São Paulo, terça-feira, 16 de março de 2004

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PARALISAÇÃO

Adesão a movimento de inspetores agrícolas é de 90%, diz associação

Greve ameaça escoamento da safra

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Pelo menos 90% dos 2.670 fiscais do Ministério da Agricultura em todo o país aderiram à greve da categoria deflagrada ontem, segundo balanço parcial divulgado pela Associação Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários.
A greve, por tempo indeterminado, coincide com o início do escoamento da safra agrícola. A tendência é suspender as exportações e importações de produtos de origem vegetal e animal.
Os fiscais são os responsáveis pela liberação das cargas e pela emissão dos certificados fitossanitários -garantia de qualidade dos compradores no exterior.
O presidente da associação nacional da categoria, Maurício Porto, afirmou que, para a realização de inspeções no mercado interno -em frigoríficos e laticínios, por exemplo-, 30% dos fiscais se mantêm trabalhando.
Os grevistas reivindicam reajuste salarial médio de 30%, a fim de equiparar os ganhos da carreira aos dos fiscais federais de outras áreas. Hoje, os fiscais federais agropecuários ganham entre R$ 1.770 (início de carreira) e R$ 3.552. Eles querem ainda abertura de concurso, a fim de ampliar para 4.000 o número de fiscais.
Segundo Porto, as negociações com o governo se prolongam desde 2001. A reposição salarial está assegurada no Orçamento deste ano, mas, segundo ele, enfrenta resistência da área econômica.
No porto de Santos (SP), o maior do país, a greve não tinha provocado efeitos até ontem porque os navios em operação -de embarque de soja, principalmente- já tinham sido vistoriados pelos fiscais na última sexta-feira.
O Sindicato das Agências Marítimas do Estado de São Paulo informou que solicitou ao Ministério da Agricultura que envie funcionários para Santos, a fim de liberar as cargas e evitar prejuízos decorrentes de navios parados e dos custos de estocagem de mercadorias nos terminais. "Não entramos no mérito da greve. O que gente quer é operacionalizar os navios", disse José Roque, vice-presidente do sindicato, cujas empresas filiadas representam os proprietários dos navios.
Segundo ele, providência semelhante foi adotada na recente greve dos fiscais da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
O Ministério da Agricultura informou que, como forma de minimizar os efeitos da greve, atribuições de fiscalização poderão ser transferidas temporariamente para Estados e municípios.


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