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folhainvest
Fundo DI perde atratividade com taxa de juros menor
Categoria é a que sofre primeiro os efeitos da tendência de juros decrescentes
Fundos DI registram saques
de R$ 2,06 bilhões no ano;
analista avalia que pode não
ser um bom momento para
deixar fundo e correr riscos
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O aprofundamento do processo de redução da taxa básica
de juros vai ter reflexos no retorno dos fundos de investimento. Por suas características, os fundos DI são os primeiros a sentirem o impacto desse
movimento. E o investidor começa a demonstrar estar desconfortável com isso.
Os fundos DI estão entre as
poucas categorias que têm perdido recursos neste ano. Até o
dia 10, esses fundos haviam sofrido saques líquidos de R$ 2,06
bilhões. Apenas os multimercados, que são aplicações que carregam mais riscos, bateram o
DI, com captação negativa de
R$ 5,98 bilhões no período.
Como ninguém duvida que
os juros vão seguir em queda
nos próximos meses, a rentabilidade dos fundos DI vai encolher mais até o fim do ano. Em
2008, o DI deu retorno médio
de 12,1%. Para este ano, a expectativa é que a rentabilidade
recue para cerca de 10,5%.
"O problema é que enfrentamos um momento extremamente volátil no mercado. Há
um processo de queda dos juros
em um cenário de grande incerteza, ou seja, a situação não
é tranquila para os investimentos de maior risco, como a Bolsa", afirma Renato Ramos, diretor de renda fixa da HSBC
Global Asset Management.
"Dessa forma, é mais razoável o investidor manter o dinheiro em um porto seguro,
mesmo rendendo menos. Não é
hora de tentar compensar a
queda dos juros com um investimento mais arriscado", afirma Ramos.
Na semana passada, o Copom reduziu a taxa básica Selic
de 12,75% para 11,25% ao ano,
sendo esse o menor patamar
desde 1986, quando a taxa foi
criada. Para o fim do ano, já há
quem projete que a Selic estará
abaixo de 10%.
A carteira dos fundos DI são
formados por títulos públicos e
privados pós-fixados, que
acompanham de perto a oscilação da taxa básica. Segundo a
definição da Anbid, esses fundos têm que investir, no mínimo, 95% da carteira em papéis
que busquem acompanhar as
variações do CDI ou da Selic. O
CDI (Certificado de Depósito
Interbancário) é negociado entre os bancos e tem retorno
próximo ao da taxa Selic.
Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management, diz que "na medida em
que a inflação arrefece, o BC vai
ficando mais confortável para
alongar o ciclo de redução da
Selic". Para Maia, a Selic deve
estar próxima da faixa dos 9%
no fim do ano.
A taxa Selic é definida, em
reuniões periódicas, pelo Copom -Comitê de Política Monetária, formado por diretores
e o presidente do BC. A Selic
serve de parâmetro para as outras taxas praticadas no mercado financeiro.
"O brasileiro tem de começar
a entender que rentabilidades
nominais altas em aplicações
de baixo risco é uma coisa que
não devemos voltar a vivenciar
nos próximos anos. Quem desejar rentabilidades mais expressivas vai ter de aceitar correr riscos maiores", afirma
Maia, da GAP Asset.
Nos últimos 12 meses, o fundo DI está com ganho acumulado de 12,44%. A renda fixa, concorrente direto no segmento de
aplicações que pagam juros, registrou retorno de 13,05% nesse período.
Apesar de também ser composto por títulos que pagam juros, os fundos de renda fixa carregam mais títulos prefixados
(com taxas definidas na hora da
aplicação). Dessa forma, a renda fixa, de um modo geral, sofre
menor impacto do processo de
queda da Selic. Porém, nos períodos em que a taxa sobe, como no ano passado, a categoria
pode se mostrar menos rentável que o DI. As oscilações dos
juros no mercado futuro também têm reflexos no retorno da
categoria.
No ano, a renda fixa tem
atraído os investidores, estando com captação líquida (diferença entre aplicações e saques) positiva de R$ 4,19 bilhões. Os dados são da Anbid
(Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
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