São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2008

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Juro é melhor que restringir crédito, afirma GM

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Às vésperas da reunião do Copom, o presidente da General Motors para o Brasil e Mercosul, Jaime Ardila, aposta que a taxa básica de juros irá subir. Para o setor que ele representa, porém, a medida impactaria menos do que uma eventual restrição ao crédito. Leia a seguir trechos da entrevista que o presidente da GM concedeu à Folha nesta segunda-feira, em Joinville (SC).

 

FOLHA - Como o senhor vê a pressão do Banco Central no sentido de aumentar os juros?
JAIME ARDILA
- Creio que a taxa de juros irá subir, o que dá um sinal importante para a economia. Mas as pressões inflacionárias que vemos hoje advêm da alta nos preços dos alimentos. E você não controla inflação de alimentos com taxa de juros.

FOLHA - E qual seria o impacto de um aumento nos juros para o setor automotivo especificamente?
ARDILA
- Veja, 70% de nossas vendas são financiadas, ou seja, é claro que existe um impacto. Mas, digamos, um aumento de 0,25 ponto percentual em um parcelamento de cinco anos, por exemplo, não impactaria tão fortemente. O que você vai pagar a mais todos os meses será algo em torno de R$ 20, não R$ 200.

FOLHA - Então, para o senhor, é preferível que o governo mexa no juros antes de propor uma restrição ao crédito?
ARDILA
- Sem dúvida. [A alta no juro] é um instrumento de política econômica muito mais apropriado do que a restrição do crédito no momento.

FOLHA - O governo cogitou restringir o financiamento de automóveis. É uma questão que preocupa?
ARDILA
- Falamos com o ministro Guido Mantega. Explicamos a ele que os financiamentos de muito longo prazo, como 80 meses, são raros. Funcionam para atrair o cliente. O mais comum são 36 meses. Mas acho que 60 meses deveria ser o máximo. Mais que cinco anos, o risco fica alto, em razão do valor que o veículo passa a ter.


O jornalista PAULO DE ARAUJO viajou a Joinville a convite da GM


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