São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2008

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Commodities em queda afetarão AL, diz agência

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Estudo da agência de classificação de risco Moody's diz que o crescimento econômico na América Latina será prejudicado pela queda nos preços das commodities nos mercados internacionais. Mas, diferentemente de outras crises, a região estaria agora mais preparada, com reservas e indústria, para absorver o choque.
Segundo Alfredo Coutino, economista-sênior para a América Latina, as exportações de produtos primários da região representou cerca de 45% do total vendido nos últimos cinco anos. Por outro lado, diz, as exportações de bens industriais contaram 55% do total na região.
"Isso representa uma mudança estrutural a respeito das proporções no início dos anos 90, quando exportações de básicos representavam 60% e de manufaturados só 40%. Isso prova que aqueles que ainda acreditam que a América Latina ainda é uma república de bananas estão totalmente errados", afirma la o economista.
Segundo o estudo, a queda nos preços de commodities vai "indubitavelmente ter um impacto na região, mas não vai causar uma crise como muitas pessoas acreditam". Isso porque, argumenta Coutino, a queda nas vendas externas vai induzir menores gastos dos países. Ou seja, haverá menor crescimento, mas sem crise.
O estudo cita os casos do Brasil e do Chile como países que "economizaram" o excedente obtido com as exportações das commodities em tempos de alta para o período de vacas magras.
"Houve um aumento não apenas nos investimentos de infra-estrutura e programas sociais mas também alguns governos puderam guardar parte desses recursos externos em reservas internacionais ou fundos soberanos, como no caso do Chile e do Brasil", explica.
Coutino afirma que o preço das commodities passa por uma mudança estrutural e não apenas transitória, já que as cotações estavam em patamares muito altos e há uma tendência firme de queda. Como resultado, os países latino-americanos terão menos investimentos estrangeiros e seu crescimento deve se limitar a 4,5%.
"A queda nos preços internacionais vai afetar apenas a performance da região em relação ao crescimento adicional acima da taxa potencial, estimada em 4,5%."
A Moody's é conhecida pela concessão de ratings, como o grau de investimento. Mas o estudo sobre a América Latina foi produzido por uma subsidiária da agência. O estudo é considerado independente e não reflete necessariamente a mesma opinião da agência de rating.


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