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Juro menor faz poupança ameaçar fundo
Nesse cenário, cresce expectativa de que governo tome medidas para tornar poupança menos atrativa
DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL
O ciclo de cortes dos juros básicos da economia brasileira,
que deve se alongar ao menos
até o fim do ano, tem preocupado a indústria de fundos de investimento. Isso porque a poupança tem, cada vez mais, ganhado em atratividade quando
comparada a outras aplicações.
Nesse cenário, o mercado já
cogita que o governo tome novas medidas para diminuir a
proximidade dos retornos da
caderneta de poupança e de
aplicações como os fundos DI e
de renda fixa.
Fala-se, no governo, que, se a
taxa básica de juros continuar
caindo, poderá haver alguma
medida para reduzir o rendimento da caderneta.
"Por enquanto, a rentabilidade está assegurada, mas é um
tema a ser acompanhado", disse o senador Aloizio Mercadante (PT-SP).
A redução da remuneração
aconteceria da seguinte forma:
o Banco Central aplicaria um
redutor (fórmula matemática)
no cálculo da TR (Taxa Referencial), a taxa que faz parte da
remuneração da poupança.
Uma das vantagens da poupança é que não cobra nem IR
(Imposto de Renda) nem taxa
de administração, como ocorre
nos fundos. A taxa de administração tem um custo que oscila
normalmente entre 1% e 4% ao
ano.
A poupança, atualmente,
rende em torno de 0,64% ao
mês, já contando a TR (Taxa
Referencial), de acordo com informações da Abecip (associação das entidades de poupança). Outros investimentos, como os fundos DI, rendem mais,
algo em torno de 0,7% ao mês.
Mas, após a dedução do Imposto de Renda e da taxa de administração, acabam tendo uma
rentabilidade líquida de 0,55%,
segundo Felipe Vaz, gerente de
investimentos do Banco Real.
A taxa básica Selic, referência
para os juros praticados no
mercado, está em 11,25%
anuais. Os analistas esperam
que a Selic desça para próximo
dos 10% (ou até menos que isso) no fim do ano. Ao cair, a Selic achata a rentabilidade dos
fundos, o que poderia estimular uma migração dos investidores para a poupança.
No ano, a caderneta de poupança registra captação líquida
de R$ 1,9 bilhão, segundo o BC.
Os fundos de renda fixa captaram R$ 4,19 bilhões até o momento. Já os fundos DI, mais
sensíveis à queda da Selic, sofrem com saques líquidos, que
estão em R$ 2,06 bilhões.
Retornos
Para Vaz, do Banco Real,
quem tem valores de até R$ 20
mil pode aplicá-los na poupança -com maior rentabilidade e
sem cobrança de taxas. Para
aqueles que contam com uma
quantidade maior de recursos
para aplicar, uma boa opção é o
CDB (Certificado de Depósito
Bancário), que, em alguns casos, tem rendimento em torno
de 0,9% ao mês.
Todavia, se o investidor for
sacar esse dinheiro em um prazo menor que um ano, o ganho
pode cair bastante, pois há a
mordida do Leão. Dependendo
do período em que o cliente
mantém o dinheiro aplicado
-quem saca mais rápido acaba
por pagar mais-, a alíquota de
IR vai variar de 15% a 22,5%.
Com um desconto de 17,5%,
por exemplo, o rendimento cairia para 0,63% ao mês -o que é
quase o equivalente ao rendimento da poupança.
Para grandes valores aplicados, porém, os ganhos de CDBs
e fundos podem ser maiores.
Isso ocorre porque os bancos
estimulam que seus clientes façam aplicações de grandes
quantias, cobrando menores
taxas de administração e pagando juros maiores.
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