São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2008

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IBGE vê acomodação das vendas do varejo

Setor recua 1,5% em fevereiro contra janeiro, com gastos maiores com alimentos e educação e fim das promoções

Já na comparação com fevereiro do ano passado, vendas do comércio crescem 12%; no acumulado de 12 meses, alta chega a 10%

DENISE MENCHEN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

Após três meses de alta, o comércio varejista registrou em fevereiro queda de 1,5% no volume de vendas e de 1,4% na receita nominal em relação ao mês anterior, descontadas as influências sazonais. Já na comparação com fevereiro de 2007, as vendas cresceram 12,2% -o melhor resultado para esse mês desde o início da série histórica, em 2001. No acumulado dos últimos 12 meses, a alta é de 10,2%; no ano, de 12%.
O gerente da Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE, Reinaldo Pereira, disse que o resultado é uma acomodação após as significativas expansões no volume de vendas e na receita em janeiro, que foram revisadas para 2,2% e 2,6%, respectivamente. "Não dá para falar em inversão de tendência", disse.
Na comparação com fevereiro de 2007, todos os oito segmentos pesquisados registraram crescimento. "A expansão da renda, o aumento da oferta de crédito, a ampliação de prazos de pagamento e a valorização do câmbio ao longo do ano explicam esse resultado."
Na comparação com janeiro de 2008, no entanto, houve queda em três grupos: Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios (-3,9%); tecidos, vestuário e calçados (-4,0%); e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-2,8%). No lado positivo, a maior alta foi do grupo equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (12,4%).
Segundo analistas, os setores que tiveram desempenho negativo foram impactados pela desaceleração da massa salarial, pelo fim das promoções de queima de estoque de início de ano, pela alta dos preços dos alimentos e pelas despesas com educação, que diminuem a renda disponível para o consumo.
"Os setores que dependem mais do crédito continuaram razoavelmente bem", avalia o chefe do Departamento de Economia da Confederação Nacional do Comércio, Carlos Thadeu de Freitas.
Ele diz acreditar, porém, que o desempenho do varejo em 2008 ficará aquém do de 2007, quando cresceu 9,6%. "O ano passado foi o ápice. Este ano vai ser mais devagar."
Na segunda, a Folha publicou reportagem com estudo da LCA Consultores segundo o qual a economia se desacelerou no primeiro trimestre.
Para Freitas, a desaceleração no varejo neste ano pode ser reforçada pela a perspectiva de aumento da taxa básica de juros, que pode ser elevada pelo Banco Central já na reunião de hoje. "O crédito foi o grande alavancador do comércio em 2007, e agora haverá uma desaceleração via crédito", avalia. A alta já verificada nos juros futuros seria um indicativo de que a disponibilidade de crédito deve ser menor neste ano.
Outro fator de risco é a inflação, que, na avaliação do IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo), pode reduzir o poder de compra da população e afetar os segmentos do varejo mais dependentes do rendimento real da população.
"Nos próximos meses, será possível averiguar se o mês de fevereiro foi apenas um ponto fora da curva ou se, sob a influência de uma maior inflação, os segmentos do varejo mais relacionados ao rendimento real da população realmente mudaram a direção de seu desempenho", afirmou o diretor-executivo do IDV, Emerson Kapaz, em boletim divulgado pelo instituto.


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