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INVESTIMENTO
Emergentes devem receber US$ 225,6 bi neste ano, voltando aos níveis pré-crise; 48% devem ficar na região asiática
Ásia deve receber maior fluxo de capital
CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A XANGAI
O fluxo de capital para os mercados emergentes voltará neste
ano aos níveis anteriores aos da
crise asiática de 97 e 98, com aumento tanto no volume de Investimento Direto Estrangeiro (IDE)
como da quantidade de recursos
destinados à compra de ações.
A previsão foi apresentada ontem a banqueiros reunidos em
Xangai (China), para o encontro
do IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês),
que reúne as principais instituições financeiras do mundo.
Quase metade desses recursos
será concentrada na região asiática, que é também a que deverá
crescer mais fortemente. Apesar
de aumentar sua participação no
total, a América Latina receberá
apenas 19% do capital destinado
aos países em desenvolvimento,
atrás da Europa emergente (basicamente o Leste Europeu).
O IIF estima que o fluxo líquido
de capital (descontadas as saídas)
para os países emergentes deverá
alcançar US$ 225,6 bilhões neste
ano, US$ 31,5 bilhões a mais que
em 2003. Desse total, US$ 108 bilhões ficarão na região asiática.
A América Latina deverá receber US$ 43 bilhões, ante US$ 24
bilhões de 2003. Com isso, a região ficará com 19% do fluxo total,
sete pontos percentuais acima do
índice de 2003, mas longe do recorde de 40% obtido em 2001.
O IIF espera que os investimentos diretos no Brasil passem de
US$ 9,3 bilhões para US$ 10,5 bilhões em 2004, estimulados pela
expectativa de multinacionais de
obter lucro com a "crescente demanda por serviços".
Do fluxo total de US$ 225,6 bilhões, US$ 113,8 bilhões devem ser
destinados a investimentos diretos e US$ 33,4 bilhões à compra de
ações, que podem ser vendidas a
qualquer momento. Os outros
US$ 78,3 bilhões são relativos a
operações de crédito privadas.
Cenário positivo
O cenário do IIF para 2004 inclui ainda a "ininterrupta" recuperação da economia global e a
aposta de que a maioria das economias emergentes vá "navegar
por seus desafios econômicos e
políticos com relativo sucesso".
"O fluxo de capital para os mercados emergentes está se movendo a níveis que não eram vistos
desde antes da crise asiática de
1997 e 1998", observou William
Rhodes, presidente do Citibank e
primeiro vice-presidente do IIF.
Mas o cenário positivo traçado
pela entidade poderá ter alterações bruscas caso mudem as
equações nas quais ele se baseou.
Para Rhodes, uma significativa alta na taxa de juros nos EUA (hoje
em 1% ao ano) é a principal ameaça à manutenção do nível de financiamento aos emergentes.
Essa é a visão, por exemplo, do
FMI (Fundo Monetário Internacional), que, anteontem, alertou
para a possibilidade de efeitos adversos para os emergentes de uma
alta nos juros dos EUA, tida pela
instituição como "inevitável".
Roberto Setubal, presidente do
Banco Itaú e vice-presidente do
IIF, afirmou que o instituto espera
crescimento médio de 5,8% para
os países emergentes, quase um
ponto percentual acima dos 4,9%
registrados no ano passado.
A Ásia é a região que terá o
maior índice de expansão do PIB,
com 7,3%, seguida de Europa
emergente (5,3%), América Latina (3,8%) e África e Oriente Médio (3,3%).
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