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GLOBALIZAÇÃO
Relatório do Banco Mundial afirma que 1,5 bilhão de pessoas vivem com menos de US$ 1 por dia
Abertura não reduz pobreza, diz Bird
GILSON SCHWARTZ
Da Equipe de Articulistas
O novo relatório do Bird (Banco
Mundial), divulgado ontem, mostra que no período de maior adesão ao neoliberalismo aumentaram a pobreza e o protecionismo
em escala internacional.
A receita liberal ganhou força
nos anos 80 e os países em desenvolvimento aderiram rapidamente aos seus três principais ingredientes: abriram seus mercados,
reduziram o papel do Estado e estimularam a entrada de investimentos estrangeiros.
Em números absolutos, a quantidade de pessoas vivendo com
menos de US$ 1 por dia passou de
1,2 bilhão em 1987 para 1,5 bilhão
hoje. Segundo o Banco Mundial,
se as tendências recentes persistirem, em 2015 haverá 1,9 bilhão de
pessoas nessas condições. Como
proporção da população, a América Latina está entre as regiões
onde a pobreza mais cresce.
O relatório lembra ainda que a
relação entre melhoria na renda
média e redução da pobreza nem
sempre andam juntas, pois, mesmo quando a renda média aumenta, a redução da pobreza pode não ocorrer no mesmo ritmo.
De 4,4 bilhões de pessoas vivendo em países em desenvolvimento, cerca de 60% não têm acesso a
condições básicas de saneamento,
um terço não sabe o que é água
limpa, 25% não têm moradia adequada e 20% estão sem acesso a
serviços médicos. Entre as crianças, 20% não completam cinco
anos de escolaridade nem se alimenta de modo adequado.
O futuro seria menos assustador se houvesse razões para crer
na liberalização do comércio internacional, há quatro séculos
cantada em prosa e verso pelos
economistas como um fator essencial de desenvolvimento.
Mas o Banco Mundial alerta para as reações protecionistas cada
vez mais intensas, em especial nos
países industrializados. O número de processos antidumping (ou
seja, contra práticas comerciais
consideradas desleais por produtores domésticos) tem aumentado desde os anos 80. Para o Bird,
no futuro vai ser cada vez mais difícil manter o apoio às reformas liberais. As dificuldades são previstas para os próximos 25 anos.
A última esperança talvez esteja
no investimento estrangeiro direto. O Banco Mundial aponta um
estoque de poupança global da
ordem de US$ 13,7 trilhões no ano
2000. Em tese, todo esse dinheiro
está em busca de retornos atraentes, típicos das regiões em desenvolvimento. O lado frustrante está
não apenas na volatilidade dos capitais, mas no fato de que no máximo 25% dos recursos vão para
países em desenvolvimento. Ou
seja, o investimento é tão concentrado quanto a riqueza mundial.
O relatório chama a atenção para formas menos discutidas de
promoção do desenvolvimento,
como o planejamento nas grandes cidades, a preocupação com
os efeitos da destruição do meio
ambiente e os desafios das novas
formas de inovação, especialmente nas tecnologias de informação.
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