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Lucro dos 5 maiores avançou 10,4% neste ano
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise que abalou o setor
bancário nos Estados Unidos e
na Europa não respingou no
segmento por aqui. Pelo contrário. Os bancos brasileiros
continuaram comemorando
novos recordes de lucros neste
começo de ano. Considerando
os cinco grandes bancos privados que apresentaram seus resultados do primeiro trimestre
do ano, o lucro totalizou R$
5,926 bilhões, com crescimento de 10,4% em relação ao mesmo período de 2007.
A contínua expansão da carteira de crédito se mantém como o principal motor desse resultado bilionário. Essas operações cresceram 35,5% em 12
meses, para bater em uma carteira inédita de R$ 445,5 bilhões -a amostra engloba Bradesco, Itaú, Unibanco, Real e
Santander. O levantamento foi
feito pela consultoria Austin
Rating a pedido da Folha.
Mas o estudo aponta que o
resultado dos bancos não trouxe apenas pontos para as instituições comemorarem. De negativo houve, por exemplo, a
diminuição da margem bruta
dos bancos. Se isso não tivesse
ocorrido, o crescimento dos lucros deveria ter sido mais expressivo que os 10,4% registrados no primeiro trimestre.
Um dos pontos que impactaram na queda da margem bruta
-que foi de 45,6% no primeiro
trimestre de 2007 para 36,6%
no mesmo período deste ano-
foi o aumento dos custos para
os bancos captarem.
As empresas calculam a margem bruta da seguinte forma:
subtraem do valor das vendas
os custos envolvidos na produção das mercadorias. No caso
do setor financeiro, considera-se o custo para captar recursos
e os ganhos obtidos com seu repasse.
Os bancos grandes, que pagavam cerca de 101% do CDI
(Certificado de Depósito Interbancário) de juros para emitirem CDBs no fim de 2007, passaram a pagar até 105% no primeiro trimestre do ano. Em
outras palavras, para conseguirem vender um CDB e levantar
dinheiro para conceder crédito
a um cliente, as instituições tiveram de aceitar pagar juros
mais elevados.
Para emprestar dinheiro e
fazer financiamentos, os bancos captam recursos e os repassam a taxas mais elevadas. Essa
diferença de taxas é uma das
formas de lucrarem.
Neste momento, em que a
demanda por crédito segue
aquecida, os bancos brasileiros
encontraram maiores dificuldades para captar recursos no
mercado internacional, afetado pela crise desencadeada pelo setor de crédito imobiliário
nos Estados Unidos.
"Quando o custo de captação
aumenta mais rápido que a receita obtida com as operações
de crédito, há um achatamento
da margem. E foi isso que presenciamos nesse trimestre. A
demanda por crédito se manteve forte e os bancos se dispuseram a pagar mais para conseguir [dinheiro para emprestar]", afirma Luis Miguel Santacreu, analista financeiro da
consultoria Austin Rating.
Mesmo o Unibanco, que foi o
banco que teve o maior crescimento em seu lucro no trimestre -27,5% em relação ao mesmo período do ano anterior- viu sua margem bruta recuar,
de 48,4% para 44,3%. A carteira de crédito da instituição se
ampliou em 40,7% nos 12 meses terminados em março.
Apesar de mais robustos, os
lucros de Bradesco e Itaú cresceram com menos intensidade
que o do Unibanco neste começo de ano. O Bradesco fechou o
trimestre com lucro de R$
2,102 bilhões e aumento de
23,3%. O Itaú teve lucro de R$
2,043 bilhões no período, com
aumento de 7,5%.
Já os bancos de menor porte
demonstraram que estão com
mais fôlego ainda que os grandes. No primeiro trimestre do
ano, uma mostra de alguns desses bancos -Panamericano,
Sofisa, Pine e Indusval- apontou expansão de 126% em seus
lucros em relação ao mesmo
período de 2007.
"Notamos que os lucros dos
pequenos [bancos] vêm em ritmo forte desde o ano passado.
Para essas instituições, a expansão do crédito também teve
peso fundamental em seus resultados", avalia Gabriela Teixeira de Azevedo, analista do
Inepad (Instituto de Ensino e
Pesquisa em Administração).
Os balanços dos grandes
bancos mostraram também
um crescimento menos exuberante nas receitas obtidas com
serviços bancários (que incluem taxas de contas, fundos e
outros), que subiram 8,1% entre janeiro e março de 2007 e
janeiro e março de 2008, para
atingir R$ 8,13 bilhões.
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