São Paulo, quinta-feira, 16 de agosto de 2007

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Comércio cresce 9,9% no 1º semestre

Taxa semestral é a maior medida pelo IBGE desde 2001; no ano, houve expansão de vendas em todos os meses até junho

Juro menor, prazo maior para pagamento, salários em alta e dólar em baixa favoreceram aumento de vendas, segundo instituto

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

As vendas do comércio varejista fecharam o primeiro semestre de 2007 com crescimento de 9,9% -mais do que os 5,7% registrados em igual período de 2006. Foi a melhor marca semestral desde o início da pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2001, e supera a expansão de 9,3% dos seis primeiros meses de 2004, ano de forte expansão econômica (5,7%).
Para Reinaldo Pereira, economista da coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, a "conjuntura econômica favorável" impulsionou o varejo. Entre fatores positivos, citou juros mais baixos, prazos mais longos de financiamento, renda, emprego e massa salarial em alta e inflação controlada.
Segundo ele, a desvalorização do dólar também teve "papel importante" para estimular o setor, ao baratear produtos importados.
Com tal cenário, o comércio varejista cresceu em todos os seis primeiros meses do ano na comparação livre de influências sazonais com os meses imediatamente anteriores. Em junho, a expansão foi de 0,4% -em maio, havia sido de 0,6%. Na comparação com junho de 2006, as vendas subiram 11,8%.
Entre os setores com mais peso no varejo, o melhor desempenho ficou com móveis e eletrodomésticos, beneficiado por prazos mais longos de financiamento e crédito em expansão. As vendas subiram 16,5% no primeiro semestre.
No caso de híper e supermercados e demais lojas de alimentos, setor que segue o comportamento da renda, a expansão ficou em 7%, abaixo da média.
De acordo com o economista Carlos Thadeu de Freitas, da CNC (Confederação Nacional do Comércio), o "descompasso" entre os dois setores acontece porque o crédito se expandiu a uma taxa superior à massa salarial no primeiro semestre -13,1%, ante 6,4%.
Os dados do comércio, diz, surpreenderam positivamente e vão impulsionar o PIB do segundo trimestre. No começo do ano, as previsões indicavam uma expansão de 6,5% do varejo. Agora, indicam crescimento de 9% em 2007.
O câmbio favorável às vendas de importados, segundo Freitas, explica, em parte, esse desempenho melhor do que o previsto. Justifica ainda o descolamento entre a produção de indústria -alta de 4,8% no primeiro semestre- e as vendas do comércio, cuja demanda está sendo atendida parcialmente por importações.
Para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), os dados do varejo mostram que o consumo interno cresce a uma velocidade maior do que a produção, porque a valorização do real retirou "competitividade" da indústria. A solução, diz, é buscar ganhos de produtividade para conviver com o câmbio.
Freitas, da CNC, avalia que apenas um fator é capaz de brecar o comércio no segundo semestre: a turbulência no mercado financeiro mundial causada pela "bolha imobiliária" e suas conseqüências na política monetária brasileira.


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