São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2008

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Lucro dos 5 maiores avançou 10,4% neste ano

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise que abalou o setor bancário nos Estados Unidos e na Europa não respingou no segmento por aqui. Pelo contrário. Os bancos brasileiros continuaram comemorando novos recordes de lucros neste começo de ano. Considerando os cinco grandes bancos privados que apresentaram seus resultados do primeiro trimestre do ano, o lucro totalizou R$ 5,926 bilhões, com crescimento de 10,4% em relação ao mesmo período de 2007.
A contínua expansão da carteira de crédito se mantém como o principal motor desse resultado bilionário. Essas operações cresceram 35,5% em 12 meses, para bater em uma carteira inédita de R$ 445,5 bilhões -a amostra engloba Bradesco, Itaú, Unibanco, Real e Santander. O levantamento foi feito pela consultoria Austin Rating a pedido da Folha.
Mas o estudo aponta que o resultado dos bancos não trouxe apenas pontos para as instituições comemorarem. De negativo houve, por exemplo, a diminuição da margem bruta dos bancos. Se isso não tivesse ocorrido, o crescimento dos lucros deveria ter sido mais expressivo que os 10,4% registrados no primeiro trimestre.
Um dos pontos que impactaram na queda da margem bruta -que foi de 45,6% no primeiro trimestre de 2007 para 36,6% no mesmo período deste ano- foi o aumento dos custos para os bancos captarem.
As empresas calculam a margem bruta da seguinte forma: subtraem do valor das vendas os custos envolvidos na produção das mercadorias. No caso do setor financeiro, considera-se o custo para captar recursos e os ganhos obtidos com seu repasse.
Os bancos grandes, que pagavam cerca de 101% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) de juros para emitirem CDBs no fim de 2007, passaram a pagar até 105% no primeiro trimestre do ano. Em outras palavras, para conseguirem vender um CDB e levantar dinheiro para conceder crédito a um cliente, as instituições tiveram de aceitar pagar juros mais elevados.
Para emprestar dinheiro e fazer financiamentos, os bancos captam recursos e os repassam a taxas mais elevadas. Essa diferença de taxas é uma das formas de lucrarem.
Neste momento, em que a demanda por crédito segue aquecida, os bancos brasileiros encontraram maiores dificuldades para captar recursos no mercado internacional, afetado pela crise desencadeada pelo setor de crédito imobiliário nos Estados Unidos.
"Quando o custo de captação aumenta mais rápido que a receita obtida com as operações de crédito, há um achatamento da margem. E foi isso que presenciamos nesse trimestre. A demanda por crédito se manteve forte e os bancos se dispuseram a pagar mais para conseguir [dinheiro para emprestar]", afirma Luis Miguel Santacreu, analista financeiro da consultoria Austin Rating.
Mesmo o Unibanco, que foi o banco que teve o maior crescimento em seu lucro no trimestre -27,5% em relação ao mesmo período do ano anterior- viu sua margem bruta recuar, de 48,4% para 44,3%. A carteira de crédito da instituição se ampliou em 40,7% nos 12 meses terminados em março.
Apesar de mais robustos, os lucros de Bradesco e Itaú cresceram com menos intensidade que o do Unibanco neste começo de ano. O Bradesco fechou o trimestre com lucro de R$ 2,102 bilhões e aumento de 23,3%. O Itaú teve lucro de R$ 2,043 bilhões no período, com aumento de 7,5%.
Já os bancos de menor porte demonstraram que estão com mais fôlego ainda que os grandes. No primeiro trimestre do ano, uma mostra de alguns desses bancos -Panamericano, Sofisa, Pine e Indusval- apontou expansão de 126% em seus lucros em relação ao mesmo período de 2007.
"Notamos que os lucros dos pequenos [bancos] vêm em ritmo forte desde o ano passado. Para essas instituições, a expansão do crédito também teve peso fundamental em seus resultados", avalia Gabriela Teixeira de Azevedo, analista do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração).
Os balanços dos grandes bancos mostraram também um crescimento menos exuberante nas receitas obtidas com serviços bancários (que incluem taxas de contas, fundos e outros), que subiram 8,1% entre janeiro e março de 2007 e janeiro e março de 2008, para atingir R$ 8,13 bilhões.


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