São Paulo, segunda-feira, 16 de março de 2009

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Juro menor faz poupança ameaçar fundo

Nesse cenário, cresce expectativa de que governo tome medidas para tornar poupança menos atrativa

DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL

O ciclo de cortes dos juros básicos da economia brasileira, que deve se alongar ao menos até o fim do ano, tem preocupado a indústria de fundos de investimento. Isso porque a poupança tem, cada vez mais, ganhado em atratividade quando comparada a outras aplicações.
Nesse cenário, o mercado já cogita que o governo tome novas medidas para diminuir a proximidade dos retornos da caderneta de poupança e de aplicações como os fundos DI e de renda fixa.
Fala-se, no governo, que, se a taxa básica de juros continuar caindo, poderá haver alguma medida para reduzir o rendimento da caderneta.
"Por enquanto, a rentabilidade está assegurada, mas é um tema a ser acompanhado", disse o senador Aloizio Mercadante (PT-SP).
A redução da remuneração aconteceria da seguinte forma: o Banco Central aplicaria um redutor (fórmula matemática) no cálculo da TR (Taxa Referencial), a taxa que faz parte da remuneração da poupança.
Uma das vantagens da poupança é que não cobra nem IR (Imposto de Renda) nem taxa de administração, como ocorre nos fundos. A taxa de administração tem um custo que oscila normalmente entre 1% e 4% ao ano.
A poupança, atualmente, rende em torno de 0,64% ao mês, já contando a TR (Taxa Referencial), de acordo com informações da Abecip (associação das entidades de poupança). Outros investimentos, como os fundos DI, rendem mais, algo em torno de 0,7% ao mês. Mas, após a dedução do Imposto de Renda e da taxa de administração, acabam tendo uma rentabilidade líquida de 0,55%, segundo Felipe Vaz, gerente de investimentos do Banco Real.
A taxa básica Selic, referência para os juros praticados no mercado, está em 11,25% anuais. Os analistas esperam que a Selic desça para próximo dos 10% (ou até menos que isso) no fim do ano. Ao cair, a Selic achata a rentabilidade dos fundos, o que poderia estimular uma migração dos investidores para a poupança.
No ano, a caderneta de poupança registra captação líquida de R$ 1,9 bilhão, segundo o BC. Os fundos de renda fixa captaram R$ 4,19 bilhões até o momento. Já os fundos DI, mais sensíveis à queda da Selic, sofrem com saques líquidos, que estão em R$ 2,06 bilhões.

Retornos
Para Vaz, do Banco Real, quem tem valores de até R$ 20 mil pode aplicá-los na poupança -com maior rentabilidade e sem cobrança de taxas. Para aqueles que contam com uma quantidade maior de recursos para aplicar, uma boa opção é o CDB (Certificado de Depósito Bancário), que, em alguns casos, tem rendimento em torno de 0,9% ao mês.
Todavia, se o investidor for sacar esse dinheiro em um prazo menor que um ano, o ganho pode cair bastante, pois há a mordida do Leão. Dependendo do período em que o cliente mantém o dinheiro aplicado -quem saca mais rápido acaba por pagar mais-, a alíquota de IR vai variar de 15% a 22,5%.
Com um desconto de 17,5%, por exemplo, o rendimento cairia para 0,63% ao mês -o que é quase o equivalente ao rendimento da poupança.
Para grandes valores aplicados, porém, os ganhos de CDBs e fundos podem ser maiores. Isso ocorre porque os bancos estimulam que seus clientes façam aplicações de grandes quantias, cobrando menores taxas de administração e pagando juros maiores.


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