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Polícia toma 1º depoimento 15 dias após queixa
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A MACAÉ (RJ)
Exatos 15 dias após a queixa
da Petrobras sobre o furto de
equipamento de informática
em um contêiner entre o litoral
de São Paulo e Macaé (cidade
no norte do Estado do Rio), a
PF (Polícia Federal) tomou ontem o primeiro depoimento a
respeito do caso.
À tarde, na delegacia local da
PF e sob sigilo absoluto, um homem, que seria funcionário da
Petrobras, foi interrogado pela
presidente do inquérito, delegada Carla de Melo Dolinski.
Ela não revelou nem o nome
do depoente nem o teor das declarações sob a alegação de que
o Código de Processo Penal dá à
"autoridade policial" o poder
de decretar sigilo em investigações "quando for aconselhável
e no interesse da sociedade".
A atitude da delegada mudou
ante o dia anterior, quando deu
entrevistas sobre o furto dos
computadores portáteis, discos
rígidos e pen drives. Ontem de
manhã, solícita, chegou a marcar duas coletivas, às 11h e às
15h, que não ocorreram.
Ao sair para o almoço, a delegada, embora educada, demonstrava nervosismo. Disse
que tinha pressa e que não daria entrevistas. A Folha apurou
que a direção da PF a repreendeu pela repercussão de suas
declarações, proibindo-a de
voltar a falar com jornalistas.
À Folha, ainda na quinta-feira, a delegada, além de comentar o caso, listar conjecturas e
falar do fracasso da perícia realizada no contêiner, lamentou
a carência de pessoal na delegacia que está chefiando interinamente, pois o diretor, delegado
Élber Pinto, goza férias.
Segundo ela, não havia até
então como priorizar a investigação porque há outros inquéritos em andamento e faltam
funcionários para investigações e interrogatórios. Até a
tarde de anteontem, a delegada
não tinha ouvido ninguém sobre o furto, apesar de o inquérito ter sido aberto no dia 7 e o
registro formal à PF ter ocorrido no dia 1º.
A delegada não tinha ainda
nem a relação de pessoas que
estiveram em contato com o
contêiner, desde a partida na
bacia de Campos, em 18 de janeiro, até o desembarque no
pátio da empresa Halliburton,
em Macaé, no dia 31. Os ofícios
que enviara às duas empresas
pedindo os nomes dos funcionários envolvidos no transporte e guarda do material não haviam sido respondidos.
Contêineres
O furto de objetos armazenados em contêineres é um crime
pouco habitual no Rio. Quando
ocorre na área do porto, o crime
é investigado pela PF. Segundo
a assessoria da Companhia Docas do Rio de Janeiro, são raros
os registros de objetos retirados indevidamente.
Nos terrenos em volta do
porto do Rio, há vários depósitos mantidos por empresas privadas, onde qualquer crime seria da área de atuação da Polícia
Civil. Delegados ou investigadores das delegacias de São
Cristóvão (17ª DP), Bonsucesso
(21ª) e praça da República (4ª)
afirmam à Folha que são poucos os registros desse tipo de
furto, apesar de a maioria desses depósitos estar localizada
em áreas vizinhas a favelas.
É o caso da filial da TransMagno, empresa de Macaé que
presta serviços à Halliburton e
que foi apontada inicialmente
como responsável pelo transporte do contêiner. No Rio, seu
terreno fica ao lado da favela
Parque Boa Esperança. Apesar
de a Folha ter presenciado traficantes armados andando de
moto ontem perto da favela, os
funcionários da TransMagno
disseram não se lembrar de
furtos ou roubos à empresa e
que poucos contêineres ficam
armazenados no local.
O delegado da Delegacia de
Roubos e Furtos de Cargas,
Marcus Vinicius Braga, diz que
o crime é raro: "Estou há um
ano e meio aqui na delegacia e
nunca fiz registro desse tipo de
furto. Ele não é comum primeiro porque não é fácil arrombar
um contêiner. Além disso, a
não ser que você tenha alguma
informação privilegiada, não se
sabe o que tem dentro e pode
não ser muito fácil achar um
objeto de valor dentro dele".
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