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Wolfowitz "implora" para ficar à frente do Bird
Presidente do organismo fez apelo a comitê da entidade
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
No primeiro sinal público de
que a batalha pela permanência
de Paul Wolfowitz à frente do
banco Mundial (Bird) talvez tenha mais perdas do que ganhos
políticos, George W. Bush recuou no apoio dado ao ex-membro de seu gabinete, apontado pelo presidente americano para o cargo atual. "O fato é
que ele cometeu erros", disse
ontem o porta-voz da Casa
Branca, Tony Snow.
A declaração contrasta com
manifestações anteriores de
apoio público por parte do governo, mais assertivas. Tais erros, de acordo com o porta-voz,
"não são passíveis de demissão,
em nossa visão". Mas o governo
acha que "será apropriado para
todo o mundo sentar-se depois
do fato, acalmar-se, dar uma
olhada e decidir como seguir
adiante".
Segundo Snow, o secretário
do Tesouro norte-americano,
Henry Paulson, tem falado com
seus equivalentes entre os países-membros da instituição
multilateral. Dias antes, a secretária de Estado, Condoleezza Rice, também saiu em apoio
a Wolfowitz, mas não é claro se
a iniciativa deu resultados. Ambos encontraram resistência
entre europeus e latino-americanos e apoio entre africanos.
Na noite de segunda-feira,
uma comissão especial formada por sete dos 24 diretores
executivos do banco divulgou
as conclusões de suas deliberações sobre a interferência de
Wolfowitz para que sua namorada, a também funcionária
Shaha Riza, fosse promovida.
Violação
Segundo o comitê, Wolfowitz
violou o código de conduta e
três regulamentos funcionais
do Bird ao negociar um acordo
para Riza e posicionou-se contra a instituição ao se defender
dizendo que agiu como agiu por
seguir recomendações do comitê de ética do banco: "Wolfowitz foi além da recomendação
informal dada pelo comitê".
O presidente do Bird se defendeu dizendo que "é extremamente injusto concluir só
agora que eu tenha agido com
conflito de interesses porque
eu confiei então no conselho do
comitê de ética". Ex-vice-secretário de Defesa e um dos arquitetos da Guerra do Iraque,
Wolfowitz foi apontado para o
cargo por Bush em 2005.
Segundo a tradição da instituição formada após a Segunda
Guerra Mundial, um norte-americano apontado pelo presidente dos EUA comanda o
Bird, enquanto um europeu dirige sua instituição-irmã, o
FMI. Os europeus ameaçam
romper a tradição caso Wolfowitz insista em permanecer, a
despeito das acusações.
Justos na decisão
Wolfowitz pediu aos diretores-executivos do banco que
sejam justos com ele na noite
de ontem. A informação é do site "World Bank President",
mantido por funcionários do
banco e criado na época da saída do presidente anterior, James Wolfensohn, em 2005.
Segundo o que seria uma
transcrição de declaração lida
ao comitê no fim da tarde de
ontem, que o site colocou no ar
no fim da noite, Wolfowitz termina sua defesa "implorando"
aos membros do comitê para
"que sejam justos ao tomar sua
decisão, porque sua decisão vai
afetar não só minha vida como
a maneira pela qual essa instituição é vista pelos EUA e pelo
mundo".
O "World Bank President" é
coordenado pelo ativista liberal
Alex Wilks, conhecido analista
de questões relacionadas ao
banco e ao FMI (Fundo Monetário Internacional) e coordenador do European Network
on Debt and Development. Diversas informações exclusivas
relacionadas ao caso foram publicadas primeiro no site.
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