|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Autuação de empresas cresceu 160%
em SP
Na gestão de Lina Vieira, Receita concentrou ações na fiscalização de grandes contribuintes, como os do setor bancário
Em documento entregue a Mantega, ex-secretária diz que mudança de prioridade da Receita "incomodou muita gente graúda"
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Com o foco nos grandes contribuintes, as autuações aplicadas pela Receita Federal às empresas paulistas somaram R$
11,9 bilhões no primeiro semestre deste ano. Esse valor é 160%
maior do o que registrado no
primeiro semestre do ano passado, de R$ 4,6 bilhões.
O crescimento das autuações
às pessoas jurídicas é resultado
de mudanças nas regras de fiscalização da Receita conduzidas pela secretária Lina Maria
Vieira para intensificar o combate à sonegação de tributos federais -como Imposto de Renda, IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), e PIS/
Cofins. Em documento entregue por Lina ao ministro Guido
Mantega (Fazenda), após sua
demissão, ela afirma que o foco
de sua fiscalização "incomodou
muita gente graúda". No relatório, ela tenta demonstrar que a
queda na arrecadação, causada
por fatores como a retração
econômica, não pode ser atribuída à sua gestão no fisco.
A Folha apurou que, apesar
de apontar fortes pressões de
grandes grupos econômicos, o
fisco paulista vai manter a decisão de fortalecer as ações fiscais nas empresas.
Seguindo esse foco de fiscalização, operações como a realizada anteontem por auditores
fiscais e policiais federais na loja de móveis e artigos de luxo
da empresária Tania Bulhões,
suspeita de realizar importação irregular, devem ser cada
vez mais frequentes em SP.
No caso de pessoas físicas, as
autuações somaram R$ 521 milhões no primeiro semestre,
uma queda de 36% em relação
a igual período do ano passado
(de R$ 819 milhões). Essa redução era esperada, já que a Receita tirou do foco de fiscalização as pessoas físicas de menor
poder aquisitivo.
Em fevereiro, o fisco anunciou que iria liberar restituições de IR de pessoas físicas retidas nos últimos cinco anos,
presas na chamada malha fina,
como forma de colocar mais dinheiro nas mãos de contribuintes e minimizar os efeitos da
crise financeira.
Cerca de 185 mil restituições
retidas na malha fina de 2004 a
2007 foram verificadas e liberadas, segundo Luiz Sergio
Fonseca Soares, superintendente da Receita em São Paulo,
que informa que o fisco já começou a analisar as restituições retidas referentes a 2008.
"Os números do primeiro semestre deste ano são resultado
do foco da Receita nos grandes
contribuintes, como os bancos", afirma Fábio Ejchel, chefe
da Divisão de Fiscalização da
Receita Federal em São Paulo.
Neste ano, a Receita anunciou que pretendia aumentar
em mais de três vezes o número de auditores que fiscalizam
as instituições financeiras.
A delegacia especializada em
supervisionar esses contribuintes, instalada em São Paulo, pretende elevar de 20 para
70 o número de funcionários
envolvidos na fiscalização de
instituições financeiras.
Ofensiva
Apesar dos resultados positivos da fiscalização, a Folha
apurou que a Receita deverá
anunciar hoje queda na arrecadação em São Paulo e no país
no primeiro semestre em relação a igual período de 2008.
Ao anunciar os números, o
fisco deve enfatizar que a queda na arrecadação não é significativa, que reflete a retração
econômica e que o Brasil está
em situação melhor do que a
demonstrada em estudo sobre
30 países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).
Texto Anterior: Paulo Nogueira Batista Jr.: G14 ou G20? Próximo Texto: Receita está monitorando Petrobras, diz Lina Índice
|