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PARALISAÇÃO
Adesão a movimento de inspetores agrícolas é de 90%, diz associação
Greve ameaça escoamento da safra
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
Pelo menos 90% dos 2.670 fiscais do Ministério da Agricultura
em todo o país aderiram à greve
da categoria deflagrada ontem,
segundo balanço parcial divulgado pela Associação Nacional dos
Fiscais Federais Agropecuários.
A greve, por tempo indeterminado, coincide com o início do escoamento da safra agrícola. A tendência é suspender as exportações e importações de produtos
de origem vegetal e animal.
Os fiscais são os responsáveis
pela liberação das cargas e pela
emissão dos certificados fitossanitários -garantia de qualidade
dos compradores no exterior.
O presidente da associação nacional da categoria, Maurício Porto, afirmou que, para a realização
de inspeções no mercado interno
-em frigoríficos e laticínios, por
exemplo-, 30% dos fiscais se
mantêm trabalhando.
Os grevistas reivindicam reajuste salarial médio de 30%, a fim de
equiparar os ganhos da carreira
aos dos fiscais federais de outras
áreas. Hoje, os fiscais federais
agropecuários ganham entre R$
1.770 (início de carreira) e R$
3.552. Eles querem ainda abertura
de concurso, a fim de ampliar para 4.000 o número de fiscais.
Segundo Porto, as negociações
com o governo se prolongam desde 2001. A reposição salarial está
assegurada no Orçamento deste
ano, mas, segundo ele, enfrenta
resistência da área econômica.
No porto de Santos (SP), o
maior do país, a greve não tinha
provocado efeitos até ontem porque os navios em operação -de
embarque de soja, principalmente- já tinham sido vistoriados
pelos fiscais na última sexta-feira.
O Sindicato das Agências Marítimas do Estado de São Paulo informou que solicitou ao Ministério da Agricultura que envie funcionários para Santos, a fim de liberar as cargas e evitar prejuízos
decorrentes de navios parados e
dos custos de estocagem de mercadorias nos terminais. "Não entramos no mérito da greve. O que
gente quer é operacionalizar os
navios", disse José Roque, vice-presidente do sindicato, cujas empresas filiadas representam os
proprietários dos navios.
Segundo ele, providência semelhante foi adotada na recente greve dos fiscais da Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária).
O Ministério da Agricultura informou que, como forma de minimizar os efeitos da greve, atribuições de fiscalização poderão
ser transferidas temporariamente
para Estados e municípios.
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