São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 2002

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EMPRESAS

Metade das companhias espera queda nas encomendas no período normalmente mais produtivo, revela Abinee

Ociosidade nos eletrônicos chega a 62%

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Números divulgados ontem mostram o nível de debilidade do setor eletrônico no país- que inclui áreas como telefonia, componentes, informática, eletrodomésticos e energia. A ociosidade nas fábricas chega a 62%. Metade das companhias avalia que, para o terceiro trimestre -período em que há disparada na produção-, haverá redução nas encomendas. Não há nenhuma expectativa de crescimento das empresas neste ano. A previsão era de aumento de 7% nos negócios. Agora, deve ficar no zero a zero.
Segundo os dados, apresentados pela Abinee, que representa essa indústria, houve uma mudança. O déficit da balança comercial do setor (relação entre exportações e importações) caiu. As companhias trouxeram bem menos insumos importados por causa do dólar alto. As exportações caíram, mas nem tanto (6%).
Resultado: ainda foi verificado um déficit de R$ 2,7 bilhões nas contas. Esse número de déficit é diferente do que foi divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento (veja texto ao lado) porque ele inclui produtos não listados pelo ministério.

Zero a zero
Nos primeiros seis meses do ano, o segmento teve queda de 1% no faturamento líquido em relação ao ano passado, quando o país tentava driblar os riscos de um apagão nacional e as empresas acumularam perdas. Para este semestre, espera-se tímida expansão de 1%. "Expectativa de crescimento não há, o que há é só um desejo mesmo", diz Carlos de Paiva Lopes, presidente da Abinee.
Um dos melhores indicadores da situação dessa indústria -dona de um faturamento de R$ 58 bilhões e que dá emprego para 126 mil pessoas -é a ociosidade. Em junho, as empresas de informática, por exemplo, operavam com 64% de sua capacidade instalada. Um ano antes, a taxa estava em 78%. No segmento de componentes, a variação caiu de 89% em junho de 2001 para 79% no mesmo mês de 2002. O caso crítico é o setor de telefonia, que inclui os fabricantes de celulares.
Essas companhias trabalharam com ociosidade de 62% em junho. Um ano antes, a taxa estava em 6%. "Nesse patamar, a gente fica com a linha de produção parada", diz Sérgio Galdieri, vice-presidente executivo da Abinee.
As previsões para este trimestre não são muito animadoras. Das 150 companhias analisadas -que respondem por 80% dos negócios do setor-, a metade estima que as encomendas devam cair. Essa previsão é feita com os olhos das empresas voltados para o que deveria ser o melhor trimestre do ano -julho, agosto e setembro. Nesse período, a produção dispara porque as companhias já começam a atender a demanda do varejo para o final de ano.
Segundo o levantamento, 26% das empresas prevêem que haverá estabilidade nos pedidos e 24% esperam crescimento.
Além da estimativa para este trimestre, os técnicos ainda apresentaram o desempenho do segundo trimestre. Seis entre dez empresas tiveram resultado abaixo do esperado. Três entre dez tiveram estabilidade e o restante das empresas (10% do total) apresentou crescimento.


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