São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2004

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CRISE NO AR

Medida foi tomada após pedido de concordata da americana, que havia solicitado 22 aeronaves; ação cai na Bolsa

Embraer cancela encomendas da US Airways

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS


A Embraer confirmou ontem a suspensão temporária das entregas de aeronaves à US Airways. A medida foi tomada depois de um novo pedido de concordata pela companhia americana, sétima maior empresa de aviação dos EUA. É a segunda vez em dois anos que a US Airways pede proteção judicial contra os credores.
A decisão de suspender as entregas de jatos foi informada na segunda-feira aos funcionários da Embraer pelo diretor presidente da empresa, Maurício Botelho.
"Trata-se [o pedido de concordata] de um acontecimento de imediatas e graves conseqüências para a Embraer. Nossas entregas à US Airways, que totalizam 22 aeronaves Embraer 170 até o momento, estão temporariamente suspensas até que se esclareça o novo quadro", diz Botelho em um informativo interno da empresa.
"Consequentemente, é de se esperar que nossas metas de produção para 2004 e 2005 venham a ser afetadas", afirmou ainda.
A ação preferencial da empresa na Bovespa teve sua segunda maior alta (2,7%) na segunda-feira, mas no pregão de ontem a ação preferencial da Embraer teve a maior desvalorização (-2,9%).
De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (91 km de SP), onde fica a fábrica da Embraer, Adílson dos Santos, a empresa garantiu que a decisão não ocasionará demissões. "A direção da Embraer me informou que reduzirá o volume de horas extras dos funcionários. Mas me garantiu que não haverá demissões".
A US Airways é o principal cliente das aeronaves Embraer 170. Em maio de 2003, a empresa encomendou 85 jatos à empresa brasileira e fez opção de compra de outras 50. O negócio, convertidas as opções, supera os US$ 6 bilhões. Das 85 aeronaves, 22 já foram entregues pela Embraer. Para cumprir a meta de entregas deste ano, faltam ainda 14.
A competição e a alta nos preços dos combustíveis têm sido os principais obstáculos à recuperação financeira da US Airways.
Em 2002, a primeira concordata teve como pano de fundo a crise no setor de aviação dos EUA causada pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
Para driblar os obstáculos, a empresa aposta em contratos na área militar. Em agosto, a empresa anunciou que participará do consórcio liderado pela americana Lockheed Martin fornecendo o aviação ERJ 145 para o Exército e a Marinha dos EUA. A Embraer deve levar US$ 1,5 bilhão.


Com a Folha Online


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