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BLOCOS COMERCIAIS
Para o presidente do Brasil, bloco de países do Cone Sul tem direitos
Bloco não vai pedir favor à União Européia, afirma FHC
Ichiro Guerra/Folha Imagem
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O presidente FHC, entre Malan (esq.) e Lampreia, durante a cúpula do Mercosul, no Paraguai |
ANDRÉ SOLIANI
DENISE CHRISPIM MARIN
enviados especiais a Assunção
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que
o Mercosul não irá pedir nenhum favor à União Européia,
ao longo da possível negociação
de um acordo de livre comércio
entre os blocos.
"Não estamos pedindo favores. Estamos dizendo que temos
um direito", afirmou FHC na entrevista que encerrou a reunião
de cúpula do Mercosul.
FHC deixou claro que o Mercosul não teria forças para se
contrapor à manutenção da Política Agrícola Comum, que garante subsídios e proteção comercial aos produtores europeus. Mas acrescentou que esse
sistema "vai contra a natureza
da economia globalizada".
"Não cabe a manutenção de
uma política de tarifas (de importação) elevadas para garantir
a proteção a um setor", declarou
o presidente.
Nas reuniões entre os principais negociadores do Mercosul
ficou definida a estratégia do
bloco de propor o início imediato de negociação com a UE e seu
encerramento em 2005. Essa decisão deverá ser apresentada nos
dias 28 e 29, quando os representantes dos dois blocos deverão
decidir se haverá ou não um
acordo para ser discutido.
Com a definição dos prazos, o
Mercosul pretende manter uma
tática de negociar com os europeus simultaneamente com os
Estados Unidos, com quem polemiza nas discussões da Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas), que conta com o
mesmo prazo.
Por enquanto, a possibilidade
de acordo entre o Mercosul e a
UE está em suspenso. Ficou abalada na semana passada, quando
a França vetou a negociação da
abertura do setor agrícola antes
de 2003 -o prazo final da Rodada do Milênio da OMC (Organização Mundial do Comércio).
Entretanto, o ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe
Lampreia, afirmou que está confiante no lançamento das negociações ainda neste mês. Ele
acrescentou que vem discutindo
paralelamente com a França e
que esse país estaria disposto a
arcar sozinho com o peso de ter
inviabilizado um acordo que é
de interesse da UE.
A prioridade do Brasil não é a
convergência macroeconômica
do Mercosul. Segundo Lampreia, os acordos que envolvem
temas comerciais devem ser
acertados primeiro.
Lampreia diz que "antes de um
pacto de convergência macroeconômica, vem uma política comum de defesa comercial".
Esse acordo, que está em negociação, estabelecerá as regras para os processos contra terceiros
países suspeitos de práticas desleais de comércio.
Atualmente, cada membro do
Mercosul tem a sua própria legislação sobre o assunto, o que
enfraquece o poder de barganha
do bloco.
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