São Paulo, sábado, 16 de janeiro de 1999

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Lojas têm queda de até 30% nas vendas

FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

A confusão gerada no mercado brasileiro com a mudança da política cambial resultou ontem na paralisação dos negócios entre indústria e comércio e numa queda de 20% a 30% nas vendas de algumas grandes redes.
A indefinição de taxas de juros e de preços foi tanta que executivos de empresas não conseguiam apostar nem em aumento e nem em queda de juros e de preços.
A estratégia ontem foi postergar as decisões para a próxima semana. Quem vende produto importado ou mercadoria que tem componente estrangeiro sabe que vai ter de aumentar preço por causa da desvalorização do real e ontem passou o dia fazendo cálculos.
"Não há condição de estabelecer parâmetros. Não dá nem para prever se inadimplência sobe ou cai ou se o comércio vai vender mais ou menos daqui para a frente", diz Antonio Carlos Borges, diretor-executivo da Federação do Comércio do Estado de São Paulo.
A federação paulista já previa um primeiro trimestre do ano fraco por causa da inadimplência, do desemprego e dos juros altos.
"Isso só inverte se desemprego e juros caírem." Ontem, segundo Borges, as empresas passaram o dia fazendo cálculo também das perdas com os contratos feitos em dólar. "Eles estão analisando o tamanho do estrago para ver o que fazer."
Fábio Pina, economista da federação, diz que os lojistas mais tranquilos foram aqueles que ofereceram financiamento atrelado à variação cambial. "Só que vai ser difícil achar consumidor disposto a fechar uma compra grande a prazo por esses dias."
A Lojas Cem informa que não alterou juros ou preços, mas sentiu o impacto da mudança cambial no caixa. Nos últimos dois dias, o faturamento diário da loja caiu de aproximadamente R$ 1,8 milhão para R$ 1,4 milhão. "Quem comprou alguma coisa pagou hoje (ontem) à vista ou em prazo curto", diz Natale Dalla Vecchia, diretor.

Alimentos
Nos supermercados, os últimos três dias foram considerados normais, segundo Omar Assaf, presidente da Apas (Associação Paulista dos Supermercados).
"Não tive notícia de queda de vendas por conta da mudança no câmbio."
Os supermercadistas, diz, já estão esperando dos fornecedores que vendem importados tabelas com preços mais altos já partir de segunda-feira. "Mas vamos negociar."
Segundo Assaf, se houver aumento de preço de alguma mercadoria, vai ser menor do que foi até agora a desvalorização do real em relação ao dólar.
Ele diz que janeiro é, tradicionalmente, um mês de reajuste de preços de algumas mercadorias, com ou sem desvalorização cambial.



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