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Comércio cresce 9,9% no 1º semestre
Taxa semestral é a maior medida pelo IBGE desde 2001; no ano, houve expansão de vendas em todos os meses até junho
Juro menor, prazo maior
para pagamento, salários
em alta e dólar em baixa
favoreceram aumento de
vendas, segundo instituto
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
As vendas do comércio varejista fecharam o primeiro semestre de 2007 com crescimento de 9,9% -mais do que
os 5,7% registrados em igual
período de 2006. Foi a melhor
marca semestral desde o início
da pesquisa do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2001, e supera a expansão de 9,3% dos seis primeiros meses de 2004, ano de forte
expansão econômica (5,7%).
Para Reinaldo Pereira, economista da coordenação de
Serviços e Comércio do IBGE, a
"conjuntura econômica favorável" impulsionou o varejo. Entre fatores positivos, citou juros
mais baixos, prazos mais longos de financiamento, renda,
emprego e massa salarial em alta e inflação controlada.
Segundo ele, a desvalorização do dólar também teve "papel importante" para estimular
o setor, ao baratear produtos
importados.
Com tal cenário, o comércio
varejista cresceu em todos os
seis primeiros meses do ano na
comparação livre de influências sazonais com os meses
imediatamente anteriores. Em
junho, a expansão foi de 0,4%
-em maio, havia sido de 0,6%.
Na comparação com junho de
2006, as vendas subiram 11,8%.
Entre os setores com mais
peso no varejo, o melhor desempenho ficou com móveis e
eletrodomésticos, beneficiado
por prazos mais longos de financiamento e crédito em expansão. As vendas subiram
16,5% no primeiro semestre.
No caso de híper e supermercados e demais lojas de alimentos, setor que segue o comportamento da renda, a expansão
ficou em 7%, abaixo da média.
De acordo com o economista
Carlos Thadeu de Freitas, da
CNC (Confederação Nacional
do Comércio), o "descompasso" entre os dois setores acontece porque o crédito se expandiu a uma taxa superior à massa
salarial no primeiro semestre
-13,1%, ante 6,4%.
Os dados do comércio, diz,
surpreenderam positivamente
e vão impulsionar o PIB do segundo trimestre. No começo do
ano, as previsões indicavam
uma expansão de 6,5% do varejo. Agora, indicam crescimento
de 9% em 2007.
O câmbio favorável às vendas
de importados, segundo Freitas, explica, em parte, esse desempenho melhor do que o
previsto. Justifica ainda o descolamento entre a produção de
indústria -alta de 4,8% no primeiro semestre- e as vendas
do comércio, cuja demanda está sendo atendida parcialmente por importações.
Para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), os dados do varejo
mostram que o consumo interno cresce a uma velocidade
maior do que a produção, porque a valorização do real retirou "competitividade" da indústria. A solução, diz, é buscar
ganhos de produtividade para
conviver com o câmbio.
Freitas, da CNC, avalia que
apenas um fator é capaz de brecar o comércio no segundo semestre: a turbulência no mercado financeiro mundial causada pela "bolha imobiliária" e
suas conseqüências na política
monetária brasileira.
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