São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2008

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BC americano vê "inúmeras dificuldades" à economia

Bernanke diz que inflação e desaceleração econômica continuam a preocupar

Bush diz que depósitos estão garantidos e que população precisa "respirar profundamente"; inflação tem maior alta em 27 anos

DA REDAÇÃO

O presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), Ben Bernanke, afirmou ontem que a economia dos EUA continua enfrentando "inúmeras dificuldades" e alertou sobre os riscos de inflação e de desaceleração econômica.
Em seu depoimento semestral ao Comitê de Bancos do Senado americano, Bernanke disse que os aumentos dos preços de alimentos e de energia estão elevando os riscos inflacionários, que são, ao lado dos problemas nos mercados imobiliário, de emprego e financeiro, "um desafio significativo" para o Fed. O banco central dos Estados Unidos tem a tarefa de manter a economia crescendo, ao mesmo tempo em que precisa conter a alta da inflação.
Os dados divulgados ontem mostraram que o PPI (inflação ao produtor) subiu 9,2% nos 12 meses até junho, atingindo o seu maior nível desde 1981. Como tem acontecido nos últimos meses, a alta nos preços de alimentos e energia puxou o aumento do índice. O CPI (inflação ao consumidor), que é acompanhado com mais atenção pelo banco central americano, será divulgado hoje.
Durante o depoimento aos senadores, Bernanke procurou fugir da palavra "recessão" para descrever a situação econômica do país, preferindo ressaltar que os gastos dos consumidor (principal motor da economia americana) e as exportações estão crescendo em "ritmo moroso" e que o mercado imobiliário continua se enfraquecendo.
Segundo Bernanke, a economia dos EUA vai crescer "consideravelmente" abaixo da sua média no restante do ano, devido ao enfraquecimento dos mercados imobiliários, ao aperto no crédito pelos bancos e aos altos custos de energia. Afirmou ainda que os dirigentes do Fed julgam que há "considerável incerteza" rondando o cenário de crescimento econômico e que os riscos estão "inclinados para baixo".
O depoimento de Bernanke aconteceu dois depois de o Fed e o governo americano anunciarem um pacote de ajuda para a Fannie Mae e a Freddie Mac, as duas gigantes do mercado hipotecário dos EUA. E o secretário do Tesouro, Henry Paulson, que também esteve no Senado, solicitou ao Congresso que aprove rapidamente as medidas que autorizem que o governo dos EUA compre bilhões de dólares em ações das duas empresas e empreste dinheiro para essas companhias.
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, também pediu ao Congresso, controlado pela oposição democrata, que vote logo as medidas, que visam conter a crise no setor de financiamento imobiliário. Ele disse ainda que os americanos devem "respirar profundamente" e se "dar conta" de que os seus depósitos estão protegidos pelo governo.


Com o "New York Times"


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