São Paulo, sexta-feira, 16 de junho de 2006

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Bill Gates anuncia sua saída do dia-a-dia da Microsoft

Homem mais rico do mundo diz que vai se dedicar a atividades filantrópicas

Empresário vai transferir aos poucos, até 2008, as funções que ocupa na companhia, mas continuará como chefe do conselho


Jeff Christensen - 2003/Divulgação
Gates e a mulher, Melinda, durante viagem à África


DE WASHINGTON

Bill Gates, o homem mais rico do mundo e um dos criadores do sistema operacional sem o qual cerca de 90% dos computadores pessoais de todo o mundo deixariam de funcionar, anunciou que deixará até julho de 2008 o dia-a-dia da Microsoft, co-fundada por ele e que produz o software Windows. Segundo comunicado da empresa, Gates, 50, vai passar a se dedicar mais à sua entidade beneficente, Bill & Melinda Gates Foundation.
O empresário passará adiante paulatinamente as atividades exigidas pelos diversos postos que ocupa atualmente na Microsoft. Há cinco anos, já havia deixado seu cargo de CEO. "Foi uma decisão difícil de tomar para mim", disse ele em entrevista coletiva ontem, na qual afirmou acreditar que a companhia pode fazer a transição sem perdas. "Eu tenho um dos melhores empregos do mundo, mas decidi que, em dois anos, vou reorganizar minhas prioridades pessoais."
Falou ainda que seu ato não pode ser chamado de "aposentadoria". "Acredito que com uma grande fortuna vem uma grande responsabilidade, a responsabilidade de retribuir à sociedade e garantir que essa retribuição seja utilizada da melhor maneira possível, por aqueles que necessitam", disse. "Não é aposentadoria, é uma reorganização de prioridades."
Gates criou a Microsoft (MicroSoft, no nome original, ou abreviação de "microcomputer software") em 1975 com o amigo de infância Paul Allen, que deixaria a empresa em 2000, para dar lugar ao atual CEO, Steve Ballmer. Desde então, o ex-estudante de Seattle, no Estado de Washington, tornaria mundialmente famoso seu rosto de "nerd", com óculos fundo-de-garrafa e expressão de menino, e amealharia uma fortuna de US$ 50 bilhões.
Desse total, ele destinou um terço para a fundação que leva o seu nome e o de sua mulher -ex-funcionária da Microsoft com quem se casou em 1994 e tem três filhos-, o que os torna os maiores doadores individuais do mundo. A ONG à qual ele dedicará a maior parte de seu tempo atua desde 2000, principalmente em saúde e educação, com foco nos países mais pobres da África. Pelo trabalho, o casal foi escolhido, com o músico Bono, do U2, as "personalidades do ano" da revista "Time" do ano passado.
Polêmica e agressiva, a empresa que comercializa o Windows faturou US$ 39,7 bilhões em 2005, tem 64 mil funcionários, é dona do site MSN, co-proprietária da emissora e do site de notícias MSNBC e do console de videogames Xbox; já foi condenada por prática de monopólio e sofreu processos antitruste do Ministério da Justiça dos EUA. Hoje, enfrenta em diversas áreas a concorrência crescente do Google e um renascimento da Apple puxado pelo sucesso do iPod.
Ray Ozzie, um dos principais dirigentes técnicos da empresa, substituirá Bill Gates como principal criador de programas, e Craig Mundie, outro dirigente técnico, assumirá o novo posto de dirigente-chefe para pesquisa e estratégia. Gates continuará na Microsoft como chefe do conselho e conselheiro técnico.
(SÉRGIO DÁVILA)


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