São Paulo, quinta-feira, 16 de abril de 2009

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Produção atinge nível mais baixo nos EUA

Uso da capacidade instalada fica em 70% em março, pior índice em 42 anos; taxa de inflação também sofre recuo histórico

Apesar dos dados ruins, Fed diz que crise se desacelera em vários Estados; "testes de estresse" de bancos em dificuldade serão divulgados


FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

A indústria norte-americana fechou março com o mais baixo nível de utilização de sua capacidade instalada em 42 anos. Março também marcou o primeiro recuo da inflação nos EUA para um período de 12 meses desde agosto de 1955. O CPI (Consumer Price Index) caiu 0,4% no período.
Mesmo assim, o Fed (o banco central dos EUA) declarou ontem que já há sinais de desaceleração no ritmo de piora de indicadores em vários Estados.
No chamado livro bege, que reúne informações de 12 Feds regionais, cinco deles apontaram uma diminuição no ritmo da deterioração da economia, incluindo os das áreas de São Francisco (Califórnia) e Nova York (NY).
Mas, de acordo com o Fed, a atual estabilização em algumas regiões norte-americanas ocorre sob "um nível muito baixo de atividade".
O Fed também registrou que não há nenhuma pressão sobre os preços nos EUA, seja no atacado, seja no varejo. Isso garante a manutenção da taxa básica de juros no país próxima de zero e da política de expansão fiscal (o Fed já injetou cerca de US$ 2 trilhões na economia) sem grandes riscos de inflação.
Grande parte da pressão de baixa na inflação veio do preço da gasolina. Hoje, o barril do petróleo encontra-se ao redor de US$ 50, ante US$ 145 no ano passado. Além da gasolina, houve queda em quase todos os outros produtos pesquisados, como carros, computadores, alimentos e em serviços de transporte e hotelaria.
A previsão do Fed é que a inflação continue muito baixa ao longo de 2009, sem pressões de demanda por conta do aumento do desemprego e da taxa de poupança entre os norte-americanos, que estão procurando saldar dívidas e consumir menos. Sobre fevereiro, a queda nos preços foi de 0,1%, puxada por uma redução de 3% nos itens relacionados a energia.
Apesar do certo otimismo do Fed com a diminuição na velocidade da deterioração econômica, as indústrias norte-americanas fecharam março utilizando somente 69,3% de sua capacidade instalada, um recorde para o período do pós Segunda Guerra.
A expectativa é que o índice piore ainda mais nos próximos meses, até se estabilizar e, eventualmente, voltar a subir ao longo de 2010.
"Uma redução no ritmo de piora dos indicadores não significa que estamos entrando em uma rota de recuperação. Isso ainda pode levar muitos meses ou anos", afirmou o economista Dan Greenhaus, da Miller Tabak & Company, em nota distribuída ontem após a divulgação do livro bege.

"Testes de estresse"
A Casa Branca anunciou ontem que vai divulgar publicamente os resultados dos chamados "testes de estresse" a que os bancos norte-americanos estão sendo submetidos por funcionários do Departamento do Tesouro.
Os primeiros anúncios deverão ser feitos em maio. A ideia é que os bancos ainda com problemas possam ser socorridos mais uma vez antes da divulgação dos resultados, evitando especulações no mercado que possam agravar ainda mais o quadro de fragilidade do sistema financeiro no país.
"Nossa expectativa é que os bancos que não estejam tão saudáveis primeiramente procurem ajuda junto ao governo de forma confidencial", afirmou o porta-voz da Casa Branca Robert Gibbs, sobre como se dará nova ajuda a instituições em dificuldade.


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