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França sugere não
apoiar idéia de Lula
sobre taxar armas
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
Renaud Muselier, secretário
de Estado para Relações Exteriores da França, sugeriu ontem que seu país não apóia a
idéia do presidente do Brasil,
Luiz Inácio Lula da Silva, de
criar uma taxa internacional
sobre o comércio de armas para combater a pobreza.
Questionado sobre o perigo
moral de ligar o combate à pobreza global à venda de armas,
Muselier afirmou: "De um
ponto de vista acadêmico, todas as propostas são analisáveis. Por razões políticas e humanas, contudo, algumas são
abandonadas no meio do caminho", afirmou Muselier, sorridente, durante uma entrevista coletiva. Poderosa, a indústria bélica francesa é uma grande fonte de divisas do país.
O secretário salientou, ademais, que a França defende a
criação de uma "taxa sobre todo o comércio internacional"
para ajudar os países menos
abastados. "O presidente Jacques Chirac já reiterou inúmeras vezes que a França está
comprometida com a criação
dessa taxa mundial", disse.
Muselier, que participou das
sessões da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre
Comércio e Desenvolvimento),
apontou a proposta de criação
dessa taxa sobre o comércio internacional como um exemplo
das grandes contribuições de
reuniões como a que ocorre
atualmente em São Paulo.
"A Unctad é muito importante porque é um fórum de
debates pacífico e democrático.
Quem acompanha esse tipo de
encontro sabe que, com o passar dos anos, certas idéias vão
progredindo. Há uma evolução
clara em certas áreas, como a
que gira em torno das novas
modalidades de financiamento
ao desenvolvimento."
Vale lembrar que essa taxa
sobre o comércio só seria eficaz
se todos os grandes atores da
cena econômica global aceitassem adotá-la. Caso contrário,
por razões competitivas, as empresas transnacionais simplesmente a contornariam, utilizando países em que ela não
existisse para realizar suas
transações comerciais. Os
EUA, a única superpotência
mundial, não vêem com bons
olhos a criação dessa taxa.
Muselier lembrou ainda que
a França é favorável à entrada
do Brasil no grupo dos países
mais industrializados do planeta. "O presidente Chirac disse, na reunião do G8 [ocorrida
na semana passada], que países
como o Brasil e a África do Sul
devem fazer parte do grupo. A
França é favorável à ampliação
do Conselho de Segurança da
ONU. O Brasil e outros Estados
deverão tornar-se seus membros permanentes."
O secretário disse que a
União Européia fez uma "proposta abrangente ao Mercosul
para tentar estreitar os laços
comerciais" entre os dois blocos, mas os sul-americanos não
responderam aos esforços europeus. "Para a UE, houve
avanços em sua proposta. Porém, para o Mercosul, as expectativas não foram atendidas."
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