São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2004

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INVESTIMENTO

Emergentes devem receber US$ 225,6 bi neste ano, voltando aos níveis pré-crise; 48% devem ficar na região asiática

Ásia deve receber maior fluxo de capital

CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A XANGAI

O fluxo de capital para os mercados emergentes voltará neste ano aos níveis anteriores aos da crise asiática de 97 e 98, com aumento tanto no volume de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) como da quantidade de recursos destinados à compra de ações.
A previsão foi apresentada ontem a banqueiros reunidos em Xangai (China), para o encontro do IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês), que reúne as principais instituições financeiras do mundo.
Quase metade desses recursos será concentrada na região asiática, que é também a que deverá crescer mais fortemente. Apesar de aumentar sua participação no total, a América Latina receberá apenas 19% do capital destinado aos países em desenvolvimento, atrás da Europa emergente (basicamente o Leste Europeu).
O IIF estima que o fluxo líquido de capital (descontadas as saídas) para os países emergentes deverá alcançar US$ 225,6 bilhões neste ano, US$ 31,5 bilhões a mais que em 2003. Desse total, US$ 108 bilhões ficarão na região asiática.
A América Latina deverá receber US$ 43 bilhões, ante US$ 24 bilhões de 2003. Com isso, a região ficará com 19% do fluxo total, sete pontos percentuais acima do índice de 2003, mas longe do recorde de 40% obtido em 2001.
O IIF espera que os investimentos diretos no Brasil passem de US$ 9,3 bilhões para US$ 10,5 bilhões em 2004, estimulados pela expectativa de multinacionais de obter lucro com a "crescente demanda por serviços".
Do fluxo total de US$ 225,6 bilhões, US$ 113,8 bilhões devem ser destinados a investimentos diretos e US$ 33,4 bilhões à compra de ações, que podem ser vendidas a qualquer momento. Os outros US$ 78,3 bilhões são relativos a operações de crédito privadas.

Cenário positivo
O cenário do IIF para 2004 inclui ainda a "ininterrupta" recuperação da economia global e a aposta de que a maioria das economias emergentes vá "navegar por seus desafios econômicos e políticos com relativo sucesso".
"O fluxo de capital para os mercados emergentes está se movendo a níveis que não eram vistos desde antes da crise asiática de 1997 e 1998", observou William Rhodes, presidente do Citibank e primeiro vice-presidente do IIF.
Mas o cenário positivo traçado pela entidade poderá ter alterações bruscas caso mudem as equações nas quais ele se baseou. Para Rhodes, uma significativa alta na taxa de juros nos EUA (hoje em 1% ao ano) é a principal ameaça à manutenção do nível de financiamento aos emergentes.
Essa é a visão, por exemplo, do FMI (Fundo Monetário Internacional), que, anteontem, alertou para a possibilidade de efeitos adversos para os emergentes de uma alta nos juros dos EUA, tida pela instituição como "inevitável".
Roberto Setubal, presidente do Banco Itaú e vice-presidente do IIF, afirmou que o instituto espera crescimento médio de 5,8% para os países emergentes, quase um ponto percentual acima dos 4,9% registrados no ano passado.
A Ásia é a região que terá o maior índice de expansão do PIB, com 7,3%, seguida de Europa emergente (5,3%), América Latina (3,8%) e África e Oriente Médio (3,3%).


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