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Bill Gates anuncia sua saída do dia-a-dia da Microsoft
Homem mais rico do mundo diz que vai se dedicar a atividades filantrópicas
Empresário vai transferir aos poucos, até 2008, as funções que ocupa na companhia, mas continuará como chefe do conselho
Jeff Christensen - 2003/Divulgação
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Gates e a mulher, Melinda, durante viagem à África |
DE WASHINGTON
Bill Gates, o homem mais rico do mundo e um dos criadores do sistema operacional sem
o qual cerca de 90% dos computadores pessoais de todo o
mundo deixariam de funcionar, anunciou que deixará até
julho de 2008 o dia-a-dia da
Microsoft, co-fundada por ele e
que produz o software Windows. Segundo comunicado da
empresa, Gates, 50, vai passar a
se dedicar mais à sua entidade
beneficente, Bill & Melinda Gates Foundation.
O empresário passará adiante paulatinamente as atividades exigidas pelos diversos postos que ocupa atualmente na
Microsoft. Há cinco anos, já havia deixado seu cargo de CEO.
"Foi uma decisão difícil de tomar para mim", disse ele em
entrevista coletiva ontem, na
qual afirmou acreditar que a
companhia pode fazer a transição sem perdas. "Eu tenho um
dos melhores empregos do
mundo, mas decidi que, em
dois anos, vou reorganizar minhas prioridades pessoais."
Falou ainda que seu ato não
pode ser chamado de "aposentadoria". "Acredito que com
uma grande fortuna vem uma
grande responsabilidade, a responsabilidade de retribuir à sociedade e garantir que essa retribuição seja utilizada da melhor maneira possível, por
aqueles que necessitam", disse.
"Não é aposentadoria, é uma
reorganização de prioridades."
Gates criou a Microsoft (MicroSoft, no nome original, ou
abreviação de "microcomputer
software") em 1975 com o amigo de infância Paul Allen, que
deixaria a empresa em 2000,
para dar lugar ao atual CEO,
Steve Ballmer. Desde então, o
ex-estudante de Seattle, no Estado de Washington, tornaria
mundialmente famoso seu rosto de "nerd", com óculos fundo-de-garrafa e expressão de menino, e amealharia uma fortuna
de US$ 50 bilhões.
Desse total, ele destinou um
terço para a fundação que leva o
seu nome e o de sua mulher
-ex-funcionária da Microsoft
com quem se casou em 1994 e
tem três filhos-, o que os torna
os maiores doadores individuais do mundo. A ONG à qual
ele dedicará a maior parte de
seu tempo atua desde 2000,
principalmente em saúde e
educação, com foco nos países
mais pobres da África. Pelo trabalho, o casal foi escolhido, com
o músico Bono, do U2, as "personalidades do ano" da revista
"Time" do ano passado.
Polêmica e agressiva, a empresa que comercializa o Windows faturou US$ 39,7 bilhões
em 2005, tem 64 mil funcionários, é dona do site MSN, co-proprietária da emissora e do
site de notícias MSNBC e do
console de videogames Xbox; já
foi condenada por prática de
monopólio e sofreu processos
antitruste do Ministério da
Justiça dos EUA. Hoje, enfrenta em diversas áreas a concorrência crescente do Google e
um renascimento da Apple puxado pelo sucesso do iPod.
Ray Ozzie, um dos principais
dirigentes técnicos da empresa,
substituirá Bill Gates como
principal criador de programas,
e Craig Mundie, outro dirigente
técnico, assumirá o novo posto
de dirigente-chefe para pesquisa e estratégia. Gates continuará na Microsoft como chefe do
conselho e conselheiro técnico.
(SÉRGIO DÁVILA)
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