São Paulo, sábado, 16 de fevereiro de 2008

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Polícia toma 1º depoimento 15 dias após queixa

SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A MACAÉ (RJ)

Exatos 15 dias após a queixa da Petrobras sobre o furto de equipamento de informática em um contêiner entre o litoral de São Paulo e Macaé (cidade no norte do Estado do Rio), a PF (Polícia Federal) tomou ontem o primeiro depoimento a respeito do caso.
À tarde, na delegacia local da PF e sob sigilo absoluto, um homem, que seria funcionário da Petrobras, foi interrogado pela presidente do inquérito, delegada Carla de Melo Dolinski.
Ela não revelou nem o nome do depoente nem o teor das declarações sob a alegação de que o Código de Processo Penal dá à "autoridade policial" o poder de decretar sigilo em investigações "quando for aconselhável e no interesse da sociedade".
A atitude da delegada mudou ante o dia anterior, quando deu entrevistas sobre o furto dos computadores portáteis, discos rígidos e pen drives. Ontem de manhã, solícita, chegou a marcar duas coletivas, às 11h e às 15h, que não ocorreram.
Ao sair para o almoço, a delegada, embora educada, demonstrava nervosismo. Disse que tinha pressa e que não daria entrevistas. A Folha apurou que a direção da PF a repreendeu pela repercussão de suas declarações, proibindo-a de voltar a falar com jornalistas.
À Folha, ainda na quinta-feira, a delegada, além de comentar o caso, listar conjecturas e falar do fracasso da perícia realizada no contêiner, lamentou a carência de pessoal na delegacia que está chefiando interinamente, pois o diretor, delegado Élber Pinto, goza férias.
Segundo ela, não havia até então como priorizar a investigação porque há outros inquéritos em andamento e faltam funcionários para investigações e interrogatórios. Até a tarde de anteontem, a delegada não tinha ouvido ninguém sobre o furto, apesar de o inquérito ter sido aberto no dia 7 e o registro formal à PF ter ocorrido no dia 1º.
A delegada não tinha ainda nem a relação de pessoas que estiveram em contato com o contêiner, desde a partida na bacia de Campos, em 18 de janeiro, até o desembarque no pátio da empresa Halliburton, em Macaé, no dia 31. Os ofícios que enviara às duas empresas pedindo os nomes dos funcionários envolvidos no transporte e guarda do material não haviam sido respondidos.

Contêineres
O furto de objetos armazenados em contêineres é um crime pouco habitual no Rio. Quando ocorre na área do porto, o crime é investigado pela PF. Segundo a assessoria da Companhia Docas do Rio de Janeiro, são raros os registros de objetos retirados indevidamente.
Nos terrenos em volta do porto do Rio, há vários depósitos mantidos por empresas privadas, onde qualquer crime seria da área de atuação da Polícia Civil. Delegados ou investigadores das delegacias de São Cristóvão (17ª DP), Bonsucesso (21ª) e praça da República (4ª) afirmam à Folha que são poucos os registros desse tipo de furto, apesar de a maioria desses depósitos estar localizada em áreas vizinhas a favelas.
É o caso da filial da TransMagno, empresa de Macaé que presta serviços à Halliburton e que foi apontada inicialmente como responsável pelo transporte do contêiner. No Rio, seu terreno fica ao lado da favela Parque Boa Esperança. Apesar de a Folha ter presenciado traficantes armados andando de moto ontem perto da favela, os funcionários da TransMagno disseram não se lembrar de furtos ou roubos à empresa e que poucos contêineres ficam armazenados no local.
O delegado da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas, Marcus Vinicius Braga, diz que o crime é raro: "Estou há um ano e meio aqui na delegacia e nunca fiz registro desse tipo de furto. Ele não é comum primeiro porque não é fácil arrombar um contêiner. Além disso, a não ser que você tenha alguma informação privilegiada, não se sabe o que tem dentro e pode não ser muito fácil achar um objeto de valor dentro dele".


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