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BNDES diz que compra da BrT pela Oi não terá demissão
Garantia foi dada em reunião ontem do Conselho de Administração do banco
Força Sindical diz que quer um compromisso formal do banco de que negócio, financiado em parte pelo BNDES, não trará cortes
ELVIRA LOBATO
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A direção do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) assegurou
ontem a representantes da
CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da Força Sindical
que a compra da Brasil Telecom pela Oi (ex-Telemar) não
provocará demissões de empregados. O aval foi dado durante reunião, ontem, do Conselho de Administração do
BNDES, no qual as duas centrais têm assento.
A garantia verbal da presidência do banco não convenceu
o presidente da Força Sindical,
o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). Informado da declaração do banco pelo
advogado Ricardo Tosto, que
representa a Força no conselho
do BNDES, o deputado disse
que quer uma garantia formal
de que não haverá demissões
por pelo menos três anos.
""A lógica empresarial é de
que haja demissão após a fusão
de empresas. Não sou telefônico, mas sei que não é preciso
duas pessoas para instalar o
mesmo fio", afirmou. Disse que
""o mínimo" que o BNDES pode
fazer é exigir dos acionistas a
garantia de manutenção de empregos, uma vez que a operação
será financiada com recursos
públicos, pelo BNDES.
O representante da CUT na
reunião do conselho, João Felício, da direção nacional da central, disse que a garantia dada
foi suficiente e que a entidade
não vê entraves para o negócio.
""As [respostas às] perguntas
que fizemos ao BNDES nos deram uma tremenda garantia de
que a compra vai expandir as
possibilidades de emprego, especialmente na base. Para nós
[a explicação da direção do banco] é suficiente", afirmou o dirigente sindical após o encontro,
no Rio.
Capital nacional
Força Sindical e CUT divergem em relação ao principal argumento político do governo
para aprovar a compra da BrT
pela Oi, a qual resultará na concentração do mercado de telefonia fixa: a criação de uma megaempresa de capital nacional
para se contrapor ao avanço
dos grupos estrangeiros Telefónica (espanhol) e Telmex (mexicana). A primeira controla a
antiga Telesp e é acionista da
Vivo e da TVA. A segunda controla a Embratel, a Claro e é
acionista da Net, maior empresa de TV a cabo do país.
Para o deputado Paulo Pereira da Silva, o controle nacional
é irrelevante se não houver garantia de emprego. ""Sem a garantia, pode ser nacional ou estrangeira, as duas mandam embora", afirmou.
Já o dirigente da CUT afirmou que o controle nacional é
questão estratégica. ""Nenhum
país consegue competir internacionalmente se não possuir
uma empresa de capital genuinamente nacional."
Ataque à mídia
Felício insinuou que os questionamentos sobre o negócio
veiculados na imprensa refletem o medo da concorrência de
empresas do setor. "O que está
por trás é a TV por assinatura.
São mais empresas entrando
no mercado, e alguns canais de
televisão não gostam muito de
concorrência", disse.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, recusou-se a
comentar sobre o que foi discutido na reunião e afirmou que
só poderá se pronunciar se
houver a divulgação de um fato
relevante dos acionistas das
duas teles.
Na reunião de ontem, o Conselho de Administração do
BNDES aprovou uma referência para o orçamento deste ano
da ordem de R$ 80 bilhões, que
será enviada ao Ministério do
Planejamento.
Coutinho não esclareceu se o
montante já contabiliza o financiamento previsto pelo
banco para a operação de compra da BrT, de cerca de R$ 2,5
bilhões.
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