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BB vai absorver Banco Popular, após R$ 144 mi em prejuízos
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco do Brasil anunciou
ontem que irá absorver as operações do Banco Popular, subsidiária do BB criada em 2003
para atender clientes de baixa
renda. Na prática, isso significa
o fim da instituição financeira
que representou uma das primeiras iniciativas do governo
Lula para democratizar o acesso a serviços bancários, mas
que deixa de existir sem nunca
ter conseguido gerar lucros.
Toda a estrutura montada
pelo Banco Popular será transferida para o BB e funcionará
sob uma nova diretoria do banco, chamada de diretoria de
Menor Renda. Os 81 funcionários do Banco Popular, todos
eles cedidos pelo BB, voltam a
seus empregos de origem.
Segundo o vice-presidente de
Varejo e Distribuição do BB,
Milton Luciano dos Santos, o
objetivo é reunir numa mesma
área do banco todas as operações com pessoas que têm renda mensal de até um salário mínimo, o que tornaria a atuação
nesse segmento mais eficiente.
Além de absorver o Banco Popular, a nova diretoria irá gerenciar correspondentes bancários e programas de desenvolvimento regional do BB.
Desde que iniciou suas operações, o Banco Popular acumulou R$ 144 milhões em prejuízos. No ano passado, as perdas foram de R$ 16 milhões.
"Isso é o custo de aprendizado",
diz Santos, referindo-se à importância que a experiência
acumulada no período teve para o banco.
De lá para cá, afirma, a situação da economia mudou, e as
pessoas que antes não tinham
acesso a serviços bancários
-público-alvo do Banco Popular- começaram a procurar diretamente o BB, o que acabou
tornando desnecessária a existência da subsidiária.
Argumento semelhante é
usado por Robson Rocha, que é
presidente do Banco Popular e
passa a comandar também a
nova diretoria do BB. "Hoje nós
conhecemos bem esse público.
O conhecimento que o Banco
Popular acumulou permite que
o Banco do Brasil faça, hoje, essa mudança de estrutura."
Críticas
O Banco Popular enfrentou
dificuldades ao longo de seus
pouco mais de quatro anos de
operação, período em que teve
três presidentes diferentes. O
primeiro, Ivan Guimarães, foi
alvo de críticas depois que veio
a público seu relacionamento
com o publicitário Marcos Valério e com o ex-tesoureiro do
PT Delúbio Soares, acusados
no mensalão petista.
Seu sucessor, Geraldo Magela, assumiu o cargo em 2005.
Após ser derrotado como candidato ao governo do Distrito
Federal em 2002, o petista deixou o Banco Popular para concorrer a deputado federal em
2006 e acabou eleito.
Ao longo dessas gestões, o
Banco Popular foi alvo de críticas devido ao seu elevado gasto
com publicidade -em 2004, as
despesas com propaganda somaram R$ 25 milhões, contra
R$ 20 milhões de empréstimos
concedidos-, além de sofrer
com elevada inadimplência -o
nível de atraso nos financiamentos chegou a mais de 30% e
está hoje em 17%.
Em 2005, o banco também
foi acusado de inflar suas estatísticas ao afirmar que já havia
aberto 1 milhão de contas. Parte dessas contas se referia a cadastros que foram adquiridos
de redes de varejo e incluídos
numa base de clientes "pré-aprovados".
Em março, o Banco Popular
tinha 1,4 milhão de clientes. O
BB, por sua vez, tinha 8,3 milhões de correntistas com renda de até um salário mínimo,
dentro de um universo total de
26 milhões de clientes.
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