São Paulo, segunda-feira, 16 de março de 2009

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Fundo DI perde atratividade com taxa de juros menor

Categoria é a que sofre primeiro os efeitos da tendência de juros decrescentes

Fundos DI registram saques de R$ 2,06 bilhões no ano; analista avalia que pode não ser um bom momento para deixar fundo e correr riscos


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O aprofundamento do processo de redução da taxa básica de juros vai ter reflexos no retorno dos fundos de investimento. Por suas características, os fundos DI são os primeiros a sentirem o impacto desse movimento. E o investidor começa a demonstrar estar desconfortável com isso.
Os fundos DI estão entre as poucas categorias que têm perdido recursos neste ano. Até o dia 10, esses fundos haviam sofrido saques líquidos de R$ 2,06 bilhões. Apenas os multimercados, que são aplicações que carregam mais riscos, bateram o DI, com captação negativa de R$ 5,98 bilhões no período.
Como ninguém duvida que os juros vão seguir em queda nos próximos meses, a rentabilidade dos fundos DI vai encolher mais até o fim do ano. Em 2008, o DI deu retorno médio de 12,1%. Para este ano, a expectativa é que a rentabilidade recue para cerca de 10,5%.
"O problema é que enfrentamos um momento extremamente volátil no mercado. Há um processo de queda dos juros em um cenário de grande incerteza, ou seja, a situação não é tranquila para os investimentos de maior risco, como a Bolsa", afirma Renato Ramos, diretor de renda fixa da HSBC Global Asset Management.
"Dessa forma, é mais razoável o investidor manter o dinheiro em um porto seguro, mesmo rendendo menos. Não é hora de tentar compensar a queda dos juros com um investimento mais arriscado", afirma Ramos.
Na semana passada, o Copom reduziu a taxa básica Selic de 12,75% para 11,25% ao ano, sendo esse o menor patamar desde 1986, quando a taxa foi criada. Para o fim do ano, já há quem projete que a Selic estará abaixo de 10%.
A carteira dos fundos DI são formados por títulos públicos e privados pós-fixados, que acompanham de perto a oscilação da taxa básica. Segundo a definição da Anbid, esses fundos têm que investir, no mínimo, 95% da carteira em papéis que busquem acompanhar as variações do CDI ou da Selic. O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é negociado entre os bancos e tem retorno próximo ao da taxa Selic.
Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management, diz que "na medida em que a inflação arrefece, o BC vai ficando mais confortável para alongar o ciclo de redução da Selic". Para Maia, a Selic deve estar próxima da faixa dos 9% no fim do ano.
A taxa Selic é definida, em reuniões periódicas, pelo Copom -Comitê de Política Monetária, formado por diretores e o presidente do BC. A Selic serve de parâmetro para as outras taxas praticadas no mercado financeiro.
"O brasileiro tem de começar a entender que rentabilidades nominais altas em aplicações de baixo risco é uma coisa que não devemos voltar a vivenciar nos próximos anos. Quem desejar rentabilidades mais expressivas vai ter de aceitar correr riscos maiores", afirma Maia, da GAP Asset.
Nos últimos 12 meses, o fundo DI está com ganho acumulado de 12,44%. A renda fixa, concorrente direto no segmento de aplicações que pagam juros, registrou retorno de 13,05% nesse período.
Apesar de também ser composto por títulos que pagam juros, os fundos de renda fixa carregam mais títulos prefixados (com taxas definidas na hora da aplicação). Dessa forma, a renda fixa, de um modo geral, sofre menor impacto do processo de queda da Selic. Porém, nos períodos em que a taxa sobe, como no ano passado, a categoria pode se mostrar menos rentável que o DI. As oscilações dos juros no mercado futuro também têm reflexos no retorno da categoria.
No ano, a renda fixa tem atraído os investidores, estando com captação líquida (diferença entre aplicações e saques) positiva de R$ 4,19 bilhões. Os dados são da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).


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