São Paulo, quinta-feira, 16 de agosto de 2007

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BNDES tem lucro recorde de R$ 4,4 bi

Resultado supera o dos principais bancos comerciais, com reversão de créditos e desempenho de ações

Desembolsos do banco até julho somam R$ 31,2 bi; banco decidiu aumentar limite de empréstimos deste ano para R$ 65 bi

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) teve lucro recorde de R$ 4,43 bilhões no primeiro semestre. O resultado representa aumento de 34% em relação a igual período do ano passado e supera os ganhos obtidos pelos principais bancos comerciais brasileiros, como Itaú (R$ 4,016 bilhões) e Bradesco (R$ 4,007 bilhões).
Segundo Luciano Coutinho, presidente do banco, o desempenho foi puxado pela recuperação de créditos da ordem de R$ 1,2 bilhão. "Houve uma melhoria na carteira de crédito que resultou em ganho extraordinário de rentabilidade."
A principal operação foi a recuperação de R$ 424 milhões devidos pela SEB (Southern Electric Brasil), controlada pela AES. A SEB obteve empréstimo, na década de 90, para compra de ações da Cemig. A dívida com o banco chega hoje a US$ 1 bilhão (R$ 2 bilhões).
O banco conseguiu na Justiça o direito de receber os dividendos das ações da Cemig que estão em posse da SEB. Os papéis foram dados como garantia na operação.
Além disso, o BNDES desenvolveu uma metodologia própria para a avaliação de "ratings" (nota de risco) de Estados e municípios e com isso conseguiu reduzir as provisões de 2,87% para 2,54% da carteira. O banco afirma que esses eventos não devem se repetir nos próximos anos porque o nível de inadimplência está na faixa de 0,3% da carteira, patamar inferior à média do setor bancário.
Na carteira de ações da BNDESPar, o banco destaca a venda de papéis, de R$ 1,3 bilhão, e a receita de dividendos e juros sobre capital próprio, de R$ 548 milhões. O resultado do banco com participações societárias somou R$ 2,259 bilhões até junho.
O patrimônio de referência do banco chegou a R$ 40,5 bilhões e praticamente dobrou desde 2004. Ele é usado no cálculo do limite de quanto o BNDES pode emprestar a cada empresa. Segundo Coutinho, o aumento é resultado do esforço de capitalização feito nos últimos anos.

Desembolsos
Até julho, o BNDES emprestou R$ 31,2 bilhões, resultado 38,2% superior ao de igual período do ano passado. Houve aumento de 93,2% no total de operações, que chegaram a 119.446. Coutinho destacou o aumento dos empréstimos para infra-estrutura, de 35,8%, em razão do financiamento para obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Os principais destaques na infra-estrutura foram os setores de construção, energia elétrica e transportes. A indústria teve alta de 33,4% e os setores com maior demanda foram metalurgia (404%), química e petroquímica (192%) e agroindústria (110,6%).
Nos últimos 12 meses, os desembolsos somam R$ 60,9 bilhões. Diante do aumento da demanda, o conselho de administração elevou o teto de empréstimos para este ano de R$ 61 bilhões para R$ 65 bilhões. A perspectiva é que o banco precise de ainda mais recursos para o próximo ano.
"Em 9 de novembro [deste ano] teremos outra reunião para falar sobre o orçamento. Acreditamos que em 2008 e 2009 vamos ter de melhorar o nosso "funding" para atender à demanda crescente por financiamentos", disse Coutinho.


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