|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMBUSTÍVEIS
Queda é de 12,4% e deve ser repassada aos consumidores; controle de preço é por pouco tempo, diz agência
ANP manda Petrobras baixar preço do gás
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A ANP (Agência Nacional do
Petróleo) determinou ontem que
a Petrobras terá de baixar, a partir
de segunda-feira, o preço do gás
de botijão na refinaria em 12,4%.
Segundo a agência, os revendedores e distribuidores do produto se
comprometeram a repassar integralmente a queda ao consumidor final.
Se for repassada toda a redução
na refinaria, o preço do botijão de
13 kg cairá dos atuais R$ 26,08
-valor médio na última pesquisa
da ANP- para R$ 22,85.
O valor, se confirmado, está
próximo ao teto estabelecido pelo
ministro de Minas e Energia,
Francisco Gomide, que tinha dado até hoje para o preço cair antes
de uma intervenção da ANP.
Essa foi a primeira vez que a
ANP decidiu controlar preços
desde a desregulamentação do setor de petróleo em janeiro deste
ano, quando os preços de toda a
cadeia passaram a ser livres.
Com a decisão, ficou arranhado
o discurso de abertura do setor,
no qual os preços deveriam ser livres para atrair novos investidores e acirrar a concorrência.
O diretor-geral da ANP, Sebastião do Rêgo Barros, admitiu que
o controle de preço não é o melhor cenário para atrair investidores "Mas como será por pouco
tempo, creio que o impacto na
atração de investimentos será pequeno."
Rêgo Barros justificou a intervenção dizendo que ela se deu por
causa "de uma conjuntura perversa" de alta explosiva do dólar e
elevação dos preços internacionais do petróleo em razão do conflito no Oriente Médio.
"Temos um ataque especulativo
que é quase uma guerra", disse,
em referência à pressão sobre o
mercado de câmbio.
Sem determinar um prazo, ele
afirmou que o controle de preços
"será transitório e pelo tempo
mais breve possível".
A ANP não quis estimar em
quanto tempo os consumidores
sentirão os efeitos da queda de
preço na refinaria. Se o preço final
não cair, afirmou Rêgo Barros,
não está descartado o controle de
preços nas distribuidoras e nos
revendedores.
Ao justificar sua decisão, Rêgo
Barros afirmou que ela foi tomada por ser "mais fácil e produtivo"
controlar o preço da Petrobras do
que o dos mais de 100 mil agentes
revendedores.
Há dez dias, quando o CNPE
(Conselho Nacional de Política
Energética) deu poderes à ANP
para tabelar preço, o ministro Gomide afirmara que o preço da Petrobras não era abusivo e que estava correto (de acordo com a fórmula de correção pelo dólar e pelo
preço internacional). Havia dito
que as revendas e distribuidoras
deveriam baixar seus preços a fim
de evitar o tabelamento.
Rêgo Barros disse que não foi
por causa de prática de preço abusivo que a Petrobras sofrerá controle, mas por "ocorrências e circunstâncias" adversas que distorceram os preços -a alta do dólar.
O diretor do Sindigás Agostinho Simões garantiu que a totalidade da redução na refinaria será
repassada aos clientes e que o preço tende a cair progressivamente.
A Petrobras informou apenas,
por meio de sua assessoria, que as
decisões do órgão regulador devem ser cumpridas. Nas refinarias, o preço médio do botijão do
GLP, que está em R$ 8,97, deve
cair para R$ 7,86.
Rêgo Barros afirmou que a Petrobras se comprometeu a não
desabastecer o país nem interromper as importações do produto, que representam 30% do total
consumido. Disse ainda que o
motivo para controlar o GLP é
por ele ser o mais "essencial dos
derivados de petróleo" (usado para cozinhar) e não tem substitutos
-exceto a lenha.
Petróleo
O preço do barril do petróleo
passou de US$ 29 ontem na Bolsa
Mercantil de Nova York e atingiu
a maior cotação dos últimos três
meses. A alta se explica pela redução das reservas dos EUA, que
caíram ao menor nível desde o começo de 2001, e pela expectativa
de que a Opep (Organização dos
Países Exportadores de Petróleo)
não eleve a produção durante sua
reunião do próximo mês.
O barril do óleo para entrega em
setembro disparou 3,2% ontem
em Nova York e encerrou o dia
cotado a US$ 29,06. Em Londres,
o barril encerrou o dia sendo negociado a US$ 26,80 (alta de
1,55%).
Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: Opinião Econômica - Luiz Carlos Mendonça de Barros: A política econômica em 2003 Índice
|