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EMPRESAS
Metade das companhias espera queda nas encomendas no período normalmente mais produtivo, revela Abinee
Ociosidade nos eletrônicos chega a 62%
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Números divulgados ontem
mostram o nível de debilidade do
setor eletrônico no país- que inclui áreas como telefonia, componentes, informática, eletrodomésticos e energia. A ociosidade nas
fábricas chega a 62%. Metade das
companhias avalia que, para o
terceiro trimestre -período em
que há disparada na produção-,
haverá redução nas encomendas.
Não há nenhuma expectativa de
crescimento das empresas neste
ano. A previsão era de aumento
de 7% nos negócios. Agora, deve
ficar no zero a zero.
Segundo os dados, apresentados pela Abinee, que representa
essa indústria, houve uma mudança. O déficit da balança comercial do setor (relação entre exportações e importações) caiu. As
companhias trouxeram bem menos insumos importados por causa do dólar alto. As exportações
caíram, mas nem tanto (6%).
Resultado: ainda foi verificado
um déficit de R$ 2,7 bilhões nas
contas. Esse número de déficit é
diferente do que foi divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento (veja texto ao lado) porque ele inclui produtos não listados pelo ministério.
Zero a zero
Nos primeiros seis meses do ano, o segmento teve queda de 1%
no faturamento líquido em relação ao ano passado, quando o
país tentava driblar os riscos de
um apagão nacional e as empresas acumularam perdas. Para este
semestre, espera-se tímida expansão de 1%. "Expectativa de crescimento não há, o que há é só um
desejo mesmo", diz Carlos de Paiva Lopes, presidente da Abinee.
Um dos melhores indicadores
da situação dessa indústria -dona de um faturamento de R$ 58
bilhões e que dá emprego para 126
mil pessoas -é a ociosidade. Em
junho, as empresas de informática, por exemplo, operavam com
64% de sua capacidade instalada.
Um ano antes, a taxa estava em
78%. No segmento de componentes, a variação caiu de 89% em junho de 2001 para 79% no mesmo
mês de 2002. O caso crítico é o setor de telefonia, que inclui os fabricantes de celulares.
Essas companhias trabalharam
com ociosidade de 62% em junho. Um ano antes, a taxa estava
em 6%. "Nesse patamar, a gente
fica com a linha de produção parada", diz Sérgio Galdieri, vice-presidente executivo da Abinee.
As previsões para este trimestre
não são muito animadoras. Das
150 companhias analisadas -que
respondem por 80% dos negócios
do setor-, a metade estima que
as encomendas devam cair. Essa
previsão é feita com os olhos das
empresas voltados para o que deveria ser o melhor trimestre do
ano -julho, agosto e setembro.
Nesse período, a produção dispara porque as companhias já começam a atender a demanda do
varejo para o final de ano.
Segundo o levantamento, 26%
das empresas prevêem que haverá estabilidade nos pedidos e 24%
esperam crescimento.
Além da estimativa para este trimestre, os técnicos ainda apresentaram o desempenho do segundo trimestre. Seis entre dez
empresas tiveram resultado abaixo do esperado. Três entre dez tiveram estabilidade e o restante das empresas (10% do total) apresentou crescimento.
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