São Paulo, segunda-feira, 16 de março de 2009

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AIG paga bônus após socorro

Executivos e funcionários envolvidos com a crise financeira receberão US$ 165 mi em prêmios

Seguradora paga bônus de US$ 1.000 e US$ 6,5 mi; Barack Obama considera pagamento ultrajante após ajuda de US$ 170 bilhões


DA REPORTAGEM LOCAL

A seguradora americana AIG causou polêmica ontem ao informar que planeja pagar mais US$ 165 milhões em bônus para cerca de 400 funcionários. Dentre eles estão 50 executivos da unidade de negócios da companhia que esteve no epicentro da crise atual, que trouxe prejuízos de US$ 99,289 bilhões para a seguradora apenas no ano passado.
Para evitar um colapso financeiro, o Tesouro dos EUA teve de injetar US$ 170 bilhões na AIG, assumindo cerca de 80% do capital da seguradora, a maior do mundo.
O presidente Barack Obama considerou "ultrajante" o pagamento de bônus a esses executivos após o socorro bilionário à companhia.
O secretário do Tesouro, Timothy Geithner, foi a público exigir que os prêmios fossem renegociados. Na verdade, eles já estavam sob discussão havia uma semana.
O governo quer que a AIG tente impedir o pagamento ou reduza a quantia. Uma das possibilidades seria fazer com que os principais executivos recebessem 50% dos US$ 9,6 milhões previstos. O restante seria parcelado em duas vezes e pago apenas se as metas de saneamento da seguradora fossem cumpridas.
Segundo Edward Liddy, o presidente da AIG indicado pelo governo, há pouca margem de manobra porque os contratos foram definidos há mais de um ano. Existem duas categorias de bônus: a dos executivos e a dos funcionários, incluindo advogados.
Liddy informa que esses contratos teriam obrigatoriamente de ser cumpridos. Os valores variaram entre US$ 1.000 e US$ 6,5 milhões. Juntos, eles somaram US$ 165 milhões.
Essa quantia representa a segunda parcela dos pagamentos de bônus da AIG. A primeira, no valor de US$ 121 milhões, foi feita antes da crise. Há outra parcela prevista para 2009.
Nos bastidores, já correm informações de que o governo estuda formas de receber esse dinheiro de volta. Desde que Liddy assumiu o comando da AIG, em setembro passado, a companhia já cortou em 30% os bônus e os 25 executivos mais importantes passaram a receber salário de US$ 1. Liddy considera que o bônus, apesar de mais baixo, é necessário para a retenção de "talentos", especialmente agora.
O episódio serviu de pretexto para que os republicanos atacassem a administração do presidente Barack Obama. "É fácil sentar-se lá e culpar os contratos. Todos nós sabemos que os contratos são válidos nesse país", disse o senador Mitch McConnell, do Estado de Kentucky. "Aceitaram esses contratos conhecendo-os plenamente, sabendo que os contribuintes estariam agora pagando esses funcionários?"


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