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IBGE vê acomodação das vendas do varejo
Setor recua 1,5% em fevereiro contra janeiro, com gastos maiores com alimentos e educação e fim das promoções
Já na comparação com fevereiro do ano passado, vendas do comércio crescem 12%; no acumulado de 12 meses, alta chega a 10%
DENISE MENCHEN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
Após três meses de alta, o comércio varejista registrou em
fevereiro queda de 1,5% no volume de vendas e de 1,4% na receita nominal em relação ao
mês anterior, descontadas as
influências sazonais. Já na
comparação com fevereiro de
2007, as vendas cresceram
12,2% -o melhor resultado para esse mês desde o início da série histórica, em 2001. No acumulado dos últimos 12 meses, a
alta é de 10,2%; no ano, de 12%.
O gerente da Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE, Reinaldo Pereira, disse que o resultado é uma acomodação após as
significativas expansões no volume de vendas e na receita em
janeiro, que foram revisadas
para 2,2% e 2,6%, respectivamente. "Não dá para falar em
inversão de tendência", disse.
Na comparação com fevereiro de 2007, todos os oito segmentos pesquisados registraram crescimento. "A expansão
da renda, o aumento da oferta
de crédito, a ampliação de prazos de pagamento e a valorização do câmbio ao longo do ano
explicam esse resultado."
Na comparação com janeiro
de 2008, no entanto, houve
queda em três grupos: Hipermercados, supermercados,
produtos alimentícios (-3,9%);
tecidos, vestuário e calçados
(-4,0%); e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de
perfumaria e cosméticos
(-2,8%). No lado positivo, a
maior alta foi do grupo equipamentos e material para escritório, informática e comunicação
(12,4%).
Segundo analistas, os setores
que tiveram desempenho negativo foram impactados pela desaceleração da massa salarial,
pelo fim das promoções de
queima de estoque de início de
ano, pela alta dos preços dos
alimentos e pelas despesas com
educação, que diminuem a renda disponível para o consumo.
"Os setores que dependem
mais do crédito continuaram
razoavelmente bem", avalia o
chefe do Departamento de
Economia da Confederação
Nacional do Comércio, Carlos
Thadeu de Freitas.
Ele diz acreditar, porém, que
o desempenho do varejo em
2008 ficará aquém do de 2007,
quando cresceu 9,6%. "O ano
passado foi o ápice. Este ano vai
ser mais devagar."
Na segunda, a Folha publicou reportagem com estudo da
LCA Consultores segundo o
qual a economia se desacelerou
no primeiro trimestre.
Para Freitas, a desaceleração
no varejo neste ano pode ser
reforçada pela a perspectiva de
aumento da taxa básica de juros, que pode ser elevada pelo
Banco Central já na reunião de
hoje. "O crédito foi o grande
alavancador do comércio em
2007, e agora haverá uma desaceleração via crédito", avalia. A
alta já verificada nos juros futuros seria um indicativo de
que a disponibilidade de crédito deve ser menor neste ano.
Outro fator de risco é a inflação, que, na avaliação do IDV
(Instituto para o Desenvolvimento do Varejo), pode reduzir
o poder de compra da população e afetar os segmentos do
varejo mais dependentes do
rendimento real da população.
"Nos próximos meses, será
possível averiguar se o mês de
fevereiro foi apenas um ponto
fora da curva ou se, sob a influência de uma maior inflação,
os segmentos do varejo mais
relacionados ao rendimento
real da população realmente
mudaram a direção de seu desempenho", afirmou o diretor-executivo do IDV, Emerson
Kapaz, em boletim divulgado
pelo instituto.
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