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Emprego formal tem 2º mês de expansão
Março registra saldo de 35 mil vagas abertas com carteira assinada no país; resultado é o pior para o mês desde 2003
Resultado é puxado pelo setor da construção civil, e governo fala que março é "mês da virada'; indústria extingue 35 mil postos
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Puxada pela construção civil,
a geração de postos de trabalho
com carteira assinada teve o segundo mês seguido de crescimento em março, segundo o
Ministério do Trabalho. O total
de vagas criadas -diferença entre todos os que foram contratados e os que foram demitidos
no período- foi de 34.818 empregos, superando as 9.179 vagas abertas em fevereiro.
O resultado, porém, não foi
suficiente para impedir que o
saldo do trimestre ficasse negativo. Nos primeiros três meses
de 2009, o saldo das demissões
e contratações ficou negativo
em 57.751 postos. O saldo de
março também é o pior para o
mês desde 2003.
Os números mostram que a
geração de empregos tem sido
impulsionada pela construção
civil, setor que recebeu incentivos federais para estimular a
construção de 1 milhão de casas, e por imobiliárias, segmentos que, juntos, responderam
pela criação de 33.079 vagas no
mês passado. Em tese, empresas desse setor foram menos
afetadas pela falta de crédito
causada pela crise, já que boa
parte de seus financiamentos é
feita com recursos da caderneta de poupança e do FGTS.
Por outro lado, a indústria
continua sendo a área com o
pior desempenho na criação de
postos de trabalho formal. Em
março, foram eliminadas
35.775 vagas nesse setor, levando o saldo negativo acumulado
no trimestre a 147.361.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, considerou positivos
os dados de março, que classificou como o "mês da virada" no
mercado de trabalho. "Não é
um número tão expressivo
quanto gostaríamos, mas é um
sinal inequívoco de uma curva
ascendente para o emprego."
Ao divulgar os números do
emprego em fevereiro, Lupi
chegou a prever a criação de
100 mil vagas em março. Ontem, minimizou o erro na projeção. "Às vezes, na nossa avaliação positiva, a gente exagera.
Mas eu exagero menos no otimismo do que grandes articulistas econômicos no pessimismo", afirma, numa crítica a estimativas do mercado financeiro para o nível de atividade e o
emprego no país.
Sem falar em números, o ministro disse que o resultado de
abril deve ser melhor do que
em março e deve ser influenciado pela indústria, que, segundo
Lupi, está se recuperando da
queda dos últimos meses.
O economista Júlio Gomes
de Almeida, ex-secretário de
Política Econômica do Ministério da Fazenda, concorda com a
expectativa de que o pior da crise já pode ter passado para a indústria, mas ressalta que o impacto sobre o mercado de trabalho ainda deve demorar para
ser visto. "A indústria parou de
cair, então o emprego também
deve parar de cair. Mas ainda
deve demorar um pouco mais
para, de fato, reagir."
Segundo o economista Otto
Nogami, do Ibmec São Paulo, o
que se conclui a partir dos dados do emprego é que as empresas começam a se ajustar a
uma nova realidade, em que o
crescimento da economia volta
a se acelerar, ainda que num ritmo mais lento do que o observado até 2008. "Depois do ajuste dos últimos meses, a atividade produtiva está encontrando
seu funcionamento normal."
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