São Paulo, quinta-feira, 16 de abril de 2009

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Argentina amplia ação protecionista

País impõe entraves à importação de 60 grupos de produtos; Brasil é afetado

Artigos de vestuário, freezers, aquecedores e fósforos, entre outros, representam 21% das exportações brasileiras para o vizinho em 2008


THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES

Em meio a negociações com o Brasil para regular o comércio bilateral, a Argentina impôs entraves ontem à importação de 60 grupos de produtos, como artigos de vestuário, freezers e instrumentos musicais.
Com as medidas, que valem para todos os países, a Argentina amplia o regime de licenças não-automáticas de importação, pelo qual o governo administra os volumes que entram no país. A demora na liberação dessas licenças é a principal queixa de empresários brasileiros que vendem à Argentina.
Os 60 grupos de produtos incluídos ontem no regime, ao lado de outros não submetidos a licenças, representaram 21% das exportações brasileiras à Argentina em 2008, com US$ 3,7 bilhões. A maior parte (50) são artigos de vestuário. Completam a lista dois tipos de freezer, coifas, aquecedores, ferros elétricos, isqueiros, fósforos, instrumentos musicais de cordas, vassouras e toca-fitas.
Procurados, o Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento não quiseram se pronunciar sobre o assunto.
O governo Cristina Kirchner já havia incluído outros 60 grupos de produtos nesse regime em março -alguns estão entre os principais da pauta de exportações brasileiras à Argentina, como tratores (US$ 213 milhões em 2008, 1,2% do total) e ceifeiras (US$ 117 milhões, 0,67%). A crise global derrubou o comércio entre os vizinhos -a queda chegou a 45% em fevereiro- e desencadeou medidas de defesa comercial de ambos os lados, como licenças de importação, preços mínimos e investigações antidumping.
O curto-circuito na relação, tensionada por acusações mútuas de protecionismo, levou os governos a promoverem acordos privados entre os setores mais afetados por aumento de importações ou medidas protecionistas. As saídas seriam autolimitações como cotas de exportação e acordos de preços. Após duas reuniões, ainda não houve anúncio de acordos.
A Argentina também publicou ontem acordo de preços com a brasileira Paramount, maior exportadora de fios têxteis ao país vizinho. A Paramount foi acusada de concorrência predatória e é investigada na Argentina desde março de 2008 por suposta prática de dumping (venda a preços inferiores ao custo). Com o acordo, eleva seus preços mínimos de exportação, eliminando efeitos do eventual dumping. A apuração, contudo, continua.


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