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ELETRÔNICA
Medo de assaltos e sequestros atrai multinacionais para disputar setor que cresce entre 25% e 30% ao ano no país
Violência alimenta indústria da segurança
CÉLIA CHAIM
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é filme de mocinho e bandido ou de super-heróis que
voam em carros blindados e que,
ao apertar um botão, explodem
tudo ao seu redor.
O mundo real ultrapassou a
imaginação do cinema e a indústria que experimenta os maiores
sucessos de bilheteria não é, infelizmente, a cinematográfica.
Os índices sempre crescentes de
violência nas grandes cidades alimentam a prosperidade de um jovem setor no país que faz de quase
tudo para tentar livrar as pessoas
do perigo: a indústria especializada em segurança eletrônica.
Um setor cuja projeção de faturamento neste ano alcança US$
650 milhões, dos quais 63% assegurados pela região Sudeste.
É um setor que cresce num ritmo de 25% a 30% ao ano, segundo o acompanhamento da Associação Brasileira das Empresas de
Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese). Constituído por 3.500
empresas, principalmente médias, pequenas e micro, exibe um
potencial dos mais atraentes.
Tão atraente que grandes multinacionais já começam a fazer negócios no setor: a alemã Siemens
está comprando a Graber, 100%
nacional (apesar da origem suíça), apontada como a maior da
América Latina em seu negócio.
O que atraiu os alemães foi o extraordinário potencial de crescimento do mercado, que avança
em sintonia com o aumento da
violência e do medo.
Só na área de imóveis, o tamanho desse mercado é estimado
em 3 milhões de residências. Apenas 6% desse total tem algum
equipamento de proteção.
Oferta variada
De vidraças blindadas contra
balas perdidas a instrumentos
com sistema de rádio quase invisíveis que, em um sequestro, permitem à vítima emitir discretamente sinais de dentro de um
porta-malas, as indústrias de segurança oferecem novidades tecnológicas que parecem saídas de
um filme de ficção. Ou da Casa
Branca, onde os carros blindados
dos presidentes são verdadeiros
cardápios periódicos de lançamentos.
O primeiro carro blindado, projetado pelos engenheiros da
O'Gara-Hess & Eisenhardt, empresa internacional especializada
em blindagem, foi criado em
1942, durante a Segunda Guerra
Mundial, para Franklin D. Roosevelt, presidente dos EUA.
Originalmente, a O'Gara dedicava-se a produtos mais inocentes, como carruagens sob encomenda. Hoje, quando a segurança
deixou de ser um privilégio de
chefes de Estado, a empresa se
sente à vontade para propor aos
clientes "que sua tranquilidade
pode ser blindada".
Preços caem
No Brasil, as vendas das empresas de blindagem dobraram no
ano passado. Os custos vêm caindo, e hoje estão na faixa de R$ 40
mil por veículo.
A sofisticação dos produtos, por
outro lado, aumenta. A blindagem, por exemplo, tem a opção
do "nível urbano", ou "anti-sequestro", que defende contra armas dos mais variados calibres e,
até, alguns explosivos, além de
grande variedade de acessórios,
como o sistema de sirene e walkie-talkie, que permite a comunicação com o exterior do carro sem
a abertura das janelas.
No Salão do Automóvel que se
realiza em São Paulo, faz sucesso a
trava antifurto automática, lançada pela Mul-T-Lock, fabricante
também de portas à prova de arrombamento.
A trava é instalada no console
do carro e trava o câmbio por
meio de um pino de aço quando o
motorista desliga o veículo.
Sucesso em Israel, país de origem da Mul-T-Lock, a trava chega
ao Brasil por R$ 350. "Esse é um
mercado em constante crescimento e inovação", diz o empresário Ilan Rubinstein, dono da
empresa Valetron - Alarmes,
Controles e Comunicação.
Com oito empregados e muitas
representações, Rubinstein está
lançando o Televoicer, para condomínios, shopping centers, galerias etc. "Um verdadeiro ovo de
Colombo", diz ele. De fácil instalação, o equipamento, ao ser acionado, transmite uma mensagem
previamente gravada, indicando
o local do perigo.
Outro produto que promete dar
trabalho aos bandidos é o Pro-T-Cerca, uma cerca com lâminas
cortantes que, no mínimo, atrapalha a mais ousada tentativa de
invasão. Também é da Mul-T-Lock e é vendida em embalagens
de 12 até 60 metros.
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