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Lojas têm queda de até 30% nas vendas
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
A confusão gerada no mercado
brasileiro com a mudança da política cambial resultou ontem na paralisação dos negócios entre indústria e comércio e numa queda
de 20% a 30% nas vendas de algumas grandes redes.
A indefinição de taxas de juros e
de preços foi tanta que executivos
de empresas não conseguiam
apostar nem em aumento e nem
em queda de juros e de preços.
A estratégia ontem foi postergar
as decisões para a próxima semana. Quem vende produto importado ou mercadoria que tem componente estrangeiro sabe que vai ter
de aumentar preço por causa da
desvalorização do real e ontem
passou o dia fazendo cálculos.
"Não há condição de estabelecer
parâmetros. Não dá nem para prever se inadimplência sobe ou cai
ou se o comércio vai vender mais
ou menos daqui para a frente", diz
Antonio Carlos Borges, diretor-executivo da Federação do Comércio do Estado de São Paulo.
A federação paulista já previa um
primeiro trimestre do ano fraco
por causa da inadimplência, do desemprego e dos juros altos.
"Isso só inverte se desemprego e
juros caírem." Ontem, segundo
Borges, as empresas passaram o
dia fazendo cálculo também das
perdas com os contratos feitos em
dólar. "Eles estão analisando o tamanho do estrago para ver o que
fazer."
Fábio Pina, economista da federação, diz que os lojistas mais tranquilos foram aqueles que ofereceram financiamento atrelado à variação cambial. "Só que vai ser difícil achar consumidor disposto a fechar uma compra grande a prazo
por esses dias."
A Lojas Cem informa que não alterou juros ou preços, mas sentiu o
impacto da mudança cambial no
caixa. Nos últimos dois dias, o faturamento diário da loja caiu de
aproximadamente R$ 1,8 milhão
para R$ 1,4 milhão. "Quem comprou alguma coisa pagou hoje (ontem) à vista ou em prazo curto",
diz Natale Dalla Vecchia, diretor.
Alimentos
Nos supermercados, os últimos
três dias foram considerados normais, segundo Omar Assaf, presidente da Apas (Associação Paulista dos Supermercados).
"Não tive notícia de queda de
vendas por conta da mudança no
câmbio."
Os supermercadistas, diz, já estão esperando dos fornecedores
que vendem importados tabelas
com preços mais altos já partir de
segunda-feira. "Mas vamos negociar."
Segundo Assaf, se houver aumento de preço de alguma mercadoria, vai ser menor do que foi até
agora a desvalorização do real em
relação ao dólar.
Ele diz que janeiro é, tradicionalmente, um mês de reajuste de preços de algumas mercadorias, com
ou sem desvalorização cambial.
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