São Paulo, sábado, 16 de fevereiro de 2008

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BNDES diz que compra da BrT pela Oi não terá demissão

Garantia foi dada em reunião ontem do Conselho de Administração do banco

Força Sindical diz que quer um compromisso formal do banco de que negócio, financiado em parte pelo BNDES, não trará cortes

ELVIRA LOBATO
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A direção do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) assegurou ontem a representantes da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da Força Sindical que a compra da Brasil Telecom pela Oi (ex-Telemar) não provocará demissões de empregados. O aval foi dado durante reunião, ontem, do Conselho de Administração do BNDES, no qual as duas centrais têm assento.
A garantia verbal da presidência do banco não convenceu o presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). Informado da declaração do banco pelo advogado Ricardo Tosto, que representa a Força no conselho do BNDES, o deputado disse que quer uma garantia formal de que não haverá demissões por pelo menos três anos.
""A lógica empresarial é de que haja demissão após a fusão de empresas. Não sou telefônico, mas sei que não é preciso duas pessoas para instalar o mesmo fio", afirmou. Disse que ""o mínimo" que o BNDES pode fazer é exigir dos acionistas a garantia de manutenção de empregos, uma vez que a operação será financiada com recursos públicos, pelo BNDES.
O representante da CUT na reunião do conselho, João Felício, da direção nacional da central, disse que a garantia dada foi suficiente e que a entidade não vê entraves para o negócio.
""As [respostas às] perguntas que fizemos ao BNDES nos deram uma tremenda garantia de que a compra vai expandir as possibilidades de emprego, especialmente na base. Para nós [a explicação da direção do banco] é suficiente", afirmou o dirigente sindical após o encontro, no Rio.

Capital nacional
Força Sindical e CUT divergem em relação ao principal argumento político do governo para aprovar a compra da BrT pela Oi, a qual resultará na concentração do mercado de telefonia fixa: a criação de uma megaempresa de capital nacional para se contrapor ao avanço dos grupos estrangeiros Telefónica (espanhol) e Telmex (mexicana). A primeira controla a antiga Telesp e é acionista da Vivo e da TVA. A segunda controla a Embratel, a Claro e é acionista da Net, maior empresa de TV a cabo do país.
Para o deputado Paulo Pereira da Silva, o controle nacional é irrelevante se não houver garantia de emprego. ""Sem a garantia, pode ser nacional ou estrangeira, as duas mandam embora", afirmou.
Já o dirigente da CUT afirmou que o controle nacional é questão estratégica. ""Nenhum país consegue competir internacionalmente se não possuir uma empresa de capital genuinamente nacional."

Ataque à mídia
Felício insinuou que os questionamentos sobre o negócio veiculados na imprensa refletem o medo da concorrência de empresas do setor. "O que está por trás é a TV por assinatura. São mais empresas entrando no mercado, e alguns canais de televisão não gostam muito de concorrência", disse.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, recusou-se a comentar sobre o que foi discutido na reunião e afirmou que só poderá se pronunciar se houver a divulgação de um fato relevante dos acionistas das duas teles.
Na reunião de ontem, o Conselho de Administração do BNDES aprovou uma referência para o orçamento deste ano da ordem de R$ 80 bilhões, que será enviada ao Ministério do Planejamento.
Coutinho não esclareceu se o montante já contabiliza o financiamento previsto pelo banco para a operação de compra da BrT, de cerca de R$ 2,5 bilhões.


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