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VAREJO
Setores ligados à recuperação de renda, como alimentos, evoluem mais timidamente; móveis e eletros puxam expansão
Vendas crescem, mas dependem de crédito
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Pelo sexto mês seguido, o comércio varejista teve desempenho
positivo: as vendas do setor, em
volume, cresceram 10,01% em
maio em relação ao mesmo mês
de 2003, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em abril, a alta havia sido
no mesmo patamar: 10,15%.
O bom desempenho do setor,
porém, está sendo sustentado
apenas pela maior oferta de crédito e seu efeito sobre o consumo de
bens duráveis, dizem especialistas. Os ramos que dependem da
recuperação da renda ainda registram resultados abaixo da média
do comércio.
É o caso de super e hipermercados e demais lojas de alimentos,
que, embora com taxa positiva
em maio (5,17%), anda num ritmo mais lento do que o resto do
varejo. O mesmo acontece com
combustíveis (4,13%).
Neste ano, o comércio acumula
um crescimento de 8,48%. Apesar
do fraco desempenho de 2003,
quando as vendas do segmento tiveram retração de 3,67%, o varejo
já apresenta expansão no indicador de 12 meses: 1,8%.
Para Nilo Lopes de Macedo,
economista do IBGE, há vários fatores que contribuem para a reação do comércio: juros mais baixos do que em 2003, crediário
com maiores prazos, produção da
indústria em alta e crescimento
do total de pessoas ocupadas.
Macedo ressalta, no entanto,
que parte do aumento dos últimos meses é reflexo de "uma base
de comparação deprimida" no
primeiro semestre de 2003.
Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC (Confederação
Nacional do Comércio) faz a mesma ressalva. Diz ainda que "a tendência é de desaceleração do comércio no segundo semestre", já
que naquele período de 2003 as
retrações não foram tão fortes.
Ainda assim, projeta um crescimento de 7% neste ano.
Diferentemente do IBGE, que
nesta pesquisa só faz a comparação com o mesmo mês do ano anterior, a CNC calcula a variação
do indicador mês a mês, com
ajuste sazonal, e apurou ligeira
queda (0,4%) em relação a abril.
Na avaliação de Freitas, a alta do
crédito pessoal, que, segundo ele,
cresceu 28% no ano, está garantindo a melhora das vendas do comércio. Com a renda ainda em retração, diz ele, os bens semi e não-duráveis mostram um desempenho pior. Registram crescimento
de 4,8%, contra 25,1% dos duráveis, segundo os dados da CNC.
Mais otimista, Fábio Romão, da
LCA, afirma que "há um incremento das vendas mais generalizado" mesmo no caso dos não-duráveis, que já mostram uma recuperação com a desaceleração
da queda do rendimento.
Segundo o IBGE, o volume de
vendas de super e hipermercados
teve retração nos últimos 12 meses até maio, de -0,44%, enquanto
o de móveis e eletrodomésticos
aponta expansão de 14,35%.
Pelos dados do IBGE, dois ramos tiveram destaque em maio:
móveis e eletrodomésticos (alta
de 35,58% ante maio de 2003) e tecidos, vestuário e calçados
(22,47%). Em maio, diz Romão, a
novidade foi o crescimento do
vestuário, embalado pelo frio
mais intenso neste ano.
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