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DRAMA URBANO
Para o Conselho Regional de Contabilidade
"Sr. presidente do C.R.C.,
Sou contabilista formado em
curso superior e inscrito nesse
conselho. Estou desempregado
desde 2 de maio de 95, como consta no meu último registro da carteira profissional, a qual eu tenho
como prova documental desse
meu grande sofrimento, além também de servir como prova para minha aposentadoria, se é que um dia
eu vou conseguir me aposentar.
Como não consegui mais me recolocar no mercado de trabalho, os
meus filhos me ajudaram a comprar um computador e uma máquina de datilografia para eu começar a montar o meu pequeno
empreendimento, ou seja, o meu
escritório de contabilidade dentro
da minha própria casa.
Como o país vive um momento
drástico de grande recessão econômica, até agora ainda não consegui
o meu primeiro cliente.
(...) É lógico que eu sei que esse
problema não é de competência do
presidente do C.R.C. O que compete ao presidente do C.R.C. é que,
pelo mesmo motivo que eu não tenho dinheiro para pagar a previdência, também não tenho dinheiro para pagar a anuidade do
C.R.C.
Portanto, peço ao senhor que observe mais atentamente aos contabilistas desempregados e dê isenção total da anuidade ou, no mínimo, dê aquele desconto que existia
antigamente de 80%.
É por isso que eu me candidatei a
uma vaga de trabalhador braçal na
frente de trabalho, pois eu preciso
ganhar algum dinheiro para manter paga em dia a anuidade do
C.R.C., porque, se eu baixar o meu
C.R.C., fico ilegal na profissão.
Como a profissão de contabilista
para mim é um sacerdócio, ou seja,
eu gosto de trabalhar em contabilidade, eu faço das tripas um coração para não baixar o meu C.R.C.
Estou desabafando não para comovê-lo, senhor presidente, (...) mas para mostrar-lhe a
minha dura realidade e a de milhares de brasileiros."
Marcos antonio Panzone, 40, esta desempregado há quatro anos. Nasceu em São Paulo, é casado e tem três filhos
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