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SALTO NO ESCURO
Ministra diz que país terá folga no fornecimento de energia nos próximos quatro anos e não vê risco de blecaute
Dilma descarta apagão como o americano
JULIANA RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
A ministra de Minas e Energia,
Dilma Rousseff, praticamente
descartou a possibilidade de um
apagão generalizado no Brasil como o ocorrido na quinta-feira nos
Estados Unidos.
Segundo a ministra, o Brasil tem
hoje uma folga maior no uso da
rede de energia. Além disso, investiu nos sistemas de transmissão e já detém mecanismos para
isolar eventuais falhas.
"Eu só não vou dizer que o risco
é nulo porque não quero atrair a
ira dos deuses", brincou Dilma,
batendo três vezes numa mesa de
madeira.
A ministra calcula que o Brasil
está livre de um apagão nos próximos quatro anos, mesmo se a economia do país crescer a um ritmo
anual de 4,5%.
A analista de energia elétrica da
Sudameris Corretora, Rosângela
Ribeiro, concorda com a ministra. De acordo com a analista, o
Brasil conta atualmente com uma
sobra de energia de 7.590 MW,
sem contar 2.000 MW de energia
térmica emergencial.
Esse total deverá cair progressivamente até 2.859 MW em 2007.
"A partir de 2007, precisaremos
pensar em novos projetos", afirmou a analista.
Prevenção
A ministra Dilma também defendeu novos investimentos em
energia e lembrou que alguns deles já estão em andamento. Recentemente, o MME (Ministério
de Minas e Energia) montou um
grupo de trabalho para evitar que
problemas pontuais atrasem a
conclusão das obras.
Entre os obstáculos enfrentados
pelas empresas estão a obtenção
de licenças ambientais e dificuldades financeiras, itens que serão
tratados com mais cautela em futuras licitações. "Por falta de regras claras no modelo, as empresas não sabem qual será o preço
das tarifas. Portanto, não conseguem projetar seu fluxo futuro de
caixa e, consequentemente, encontram dificuldades para obter
financiamentos", observou Rosângela Ribeiro.
Um outro grupo de trabalho do
MME está elaborando, juntamente com as empresas, um índice de
correção de tarifas para o setor.
Novas concessões
Quanto às novas licitações, a
ministra garantiu que só haverá
concessões para geração de energia se houver demanda para o insumo e a autorização prévia do
IBAMA (Instituto Brasileiro de
Meio Ambiente).
No que diz respeito à transmissão, o governo está realizando um
processo de licitação para sete
blocos de linhas. Segundo Dilma,
já existem 45 empresas interessadas na concorrência, o que poderá se traduzir em investimentos
de R$ 1,776 bilhão no setor, de
acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
A ministra comparou o apagão
ocorrido nos EUA nesta semana
ao que aconteceu no Brasil em
1999.
"Naquela época, o sistema brasileiro estava funcionando sem
nenhum investimento havia muitos anos e operava com um nível
extremamente alto de utilização.
Havia ainda um baixo grau de
manutenção", disse.
A ministra destacou ainda que o
sistema elétrico americano se baseia em energia térmica (termelétricas e usinas nucleares), cujos
sistemas geralmente demoram
mais a ser reparados do que os sistemas hídricos, principal fonte
energética do Brasil.
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