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Produção atinge nível mais baixo nos EUA
Uso da capacidade instalada fica em 70% em março, pior índice em 42 anos; taxa de inflação também sofre recuo histórico
Apesar dos dados ruins, Fed diz que crise se desacelera em vários Estados; "testes de estresse" de bancos em dificuldade serão divulgados
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
A indústria norte-americana
fechou março com o mais baixo
nível de utilização de sua capacidade instalada em 42 anos.
Março também marcou o primeiro recuo da inflação nos
EUA para um período de 12
meses desde agosto de 1955. O
CPI (Consumer Price Index)
caiu 0,4% no período.
Mesmo assim, o Fed (o banco
central dos EUA) declarou ontem que já há sinais de desaceleração no ritmo de piora de indicadores em vários Estados.
No chamado livro bege, que
reúne informações de 12 Feds
regionais, cinco deles apontaram uma diminuição no ritmo
da deterioração da economia,
incluindo os das áreas de São
Francisco (Califórnia) e Nova
York (NY).
Mas, de acordo com o Fed, a
atual estabilização em algumas
regiões norte-americanas
ocorre sob "um nível muito baixo de atividade".
O Fed também registrou que
não há nenhuma pressão sobre
os preços nos EUA, seja no atacado, seja no varejo. Isso garante a manutenção da taxa básica
de juros no país próxima de zero e da política de expansão fiscal (o Fed já injetou cerca de
US$ 2 trilhões na economia)
sem grandes riscos de inflação.
Grande parte da pressão de
baixa na inflação veio do preço
da gasolina. Hoje, o barril do
petróleo encontra-se ao redor
de US$ 50, ante US$ 145 no ano
passado. Além da gasolina,
houve queda em quase todos os
outros produtos pesquisados,
como carros, computadores,
alimentos e em serviços de
transporte e hotelaria.
A previsão do Fed é que a inflação continue muito baixa ao
longo de 2009, sem pressões de
demanda por conta do aumento do desemprego e da taxa de
poupança entre os norte-americanos, que estão procurando
saldar dívidas e consumir menos. Sobre fevereiro, a queda
nos preços foi de 0,1%, puxada
por uma redução de 3% nos
itens relacionados a energia.
Apesar do certo otimismo do
Fed com a diminuição na velocidade da deterioração econômica, as indústrias norte-americanas fecharam março utilizando somente 69,3% de sua
capacidade instalada, um recorde para o período do pós Segunda Guerra.
A expectativa é que o índice
piore ainda mais nos próximos
meses, até se estabilizar e,
eventualmente, voltar a subir
ao longo de 2010.
"Uma redução no ritmo de
piora dos indicadores não significa que estamos entrando
em uma rota de recuperação.
Isso ainda pode levar muitos
meses ou anos", afirmou o economista Dan Greenhaus, da
Miller Tabak & Company, em
nota distribuída ontem após a
divulgação do livro bege.
"Testes de estresse"
A Casa Branca anunciou ontem que vai divulgar publicamente os resultados dos chamados "testes de estresse" a
que os bancos norte-americanos estão sendo submetidos
por funcionários do Departamento do Tesouro.
Os primeiros anúncios deverão ser feitos em maio. A ideia é
que os bancos ainda com problemas possam ser socorridos
mais uma vez antes da divulgação dos resultados, evitando especulações no mercado que
possam agravar ainda mais o
quadro de fragilidade do sistema financeiro no país.
"Nossa expectativa é que os
bancos que não estejam tão
saudáveis primeiramente procurem ajuda junto ao governo
de forma confidencial", afirmou o porta-voz da Casa Branca Robert Gibbs, sobre como se
dará nova ajuda a instituições
em dificuldade.
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