São Paulo, domingo, 16 de março de 2008

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Banda larga puxa TV por assinatura, que cresce 13% em 2007

Número de clientes com acesso à internet de alta velocidade via operadoras teve alta de 47% no mesmo comparativo

Estratégia das empresas de TV paga para disputar consumidores com as teles fixas é oferecer desconto em pacotes de serviços

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

O acesso à internet de alta velocidade mais uma vez puxou o crescimento da TV paga no país, que chegou a 5,3 milhões de assinantes no final de 2007, com alta de 13% sobre 2006. Uma das estratégias das operadoras para expandir a base de clientes tem sido oferecer um pacote de serviços, que pode incluir também telefone fixo.
Outro fator que alavancou as vendas foi o aumento real na renda da população, principalmente da classe C, onde vem crescendo a penetração da TV paga, segundo Alexandre Annemberg, presidente da ABTA (associação do setor).
Os dados divulgados pela entidade mostram que, de 2006 para 2007, a quantidade de assinantes de banda larga cresceu 47%, para 1,8 milhão de clientes. A expansão contribuiu para um aumento de 22% no faturamento bruto, que fechou o ano em R$ 6,7 bilhões.
A Net Serviços, que detém quase metade dos assinantes de TV paga do país, aumentou em 16% a base de clientes em 2007 e em 65% a de banda larga. Na esteira do "triple play", o Net Fone via Embratel teve expansão de 212%. Ambas as empresas têm como acionista o mexicano Carlos Slim.
Por enquanto, para oferecer pacotes semelhantes, a Sky tem parceria com Oi, Brasil Telecom e TIM, e a TVA, com a Telefônica. No mês passado, a Net lançou uma campanha ofensiva com um "combo popular" que inclui telefone, banda larga e recepção só de emissoras abertas pelo cabo por R$ 39,90, preço similar ao cobrado pela assinatura da telefonia fixa.
O avanço das operadoras no mercado de internet rápida, diz Annemberg, é o que está fazendo as teles se sentirem ameaçadas e de olho nesse nicho.
A Sky, segunda maior empresa de TV paga do país, pediu à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) que recomendasse ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) a rejeição da aquisição da TVA -terceira no ranking- pela Telefônica. O órgão, que já aprovou o negócio do ponto de vista regulatório, ainda não se pronunciou sobre o efeito na concorrência.
"As empresas de TV por assinatura tiveram 15 anos de monopólio sozinhas e em 15 anos conseguiram ter 5 milhões de assinantes", ironiza José Fernandes Pauletti, presidente da Abrafix (Associação Brasileira das Concessionárias de Telefonia Fixa Comutada).
"Não cresceram, não investiram. Agora vamos entrar nesse mercado não pelo mercado em si, mas para fazer uma oferta conjunta de serviços." Para ele, as operadoras de TV paga querem o monopólio para concentrar esforços nos grandes centros. "Só querem ir no filé." As TVs a cabo e com transmissão por rádio estão em 479 dos cerca de 5.500 municípios do país.
Na opinião de Annemberg, as companhias telefônicas poderiam começar a operar nas cidades em que não há TV a cabo, mas, nas demais, seria preciso criar uma regra de transição.
Eduardo Tude, presidente da Teleco, consultoria especializada em telecomunicações, destaca a vantagem financeira para o cliente, que tem desconto ao adquirir dois ou três produtos, mas argumenta que a consolidação dos serviços só vai ser realmente benéfica se os grandes grupos passarem a concorrer nacionalmente, e não apenas continuarem a ter monopólios regionais.
Outra preocupação das TVs por assinatura neste ano é o projeto em discussão na Câmara que cria cotas obrigatórias para a programação nacional, o que, segundo as operadoras, vai encarecer a mensalidade.
Sobre o fim do pagamento mensal pelo ponto extra, quando a manutenção do equipamento não for feita pela operadora, Annemberg reitera que a norma foi mal redigida e nada muda em junho. Questionada, a Anatel confirmou que a cobrança será mesmo proibida. Se isso acontecer, as operadoras também ameaçam aumentar a mensalidade para diluir o custo com todos os assinantes.


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