São Paulo, sábado, 16 de outubro de 2004

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BARRIL DE PÓLVORA

Alan Greenspan

Petróleo tem impacto menor hoje, diz Fed

DA REDAÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

O atual movimento de alta nas cotações do petróleo provavelmente terá um impacto menor na economia mundial do que os choques da commodity nos anos 70, disse ontem o presidente do Federal Reserve (o banco central americano), Alan Greenspan.
Em discurso para uma fundação em Washington, ele disse que a economia irá se adaptar aos novos preços -que ontem voltaram a quebrar recordes- por meio do aumento na produção e na exploração do petróleo e elevando a eficiência dos combustíveis. Greenspan ainda demonstrou crença na capacidade do mercado de amenizar os efeitos da alta.
O barril fechou ontem a US$ 54,93 na Bolsa Mercantil de Nova York, com alta de 0,31 %. Durante o pregão, a cotação chegou a US$ 55 pela primeira vez na história. O presidente do Fed destacou ainda que os preços, apesar de terem subido mais de 70% em Nova York desde o início do ano, ainda representam apenas 60% dos registrados no início dos anos 80, se for considerada a inflação.
Ele, porém, declarou que, "sem dúvida, teremos de conviver com as incertezas nos mercados do petróleo por algum tempo".

Sinal de alerta
O impacto dos preços da energia devem "consumir" cerca de 0,75 ponto percentual no PIB (Produto Interno Bruto) americano neste ano, de acordo com Greenspan, que já havia alertado para os efeitos negativos em ocasiões anteriores.
"Obviamente, os riscos de conseqüências negativas mais sérias se intensificarão se os preços subirem significativamente", alertou Greenspan. Ele, porém, acredita que a tecnologia existente atualmente e eventuais melhorias causadas pelo aumento dos preços deverão ser suficientes para assegurar o fornecimento de energia por muito tempo.

Mercado no Brasil
O discurso apaziguador de Greenspan ajudou a manter o mercado financeiro calmo. A Bovespa subiu 1,78%, embora tenha fechado em queda na semana de 2,34%. Já o dólar encerrou as operações ontem vendido a R$ 2,857, com um recuo de 0,56%.
Na próxima quarta, o Copom anuncia a nova taxa básica de juros da economia. A aposta predominante das instituições financeiras é que a Selic subirá dos atuais 16,25% para 16,50%.
Ontem o mercado doméstico deu uma trégua e as projeções futuras de juros recuaram um pouco. Mas o resultado da semana foi de alta das taxas. O contrato DI (Depósito Interfinanceiro) com resgate daqui a um ano fechou na BM&F com taxa de 17,52%, contra os 17,61% de anteontem. Supera, porém, os 17,27% de sexta-feira da semana anterior.
O Bradesco prevê que haverá aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica (Selic). O Bradesco levanta alguns pontos para justificar sua opinião, dentre eles o ritmo forte da atividade econômica, marcado pelo crescimento da produção industrial de agosto.
As ações ON (com direito a voto) da Petrobras subiram 2,02% ontem na Bolsa. Mas na semana essas ações acumularam perdas de 5,16%. O reajuste dos combustíveis anunciado pela Petrobras na quinta veio abaixo do esperado e decepcionou o mercado.
(FABRICIO VIEIRA)


Com agências internacionais

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