São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2004

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VAREJO

Setores ligados à recuperação de renda, como alimentos, evoluem mais timidamente; móveis e eletros puxam expansão

Vendas crescem, mas dependem de crédito

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Pelo sexto mês seguido, o comércio varejista teve desempenho positivo: as vendas do setor, em volume, cresceram 10,01% em maio em relação ao mesmo mês de 2003, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em abril, a alta havia sido no mesmo patamar: 10,15%.
O bom desempenho do setor, porém, está sendo sustentado apenas pela maior oferta de crédito e seu efeito sobre o consumo de bens duráveis, dizem especialistas. Os ramos que dependem da recuperação da renda ainda registram resultados abaixo da média do comércio.
É o caso de super e hipermercados e demais lojas de alimentos, que, embora com taxa positiva em maio (5,17%), anda num ritmo mais lento do que o resto do varejo. O mesmo acontece com combustíveis (4,13%).
Neste ano, o comércio acumula um crescimento de 8,48%. Apesar do fraco desempenho de 2003, quando as vendas do segmento tiveram retração de 3,67%, o varejo já apresenta expansão no indicador de 12 meses: 1,8%.
Para Nilo Lopes de Macedo, economista do IBGE, há vários fatores que contribuem para a reação do comércio: juros mais baixos do que em 2003, crediário com maiores prazos, produção da indústria em alta e crescimento do total de pessoas ocupadas.
Macedo ressalta, no entanto, que parte do aumento dos últimos meses é reflexo de "uma base de comparação deprimida" no primeiro semestre de 2003.
Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio) faz a mesma ressalva. Diz ainda que "a tendência é de desaceleração do comércio no segundo semestre", já que naquele período de 2003 as retrações não foram tão fortes. Ainda assim, projeta um crescimento de 7% neste ano.
Diferentemente do IBGE, que nesta pesquisa só faz a comparação com o mesmo mês do ano anterior, a CNC calcula a variação do indicador mês a mês, com ajuste sazonal, e apurou ligeira queda (0,4%) em relação a abril.
Na avaliação de Freitas, a alta do crédito pessoal, que, segundo ele, cresceu 28% no ano, está garantindo a melhora das vendas do comércio. Com a renda ainda em retração, diz ele, os bens semi e não-duráveis mostram um desempenho pior. Registram crescimento de 4,8%, contra 25,1% dos duráveis, segundo os dados da CNC.
Mais otimista, Fábio Romão, da LCA, afirma que "há um incremento das vendas mais generalizado" mesmo no caso dos não-duráveis, que já mostram uma recuperação com a desaceleração da queda do rendimento.
Segundo o IBGE, o volume de vendas de super e hipermercados teve retração nos últimos 12 meses até maio, de -0,44%, enquanto o de móveis e eletrodomésticos aponta expansão de 14,35%.
Pelos dados do IBGE, dois ramos tiveram destaque em maio: móveis e eletrodomésticos (alta de 35,58% ante maio de 2003) e tecidos, vestuário e calçados (22,47%). Em maio, diz Romão, a novidade foi o crescimento do vestuário, embalado pelo frio mais intenso neste ano.


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