São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 2002

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CÂMBIO

Dólar se manteve estável ontem mesmo com subida de Lula nas pesquisas eleitorais; ajuste fiscal também traz calma

Mercado realiza os lucros da especulação

ÉRICA FRAGA
ISABEL CAMPOS

DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado de câmbio, ontem, surpreendeu. Apesar da divulgação de duas pesquisas eleitorais indicando o avanço do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas intenções de voto e o recuo do candidato do governo José Serra (PSDB), o dólar se manteve praticamente estável, fechando cotado a R$ 2,506 contra R$ 2,509 na véspera.
A especulação de instituições financeiras que, há uma semana, já apostavam que Lula avançaria nas pesquisas é uma das principais razões para a tranqüilidade do mercado ontem. Segundo analistas, o mercado se antecipou à divulgação das pesquisas. Com a confirmação das expectativas, aqueles que haviam comprado dólar partiram para a venda. Isso acabou levando a um equilíbrio entre a oferta e a demanda da moeda norte-americana, que vinha sendo alvo de muita procura nos últimos 15 dias.
Segundo o operador de câmbio de um importante banco, as instituições que haviam comprado muitos dólares aproveitaram para realizar lucros.
Outra razão apontada por analistas é que o recuo de Serra foi pequeno. O mercado temia que o candidato do governo poderia ser mais prejudicado pelas recentes denúncias de pedido de propina na privatização da Vale do Rio Doce, envolvendo Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-tesoureiro de campanha de Serra. "As pesquisas mostraram que o Serra não está sepultado", diz Alan Gandelman, sócio da Ágora Corretora.
O ajuste fiscal divulgado anteontem pelo governo e o anúncio de que o PFL deverá votar a medida que prorroga a cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) também agradaram ao mercado. Isso reduz o temor de que o governo terá problemas para pagar suas contas.
Daqui para a frente, a expectativa é que o mercado terá dias mais calmos até o fim de junho, quando as atenções deverão estar mais voltadas para a Copa do Mundo. Mas isso não significa que o mercado deixará as preocupações com a eleição totalmente de lado. Segundo o diretor de uma importante corretora, se for mantida a tendência de redução da rejeição dos eleitores ao candidato petista, o mercado pode voltar a viver dias de estresse.
De todo o jeito, não existe a expectativa de queda forte nas cotações do dólar daqui para a frente. "Um dólar a R$ 2,30 não é compatível com a grande dependência de recursos externos que o Brasil tem" diz Fernando Ferreira, da consultoria GlobalInvest.



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