São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2008

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BB vai absorver Banco Popular, após R$ 144 mi em prejuízos

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil anunciou ontem que irá absorver as operações do Banco Popular, subsidiária do BB criada em 2003 para atender clientes de baixa renda. Na prática, isso significa o fim da instituição financeira que representou uma das primeiras iniciativas do governo Lula para democratizar o acesso a serviços bancários, mas que deixa de existir sem nunca ter conseguido gerar lucros.
Toda a estrutura montada pelo Banco Popular será transferida para o BB e funcionará sob uma nova diretoria do banco, chamada de diretoria de Menor Renda. Os 81 funcionários do Banco Popular, todos eles cedidos pelo BB, voltam a seus empregos de origem.
Segundo o vice-presidente de Varejo e Distribuição do BB, Milton Luciano dos Santos, o objetivo é reunir numa mesma área do banco todas as operações com pessoas que têm renda mensal de até um salário mínimo, o que tornaria a atuação nesse segmento mais eficiente. Além de absorver o Banco Popular, a nova diretoria irá gerenciar correspondentes bancários e programas de desenvolvimento regional do BB.
Desde que iniciou suas operações, o Banco Popular acumulou R$ 144 milhões em prejuízos. No ano passado, as perdas foram de R$ 16 milhões. "Isso é o custo de aprendizado", diz Santos, referindo-se à importância que a experiência acumulada no período teve para o banco.
De lá para cá, afirma, a situação da economia mudou, e as pessoas que antes não tinham acesso a serviços bancários -público-alvo do Banco Popular- começaram a procurar diretamente o BB, o que acabou tornando desnecessária a existência da subsidiária.
Argumento semelhante é usado por Robson Rocha, que é presidente do Banco Popular e passa a comandar também a nova diretoria do BB. "Hoje nós conhecemos bem esse público. O conhecimento que o Banco Popular acumulou permite que o Banco do Brasil faça, hoje, essa mudança de estrutura."

Críticas
O Banco Popular enfrentou dificuldades ao longo de seus pouco mais de quatro anos de operação, período em que teve três presidentes diferentes. O primeiro, Ivan Guimarães, foi alvo de críticas depois que veio a público seu relacionamento com o publicitário Marcos Valério e com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, acusados no mensalão petista.
Seu sucessor, Geraldo Magela, assumiu o cargo em 2005. Após ser derrotado como candidato ao governo do Distrito Federal em 2002, o petista deixou o Banco Popular para concorrer a deputado federal em 2006 e acabou eleito.
Ao longo dessas gestões, o Banco Popular foi alvo de críticas devido ao seu elevado gasto com publicidade -em 2004, as despesas com propaganda somaram R$ 25 milhões, contra R$ 20 milhões de empréstimos concedidos-, além de sofrer com elevada inadimplência -o nível de atraso nos financiamentos chegou a mais de 30% e está hoje em 17%.
Em 2005, o banco também foi acusado de inflar suas estatísticas ao afirmar que já havia aberto 1 milhão de contas. Parte dessas contas se referia a cadastros que foram adquiridos de redes de varejo e incluídos numa base de clientes "pré-aprovados".
Em março, o Banco Popular tinha 1,4 milhão de clientes. O BB, por sua vez, tinha 8,3 milhões de correntistas com renda de até um salário mínimo, dentro de um universo total de 26 milhões de clientes.


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