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CÂMBIO
Dólar se manteve estável ontem mesmo com subida de Lula nas pesquisas eleitorais; ajuste fiscal também traz calma
Mercado realiza os lucros da especulação
ÉRICA FRAGA
ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado de câmbio, ontem,
surpreendeu. Apesar da divulgação de duas pesquisas eleitorais
indicando o avanço do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) nas intenções de voto e o recuo do candidato do governo José
Serra (PSDB), o dólar se manteve
praticamente estável, fechando
cotado a R$ 2,506 contra R$ 2,509
na véspera.
A especulação de instituições financeiras que, há uma semana, já
apostavam que Lula avançaria
nas pesquisas é uma das principais razões para a tranqüilidade
do mercado ontem. Segundo analistas, o mercado se antecipou à
divulgação das pesquisas. Com a
confirmação das expectativas,
aqueles que haviam comprado
dólar partiram para a venda. Isso
acabou levando a um equilíbrio
entre a oferta e a demanda da
moeda norte-americana, que vinha sendo alvo de muita procura
nos últimos 15 dias.
Segundo o operador de câmbio
de um importante banco, as instituições que haviam comprado
muitos dólares aproveitaram para
realizar lucros.
Outra razão apontada por analistas é que o recuo de Serra foi pequeno. O mercado temia que o
candidato do governo poderia ser
mais prejudicado pelas recentes
denúncias de pedido de propina
na privatização da Vale do Rio
Doce, envolvendo Ricardo Sérgio
de Oliveira, ex-tesoureiro de campanha de Serra. "As pesquisas
mostraram que o Serra não está
sepultado", diz Alan Gandelman,
sócio da Ágora Corretora.
O ajuste fiscal divulgado anteontem pelo governo e o anúncio
de que o PFL deverá votar a medida que prorroga a cobrança da
CPMF (Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira)
também agradaram ao mercado.
Isso reduz o temor de que o governo terá problemas para pagar
suas contas.
Daqui para a frente, a expectativa é que o mercado terá dias mais
calmos até o fim de junho, quando as atenções deverão estar mais
voltadas para a Copa do Mundo.
Mas isso não significa que o mercado deixará as preocupações
com a eleição totalmente de lado.
Segundo o diretor de uma importante corretora, se for mantida a
tendência de redução da rejeição
dos eleitores ao candidato petista,
o mercado pode voltar a viver dias
de estresse.
De todo o jeito, não existe a expectativa de queda forte nas cotações do dólar daqui para a frente.
"Um dólar a R$ 2,30 não é compatível com a grande dependência
de recursos externos que o Brasil
tem" diz Fernando Ferreira, da
consultoria GlobalInvest.
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