|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Argentina amplia ação protecionista
País impõe entraves à importação de 60 grupos de produtos; Brasil é afetado
Artigos de vestuário, freezers, aquecedores e fósforos, entre outros, representam 21%
das exportações brasileiras
para o vizinho em 2008
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
Em meio a negociações com
o Brasil para regular o comércio bilateral, a Argentina impôs
entraves ontem à importação
de 60 grupos de produtos, como artigos de vestuário, freezers e instrumentos musicais.
Com as medidas, que valem
para todos os países, a Argentina amplia o regime de licenças
não-automáticas de importação, pelo qual o governo administra os volumes que entram
no país. A demora na liberação
dessas licenças é a principal
queixa de empresários brasileiros que vendem à Argentina.
Os 60 grupos de produtos incluídos ontem no regime, ao lado de outros não submetidos a
licenças, representaram 21%
das exportações brasileiras à
Argentina em 2008, com US$
3,7 bilhões. A maior parte (50)
são artigos de vestuário. Completam a lista dois tipos de freezer, coifas, aquecedores, ferros
elétricos, isqueiros, fósforos,
instrumentos musicais de cordas, vassouras e toca-fitas.
Procurados, o Itamaraty e o
Ministério do Desenvolvimento não quiseram se pronunciar
sobre o assunto.
O governo Cristina Kirchner
já havia incluído outros 60 grupos de produtos nesse regime
em março -alguns estão entre
os principais da pauta de exportações brasileiras à Argentina,
como tratores (US$ 213 milhões em 2008, 1,2% do total) e
ceifeiras (US$ 117 milhões,
0,67%). A crise global derrubou
o comércio entre os vizinhos
-a queda chegou a 45% em fevereiro- e desencadeou medidas de defesa comercial de ambos os lados, como licenças de
importação, preços mínimos e
investigações antidumping.
O curto-circuito na relação,
tensionada por acusações mútuas de protecionismo, levou os
governos a promoverem acordos privados entre os setores
mais afetados por aumento de
importações ou medidas protecionistas. As saídas seriam autolimitações como cotas de exportação e acordos de preços.
Após duas reuniões, ainda não
houve anúncio de acordos.
A Argentina também publicou ontem acordo de preços
com a brasileira Paramount,
maior exportadora de fios têxteis ao país vizinho. A Paramount foi acusada de concorrência predatória e é investigada na Argentina desde março
de 2008 por suposta prática de
dumping (venda a preços inferiores ao custo). Com o acordo,
eleva seus preços mínimos de
exportação, eliminando efeitos
do eventual dumping. A apuração, contudo, continua.
Texto Anterior: Vaivém das commodities Próximo Texto: Câmbio chinês: EUA deixam de criticar política de desvalorização do yuan Índice
|