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BNDES tem lucro recorde de R$ 4,4 bi
Resultado supera o dos principais bancos comerciais, com reversão de créditos e desempenho de ações
Desembolsos do banco até julho somam R$ 31,2 bi; banco decidiu aumentar limite de empréstimos
deste ano para R$ 65 bi
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) teve lucro recorde
de R$ 4,43 bilhões no primeiro
semestre. O resultado representa aumento de 34% em relação a igual período do ano passado e supera os ganhos obtidos
pelos principais bancos comerciais brasileiros, como Itaú (R$
4,016 bilhões) e Bradesco (R$
4,007 bilhões).
Segundo Luciano Coutinho,
presidente do banco, o desempenho foi puxado pela recuperação de créditos da ordem de
R$ 1,2 bilhão. "Houve uma melhoria na carteira de crédito
que resultou em ganho extraordinário de rentabilidade."
A principal operação foi a recuperação de R$ 424 milhões
devidos pela SEB (Southern
Electric Brasil), controlada pela AES. A SEB obteve empréstimo, na década de 90, para compra de ações da Cemig. A dívida
com o banco chega hoje a US$ 1
bilhão (R$ 2 bilhões).
O banco conseguiu na Justiça o direito de receber os dividendos das ações da Cemig que
estão em posse da SEB. Os papéis foram dados como garantia na operação.
Além disso, o BNDES desenvolveu uma metodologia própria para a avaliação de "ratings" (nota de risco) de Estados e municípios e com isso
conseguiu reduzir as provisões
de 2,87% para 2,54% da carteira. O banco afirma que esses
eventos não devem se repetir
nos próximos anos porque o nível de inadimplência está na
faixa de 0,3% da carteira, patamar inferior à média do setor
bancário.
Na carteira de ações da
BNDESPar, o banco destaca a
venda de papéis, de R$ 1,3 bilhão, e a receita de dividendos e
juros sobre capital próprio, de
R$ 548 milhões. O resultado do
banco com participações societárias somou R$ 2,259 bilhões
até junho.
O patrimônio de referência
do banco chegou a R$ 40,5 bilhões e praticamente dobrou
desde 2004. Ele é usado no cálculo do limite de quanto o
BNDES pode emprestar a cada
empresa. Segundo Coutinho, o
aumento é resultado do esforço
de capitalização feito nos últimos anos.
Desembolsos
Até julho, o BNDES emprestou R$ 31,2 bilhões, resultado
38,2% superior ao de igual período do ano passado. Houve
aumento de 93,2% no total de
operações, que chegaram a
119.446. Coutinho destacou o
aumento dos empréstimos para infra-estrutura, de 35,8%,
em razão do financiamento para obras do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
Os principais destaques na
infra-estrutura foram os setores de construção, energia elétrica e transportes. A indústria
teve alta de 33,4% e os setores
com maior demanda foram
metalurgia (404%), química e
petroquímica (192%) e agroindústria (110,6%).
Nos últimos 12 meses, os desembolsos somam R$ 60,9 bilhões. Diante do aumento da
demanda, o conselho de administração elevou o teto de empréstimos para este ano de R$
61 bilhões para R$ 65 bilhões. A
perspectiva é que o banco precise de ainda mais recursos para o próximo ano.
"Em 9 de novembro [deste
ano] teremos outra reunião para falar sobre o orçamento.
Acreditamos que em 2008 e
2009 vamos ter de melhorar o
nosso "funding" para atender à
demanda crescente por financiamentos", disse Coutinho.
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