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Inflação baixa nos EUA leva Bolsa a 23º recorde no ano
Preocupação de analistas é sobre quando haverá correção nos preços das ações
Bovespa sobe 1,5% e passa de 54 mil pontos; na semana, BC compra dólar todo dia,
e moeda encerra período a R$ 1,914, em baixa de 2,35%
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma série de indicadores positivos sobre a economia americana levou a uma completa
mudança de humor ao longo da
semana nos mercados internacionais, que voltaram a ficar
próximo de seus recordes históricos de valorização.
Com alta de 4,18% na semana, a Bovespa passou ontem pela primeira vez de 54 mil pontos -fechou com 54.518. Foi o
23º recorde do mercado apenas
neste ano. Tiveram recorde
histórico ontem as Bolsas de
Hong Kong e de Santiago. Nos
Estados Unidos, a Nasdaq encontra-se em seu maior nível
desde 2001 e a Bolsa de Nova
York está a apenas 40 pontos
do recorde no índice Dow Jones.
Indicador mais aguardado da
semana, o CPI (índice de preços ao consumidor) mostrou
inflação de 0,7% em maio -em
linha com o esperado. A boa notícia foi que o chamado núcleo
do CPI, que desconta as variações dos preços de energia e dos
alimentos, subiu apenas 0,1%
-abaixo do esperado.
Junto do núcleo do PPI (índice de preços no atacado), que
também veio baixo na véspera,
os indicadores de inflação sinalizaram nesta semana que o
Fed (Federal Reserve, o BC dos
EUA) deve manter os juros no
atual patamar neste ano. No final da semana passada, aumentaram os analistas que especulavam um eventual aumento na
taxa no final do ano. Tudo por
conta do aumento dos juros dos
títulos públicos americanos.
Ontem, os papéis de dez anos
do Tesouro dos EUA seguiram
com juros acima de 5% ao ano,
fechando a semana a 5,17%. Na
quarta, esses papéis chegaram
a ter rendimento de 5,26%.
"Os juros dos "treasuries" [títulos do Tesouro dos EUA] estavam muito baixos desde abril,
quando todos esperavam um
corte dos juros no segundo semestre. Eles passaram agora
por uma correção e devem ficar
acima de 5% por algum tempo.
Corte nos juros só virá em
2008", disse Elson Teles, economista da Concórdia.
"O balanço da semana é positivo. Passou o estresse por enquanto [com os novos índices
de preços], mas a dúvida sobre
a inflação continua. É uma semana depois da outra", disse
André Ng, da Infinity Asset.
Também ontem, o Fed divulgou estabilidade na produção
industrial, indicando que os
produtores não apostam numa
demanda tão aquecida no segundo semestre. A previsão era
que o indicador subisse 0,1%.
A Bolsa de Nova York encerra a semana com alta de 1,6% no
índice Dow Jones e de 1,67% no
S&P 500. A Nasdaq termina a
segunda semana de junho com
valorização de 2,07%.
No Brasil, a Bovespa seguiu o
ritmo ditado em Wall Street e
teve sua terceira alta seguida.
Ontem, a alta foi de 1,5%- no
ano, a Bolsa já rendeu 22,59%,
e, em 12 meses, 65,5%.
"Foi uma semana de dados
positivos, que consolidaram
uma mudança na visão [pessimista] da semana passada. Os
dados da economia americana
mostraram que tudo está bem,
não é o final de um ciclo [de valorização]. No Brasil ainda tivemos boas notícias com o PIB e a
ata do Copom", disse Monica
Araújo, da corretora Ativa.
As seguidas altas da Bolsa
paulista alimentam as preocupações com eventual correção
nos preços. "Mais do que os 54
mil do Ibovespa, deixa-nos desconfortável o fato de a Bolsa bater recorde atrás de recorde.
Tem muita gente entrando na
Bolsa. Ninguém sabe até que
ponto isso vai se sustentar",
disse André Ng, da Infinity.
"Tudo conspira a favor [da
valorização das ações]. Mas vai
ter de realizar [desvalorizar]
um pouco em algum momento.
Se não for agora, depois virá a
safra de balanços das empresas,
quando é momento de subir. É
saudável a realização", disse
Daniel Doll Lemos da Socopa.
No mercado de câmbio, o dólar recuou mais 0,67%, para R$
1,914. Na semana, a moeda
americana perdeu mais 2,35%.
O Banco Central entrou no
mercado à vista comprando
moeda todos os dias da semana.
O volume total comprado foi
pequeno, estimado em cerca de
US$ 1 bilhão pelo mercado.
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