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Juro é melhor que restringir crédito, afirma GM
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Às vésperas da reunião do
Copom, o presidente da General Motors para o Brasil e Mercosul, Jaime Ardila, aposta que
a taxa básica de juros irá subir.
Para o setor que ele representa,
porém, a medida impactaria
menos do que uma eventual
restrição ao crédito. Leia a seguir trechos da entrevista que o
presidente da GM concedeu à
Folha nesta segunda-feira, em
Joinville (SC).
FOLHA - Como o senhor vê a pressão do Banco Central no sentido de
aumentar os juros?
JAIME ARDILA - Creio que a taxa
de juros irá subir, o que dá um
sinal importante para a economia. Mas as pressões inflacionárias que vemos hoje advêm
da alta nos preços dos alimentos. E você não controla inflação de alimentos com taxa de
juros.
FOLHA - E qual seria o impacto de
um aumento nos juros para o setor
automotivo especificamente?
ARDILA - Veja, 70% de nossas
vendas são financiadas, ou seja,
é claro que existe um impacto.
Mas, digamos, um aumento de
0,25 ponto percentual em um
parcelamento de cinco anos,
por exemplo, não impactaria
tão fortemente. O que você vai
pagar a mais todos os meses será algo em torno de R$ 20, não
R$ 200.
FOLHA - Então, para o senhor, é
preferível que o governo mexa no
juros antes de propor uma restrição
ao crédito?
ARDILA - Sem dúvida. [A alta no
juro] é um instrumento de política econômica muito mais
apropriado do que a restrição
do crédito no momento.
FOLHA - O governo cogitou restringir o financiamento de automóveis.
É uma questão que preocupa?
ARDILA - Falamos com o ministro Guido Mantega. Explicamos a ele que os financiamentos de muito longo prazo, como
80 meses, são raros. Funcionam para atrair o cliente. O
mais comum são 36 meses. Mas
acho que 60 meses deveria ser o
máximo. Mais que cinco anos, o
risco fica alto, em razão do valor que o veículo passa a ter.
O jornalista PAULO DE ARAUJO viajou
a Joinville a convite da GM
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