.
As importadoras e exportadoras
ficaram fora do mercados negócios confuso e volátil
mercado de câmbio ontem, que se
caracterizou pelos baixos volumes
negociados. Quem pôde evitou fazer negócios. O Banco Central não
interveio, evitando fornecer recursos para quem queria deixar o país.
Conseguiu conter a fuga de dólares: até as xxhxx, o fluxo cambial
estava negativo em US$ xxx milhões, contra os US$ 1,8 bilhão de
anteontem.
"Como os recursos pesados não
foram a mercado, fica difícil saber
qual será a cotação do real nos próximos dias", diz Marco Antônio
Dias, chefe de mesa de interbancário de câmbio do BicBanco.
No fechamento do dia de ontem,
o dólar ficou cotado a R$ x,xx. A
desvalorização foi de xx,xx% sobre
os R$ 1,32 de anteontem e de
xx,xx% sobre os R$ 1,2110 de terça-feira, antes da mudança na política
cambial.
Mas esse não é um patamar definitivo. As oscilações foram muito
bruscas ontem. Logo pela manhã,
os operadores foram comprar dólares junto ao Banco Central, mas
não encontraram venda. As cotações já iniciaram a R$ 1,45. Quando o mercado se deu conta de que
não haveria intervenção do BC,
houve pânico inicial e as cotações
do dólar subiram para R$ 1,65.
Nesse nível, ninguém mais quis
comprar. No final da manhã, as cotações do dólar caíram para R$
1,50, chegaram a bater no R$ 1,47 à
tarde, para terminar o dia a R$
x,xx.
"O mercado ainda terá de buscar
seu ponto de equilíbrio, um novo
patamar para todos os ativos brasileiros, o que só será atingido nos
próximos dias", diz Rodrigo Moraes, do Banco Rendimento.
A grande dúvida é como o Banco
Central vai atuar a partir de agora.
Diversos especialistas do mercado
foram ontem consultados informalmente pelo BC, que buscava
sugestões.
Os especialistas consideram um
desastre a possibilidade de um
controle da saída de recursos.
Consideram também perigoso a
liberdade total para o câmbio,
diante dos vencimentos de US$ 4,5
bilhões de dívida externa privada e
pública em janeiro mais US$ 8,6
bilhões em fevereiro. A procura
pelo dólar poderá ser muito grande, o que favoreceria uma desvalorização do real muito acima da desejada pelo Banco Central.
Os especialistas sugerem que o
BC assuma a desvalorização que
permitiu que o mercado realizasse
e torne o teto da antiga banda cambial, o R$ 1,32 por dólar, um novo
piso.
Seria o chamado "waiver", realizado no Chile. O BC, nesse caso,
iria a mercado comprar dólar por
essa taxa. Interviria informalmente no mercado, junto aos "dealers"
dos bancos, no caso de as cotações
passaram o novo teto.
Outra opção seria deixar o mercado totalmente livre, sem banda
cambial, e só realizar intervenções
"silenciosas" quando achar conveniente.
As linhas comerciais estão fechadas e devem continuar por mais
uns cerca de 60 dias até que a situação de normalize.
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