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Minério de ferro deve render 61% mais
Com 70% do total, produto puxa embarque de commodities minerais a quase US$ 25 bilhões, indica projeção para 2008
Mesmo com importações 33,7% maiores neste ano, saldo da balança comercial do segmento tende a crescer 23,5%, para US$ 11,7 bi
DA REDAÇÃO
A perspectiva de mais um período de demanda aquecida desenha 2008 como um novo ano
de quebra de recordes das commodities minerais, um mercado de oferta contida e estoques
historicamente baixos.
As exportações devem disparar 40% em relação ao ano passado, para US$ 24,457 bilhões.
As importações prometem aumentar 33,6%, para US$ 12,750
bilhões. Com isso, o saldo da
balança comercial das commodities minerais deve fechar
2008 com US$ 11,707 bilhões,
crescimento de 47,3% em relação ao ano passado.
Essas são as conclusões de levantamento feito a pedido da
Folha a especialistas e analistas de mercado. As projeções
não incluíram dados pormenorizados sobre a entrada em
produção de novos projetos
minerais no país.
As exportações são puxadas
pelo minério de ferro, responsável por 70% dos embarques
de commodities minerais do
país. Projeções conservadoras
apontam para receita de US$ 17
bilhões no ano, 61% mais que o
obtido em 2007. O volume deve crescer apenas 11%, para algo em torno de 300 milhões de
toneladas. O aumento da receita vem do preço em alta. As mineradoras têm obtido reajustes
na faixa de 65% a 70% para este
ano na comparação com as cotações praticadas em 2007. Para o próximo ano, as primeiras
previsões apontam novas elevações, de 15% a 30%, no reajuste do minério.
O apetite das siderúrgicas
explica também parte do crescimento das importações projetadas para este ano. As empresas brasileiras devem importar 15% mais carvão mineral no ano, chegando a 21,1 milhões de toneladas.
Os gastos tendem a "explodir" até US$ 3 bilhões, alta de
63% em relação ao ano passado. O preço deve ser reajustado
de 80% a 100% até a metade do
ano, em linha com a oferta
mais modesta, a começar da
China. O frio intenso no começo de 2008 prejudicou a logística de extração nas principais
minas do país.
A outra parte das importações maiores se deve ao campo.
A exemplo do carvão mineral, o
Brasil é importador dos insumos para a produção de fertilizantes. A balança comercial
dos compostos químicos de
fosfatos tende a ser deficitária
em US$ 2,430 bilhões, aumento de 35% em relação a 2007.
Com potássio, os gastos devem
bater em US$ 2,3 bilhões, 52%
mais. Com enxofre, US$ 286
milhões, 66% mais.
Esses impactos nos custos
devem ser compensados pelos
resultados das cadeias da agricultura e do aço, que repassam
os reajustes desses insumos.
Para os especialistas, os aumentos do ferro e do carvão serão assimilados pelo aquecimento que se prevê para a
construção civil e a indústria
automobilística.
O cobre lidera as importações minerais do país. Os gastos tendem a chegar a US$
3,250 bilhões em 2008, em material semi-elaborado e refinado. O Brasil também exporta o
produto, mas na forma de concentrados. Neste ano os embarques devem chegar à receita
de US$ 2,1 bilhões. O déficit de
US$ 1,150 bilhão praticamente
repete o desempenho de 2007.
"A expectativa é que, até 2010-2012, essa conta esteja zerada,
com a extração nas novas minas da Vale", diz Mathias Heider, especialista em recursos
minerais do DNPM (Departamento Nacional de Produção
Mineral) do Ministério de Minas e Energia.
Extração maior
O Ibram (Instituto Brasileiro
de Mineração) também aguarda aumentos expressivos na extração de zinco e níquel, o que
deve deixar o Brasil em situação mais confortável nesses
produtos. Para este ano, o déficit de zinco deve chegar a US$
250 milhões, praticamente o
mesmo valor de 2007.
Para o níquel, a previsão é superávit de US$ 420 milhões. No
ano passado, o Brasil teve 3%
de participação no mercado
mundial de níquel. Para 2018, a
expectativa é que fique com
11%, atrás apenas da Austrália
(14%) e da Rússia (12%).
O mercado internacional
neste mês prosseguiu cravando
novas cotações recordes. Em
Londres, a tonelada do cobre
ensaia superar os US$ 9.000 a
tonelada métrica. Pela primeira vez, o preço do ouro passou
os US$ 1.000 a onça (31,1 gramas) em Nova York. O preço do
alumínio ultrapassou US$
3.200 a tonelada métrica, com
problemas na extração da África do Sul e da China.
Os exemplos de preços elevados se multiplicam: chumbo
rumo a US$ 3.000 a tonelada;
níquel a US$ 30 mil -depois de
alcançar o recorde de US$ 55
mil no ano passado-; estanho a
US$ 18 mil e zinco também mirando R$ 3.000.
Levantamento do DNPM, do
Ministério de Minas e Energia,
divulgado no começo do mês,
mostra que a tonelada dos metais custava, em média, apenas
US$ 1.000 em 2002. Seis anos
mais tarde, esse valor passou a
US$ 4.000.
Ação dos fundos
O boom mineral deve se estender ao menos até 2010.
Mesmo reconhecendo que os
fundos de investimento desempenham papel primordial
para as cotações em alta, analistas consideram ser remota a
chance de esse movimento ser
apenas mais uma "bolha" financeira. O mercado estima
que esses fundos movimentem
cerca de US$ 2 trilhões em negócios com petróleo, minerais e
alimentos. Prova disso são os
negócios à vista, que também
registram sucessivos recordes.
Sustenta o preço das commodities minerais a demanda
mundial aquecida a um ponto
muito além da possibilidade de
expansão da indústria. Do começo da década até fevereiro
passado a cotação do ferro subiu 374%; do cobre, 440%; do
níquel, 372%; do chumbo,
480%; e do zinco, 178%.
Ao divulgar os resultados do
ano passado, a Vale, principal
empresa na extração de minérios do país, avaliou que "o dinamismo das maiores economias emergentes, como China e Índia, concorra para compensar parcialmente o efeito da
contração do crescimento das
economias desenvolvidas"
-EUA, Europa e Japão. A expectativa de mercado doméstico firme no Brasil também contribui para a sustentabilidade
das empresas com base no país.
A demanda chinesa calça a
análise da Vale. No ano passado, a China respondeu por 49%
do consumo mundial de minério de ferro, 33% do de alumínio, 26% do de cobre e 24% do
de níquel.
(GITÂNIO FORTES)
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