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Álcool centraliza cúpula energética
Hugo Chávez vai insistir na criação do Gasoduto do Sul, megaempreendimento que ligaria Venezuela a Argentina
Lula deve formalizar ingresso do Brasil como sócio-fundador do Banco do Sul, proposta venezuelana de alternativa ao FMI
Reuters
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Trabalhadores fixam cartaz do encontro sobre energia, em Isla Margarita (Venezuela) |
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A ISLA DE MARGARITA
Confirmada em dezembro, a
1ª Cúpula Energética da Comunidade Sul-Americana de Nações tem início hoje na Venezuela movida pelas controvérsias em torno do álcool, um tema apenas lateral na época.
Quatro meses depois, a recente aproximação do Brasil e
dos EUA para o desenvolvimento desse combustível, seguida das críticas do anfitrião,
Hugo Chávez, levaram o assunto para o centro do encontro.
O álcool se transformou numa espécie de guerra fria entre
os governos Lula e Chávez, que
evitam ataques diretos, mas
têm deixado claro divergências
quanto ao uso do combustível.
Na semana passada, Chávez
afirmou que "já derrotamos a
Alca, agora derrotemos o álcool", mas ressalvou que "nunca brigaremos com Lula. Nosso
inimigo é o império norte-americano". Na cúpula, deve defender que o gás natural, e não o álcool, é o melhor substituto para
a gasolina.
"A mesma quantidade de álcool que o presidente dos EUA
quer para substituir a gasolina,
a Venezuela está em condições
de produzir em gás", afirmou
Chávez, na semana passada.
Para a cúpula, o presidente
venezuelano voltará a propor a
integração baseada no gás natural, insistindo na criação do
chamado Gasoduto do Sul, um
megaempreendimento que ligaria a Venezuela à Argentina.
Ontem, durante o "Alô, Presidente", Chávez defendeu ainda a criação de uma rede de pólos petroquímicos pela região.
O ministro de Energia e Petróleo da Venezuela, Rafael Ramírez, procurou minimizar a
discussão em torno do álcool,
afirmando ontem que "será
apenas um dos temas". Segundo ele, serão discutidos ainda a
criação da Opegasur (Organização dos Países Exportadores de
Gás da América do Sul), o Gasoduto do Sul, o Banco do Sul e
outros temas de integração
energética regional.
Já o Brasil está preparado para defender e vender o álcool. A
ofensiva começou na sexta-feira, quando o assessor internacional de Lula, Marco Aurélio
Garcia, publicou em dez países
latino-americanos, entre os
quais a Venezuela e a Argentina, um artigo defendendo o
combustível de críticas de "Fidel Castro e outros presidentes
amigos" e enumerando as supostas vantagens.
Segundo a Folha apurou, as
divergências fizeram com que
o documento preliminar, elaborado por representantes técnicos dos 12 países da Casa
(Comunidade Sul-Americana
de Nações), tivesse teor vago.
O texto ainda deverá ser modificado pelos chanceleres (hoje) e na reunião final entre os
presidentes (amanhã).
A pedido da Argentina, o documento deve incluir menção
às ilhas Malvinas. O arquipélago, de domínio britânico, é reclamado por Buenos Aires e
provocou guerra entre os dois
países, encerrada há 25 anos.
Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve chegar hoje de
manhã à Venezuela. Antes de ir
à Isla de Margarita, a comitiva
descerá em Barcelona (300 km
de Caracas), onde encontra
Chávez. Ali será assinado um
documento para a criação de
uma joint venture entre a Braskem, do grupo Odebrecht, e a
estatal venezuelana Pequiven.
O acordo dará início aos estudos para a criação de um pólo
petroquímico, com investimentos previstos de US$ 4 bilhões a US$ 4,5 bilhões.
Em Isla de Margarita, Lula
deve formalizar o ingresso do
Brasil como sócio-fundador do
Banco do Sul, uma proposta de
Chávez para servir de alternativa regional ao FMI. Também
participam do projeto Argentina, Bolívia, Paraguai e Equador.
Lula deve voltar ao Brasil
amanhã, após o encerramento.
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