São Paulo, sábado, 16 de junho de 2007

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Inflação baixa nos EUA leva Bolsa a 23º recorde no ano

Preocupação de analistas é sobre quando haverá correção nos preços das ações

Bovespa sobe 1,5% e passa de 54 mil pontos; na semana, BC compra dólar todo dia, e moeda encerra período a R$ 1,914, em baixa de 2,35%


TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma série de indicadores positivos sobre a economia americana levou a uma completa mudança de humor ao longo da semana nos mercados internacionais, que voltaram a ficar próximo de seus recordes históricos de valorização.
Com alta de 4,18% na semana, a Bovespa passou ontem pela primeira vez de 54 mil pontos -fechou com 54.518. Foi o 23º recorde do mercado apenas neste ano. Tiveram recorde histórico ontem as Bolsas de Hong Kong e de Santiago. Nos Estados Unidos, a Nasdaq encontra-se em seu maior nível desde 2001 e a Bolsa de Nova York está a apenas 40 pontos do recorde no índice Dow Jones.
Indicador mais aguardado da semana, o CPI (índice de preços ao consumidor) mostrou inflação de 0,7% em maio -em linha com o esperado. A boa notícia foi que o chamado núcleo do CPI, que desconta as variações dos preços de energia e dos alimentos, subiu apenas 0,1% -abaixo do esperado.
Junto do núcleo do PPI (índice de preços no atacado), que também veio baixo na véspera, os indicadores de inflação sinalizaram nesta semana que o Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) deve manter os juros no atual patamar neste ano. No final da semana passada, aumentaram os analistas que especulavam um eventual aumento na taxa no final do ano. Tudo por conta do aumento dos juros dos títulos públicos americanos.
Ontem, os papéis de dez anos do Tesouro dos EUA seguiram com juros acima de 5% ao ano, fechando a semana a 5,17%. Na quarta, esses papéis chegaram a ter rendimento de 5,26%.
"Os juros dos "treasuries" [títulos do Tesouro dos EUA] estavam muito baixos desde abril, quando todos esperavam um corte dos juros no segundo semestre. Eles passaram agora por uma correção e devem ficar acima de 5% por algum tempo. Corte nos juros só virá em 2008", disse Elson Teles, economista da Concórdia.
"O balanço da semana é positivo. Passou o estresse por enquanto [com os novos índices de preços], mas a dúvida sobre a inflação continua. É uma semana depois da outra", disse André Ng, da Infinity Asset.
Também ontem, o Fed divulgou estabilidade na produção industrial, indicando que os produtores não apostam numa demanda tão aquecida no segundo semestre. A previsão era que o indicador subisse 0,1%.
A Bolsa de Nova York encerra a semana com alta de 1,6% no índice Dow Jones e de 1,67% no S&P 500. A Nasdaq termina a segunda semana de junho com valorização de 2,07%.
No Brasil, a Bovespa seguiu o ritmo ditado em Wall Street e teve sua terceira alta seguida. Ontem, a alta foi de 1,5%- no ano, a Bolsa já rendeu 22,59%, e, em 12 meses, 65,5%.
"Foi uma semana de dados positivos, que consolidaram uma mudança na visão [pessimista] da semana passada. Os dados da economia americana mostraram que tudo está bem, não é o final de um ciclo [de valorização]. No Brasil ainda tivemos boas notícias com o PIB e a ata do Copom", disse Monica Araújo, da corretora Ativa.
As seguidas altas da Bolsa paulista alimentam as preocupações com eventual correção nos preços. "Mais do que os 54 mil do Ibovespa, deixa-nos desconfortável o fato de a Bolsa bater recorde atrás de recorde. Tem muita gente entrando na Bolsa. Ninguém sabe até que ponto isso vai se sustentar", disse André Ng, da Infinity.
"Tudo conspira a favor [da valorização das ações]. Mas vai ter de realizar [desvalorizar] um pouco em algum momento. Se não for agora, depois virá a safra de balanços das empresas, quando é momento de subir. É saudável a realização", disse Daniel Doll Lemos da Socopa.
No mercado de câmbio, o dólar recuou mais 0,67%, para R$ 1,914. Na semana, a moeda americana perdeu mais 2,35%. O Banco Central entrou no mercado à vista comprando moeda todos os dias da semana. O volume total comprado foi pequeno, estimado em cerca de US$ 1 bilhão pelo mercado.


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