São Paulo, quarta, 16 de setembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EMPRESARIADO
Grupo condenava política de estabilização
FHC também foi porta-voz do Iedi

FREDERICO VASCONCELOS
da Reportagem Local

No final do governo Collor, um documento dos empresários do Iedi, condenando a política de "estabilização a qualquer custo", foi entregue ao então vice-presidente Itamar Franco por um portador muito especial: o senador Fernando Henrique Cardoso.
O Iedi propunha, entre outras coisas, a retomada do crescimento econômico por meio do "fortalecimento dos bancos públicos".
O portador chegou à presidência da República, com apoio do empresariado, os bancos públicos caíram em desgaste, e a "estabilização a qualquer custo" foi mantida no governo FHC.
"O que nos anima é que esse governo compreende os empresários. Não há conflito", dizia, em agosto do ano passado, Eugênio Staub, recém-eleito na presidência do Iedi, depois de um jantar dos industriais desse grupo com FHC.
O Iedi nasceu discretamente, em junho de 1989, reunindo industriais de peso, como José Ermírio de Moraes, Cláudio Bardella, Jorge Gerdau Johannpeter e Paulo Villares, e outros de menor cacife, mas influentes, à época, como Bruno Nardini, Ricardo Semler e Sylvio Tuma Salomão.
Foram fundadores do Iedi industriais que perderiam o comando de suas empresas, com a abertura, como Abraham Kasinski e José Mindlin (a Metal Leve era representada no Iedi por Celso Lafer) e Sérgio Prosdócimo.
Em 1993, Paulo Cunha, então presidente do Iedi, alertava para os riscos de sucateamento da indústria, com uma liberalização comercial abrupta.
Atuando em "low profile" e distante da Fiesp -quando a federação se dedicava ao feijão com arroz das questões imediatas do setor e tinha mais voz- o Iedi contratou especialistas, com o propósito de formular uma política industrial articulada a um projeto nacional de desenvolvimento.
Tão discretamente quanto os jantares e encontros com governantes, o Iedi -durante todos esses anos- recebeu sugestões e trocou idéias com políticos e dirigentes sindicais de todas as tendências.
O Iedi fez algumas tentativas de voltar à pirâmide da avenida Paulista, sob a forma de um conselho superior -idéia levada em banho-maria por Mario Amato e não aceita pelo seu sucessor, Carlos Eduardo Moreira Ferreira.
Horácio Piva, o presidente-eleito da Fiesp, abriu as portas para esse grupo, propondo a formação de um conselho consultivo. Ele também tem outros laços com o instituto. Um dos fundadores do Iedi é o empresário Pedro Franco Piva, pai de Horacio Piva e senador pelo PSDB paulista.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.