São Paulo, quinta-feira, 16 de abril de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Emprego formal tem 2º mês de expansão

Março registra saldo de 35 mil vagas abertas com carteira assinada no país; resultado é o pior para o mês desde 2003

Resultado é puxado pelo setor da construção civil, e governo fala que março é "mês da virada'; indústria extingue 35 mil postos


NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Puxada pela construção civil, a geração de postos de trabalho com carteira assinada teve o segundo mês seguido de crescimento em março, segundo o Ministério do Trabalho. O total de vagas criadas -diferença entre todos os que foram contratados e os que foram demitidos no período- foi de 34.818 empregos, superando as 9.179 vagas abertas em fevereiro.
O resultado, porém, não foi suficiente para impedir que o saldo do trimestre ficasse negativo. Nos primeiros três meses de 2009, o saldo das demissões e contratações ficou negativo em 57.751 postos. O saldo de março também é o pior para o mês desde 2003.
Os números mostram que a geração de empregos tem sido impulsionada pela construção civil, setor que recebeu incentivos federais para estimular a construção de 1 milhão de casas, e por imobiliárias, segmentos que, juntos, responderam pela criação de 33.079 vagas no mês passado. Em tese, empresas desse setor foram menos afetadas pela falta de crédito causada pela crise, já que boa parte de seus financiamentos é feita com recursos da caderneta de poupança e do FGTS.
Por outro lado, a indústria continua sendo a área com o pior desempenho na criação de postos de trabalho formal. Em março, foram eliminadas 35.775 vagas nesse setor, levando o saldo negativo acumulado no trimestre a 147.361.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, considerou positivos os dados de março, que classificou como o "mês da virada" no mercado de trabalho. "Não é um número tão expressivo quanto gostaríamos, mas é um sinal inequívoco de uma curva ascendente para o emprego."
Ao divulgar os números do emprego em fevereiro, Lupi chegou a prever a criação de 100 mil vagas em março. Ontem, minimizou o erro na projeção. "Às vezes, na nossa avaliação positiva, a gente exagera. Mas eu exagero menos no otimismo do que grandes articulistas econômicos no pessimismo", afirma, numa crítica a estimativas do mercado financeiro para o nível de atividade e o emprego no país.
Sem falar em números, o ministro disse que o resultado de abril deve ser melhor do que em março e deve ser influenciado pela indústria, que, segundo Lupi, está se recuperando da queda dos últimos meses.
O economista Júlio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, concorda com a expectativa de que o pior da crise já pode ter passado para a indústria, mas ressalta que o impacto sobre o mercado de trabalho ainda deve demorar para ser visto. "A indústria parou de cair, então o emprego também deve parar de cair. Mas ainda deve demorar um pouco mais para, de fato, reagir."
Segundo o economista Otto Nogami, do Ibmec São Paulo, o que se conclui a partir dos dados do emprego é que as empresas começam a se ajustar a uma nova realidade, em que o crescimento da economia volta a se acelerar, ainda que num ritmo mais lento do que o observado até 2008. "Depois do ajuste dos últimos meses, a atividade produtiva está encontrando seu funcionamento normal."


Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: O emprego e a virada do ministro
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.