São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 2008

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MERCADO ABERTO

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Serra critica política de venda de dólar do BC

O governador de São Paulo, José Serra, afirma que o Banco Central está adotando uma política errada de venda de dólar para reativar as linhas de financiamento à exportação. De acordo com o governador, os bancos tendem a ficar com esses dólares, e não repassam para quem precisa.
"O Banco Central está atuando erradamente, pois está vendendo dólar à vista [das reservas] e linhas de financiamento para exportadores por intermédio dos "dealers" [bancos], que tendem a ficar com esses dólares, e não repassá-los para quem precisa", diz Serra.
Segundo o governador paulista, para empresas exportadoras consideradas muito boas, o custo do financiamento para 90 dias está saindo em média 17% ao ano em dólar, uma taxa extremamente elevada e que tornam inviáveis essas operações de financiamento.
Serra defende que os dólares sejam injetados na economia via alguma entidade que repasse os dólares diretamente para quem precisa e sugere, por exemplo, o nome do Banco do Brasil como a instituição responsável pela operação.
O BC comete o mesmo erro na liberalização dos compulsórios. Com taxas de juros elevadíssimas, num momento em que os BCs do mundo inteiro afrouxam a política monetária, os bancos usam os recursos liberados do compulsório para aplicação em títulos públicos.
O argumento que tem sido usado pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirel- les, é que há distinção entre política de liquidez (a liberalização de uma parte do compulsório) e política monetária (juros altos). Muitos economistas contestam essa tese.
Tanto uma como a outra medida -compulsório e juros- fazem parte da política monetária. Para a liberação do compulsório fazer efeito, o Banco Central também precisará baixar os juros, na opinião de vários economistas.
Júlio Sérgio Gomes de Almeida, do Iedi, por exemplo, acha que o BC teria que adotar uma contrapartida obrigando os bancos a emprestarem o dinheiro liberado do compulsório, e não aplicarem em título público.
Já os banqueiros acham que as medidas adotadas pelo BC ainda foram muito tímidas para o crédito voltar a girar na economia. Além disso, os recursos já têm inclusive um destino traçado, que é o de salvar os bancos pequenos e médios.

Frase

"O Banco Central está atuando erradamente, pois está vendendo dólar à vista [das reservas] e linhas de financiamento para exportadores por intermédio dos "dealers" [instituições financeiras], que tendem a ficar com esses dólares, e não repassá-los para quem precisa"

HORA DAS PEQUENAS

O setor de TI já espera uma retração do mercado em 2009. Para Marcelo Astrachan, da Cyberlynxx, a crise global é oportunidade para as empresas brasileiras tomarem parte do mercado local, que hoje concentra os grandes contratos em multinacionais, mais afetadas pela turbulência. "As companhias vão cortar custos e podem procurar empresas menores para fazerem os mesmos serviços por preços mais baixos." A Cyberlynxx mantém os planos de expansão em 2009 via aquisições. "Se eu não investir, daqui a cinco anos não existirei."

CARTEIRAS À VENDA

A decisão do Banco Central de conceder desconto no recolhimento compulsório dos bancos que comprarem carteiras de crédito de outras instituições já se refletiu no volume das operações. Roberto Vianna, do escritório de advocacia Lefosse Linklaters, está conduzindo operações de venda de carteiras que somam R$ 2 bilhões e devem ser concluídas em novembro. O volume equivale a 40% do total de carteiras vendidas pelo escritório entre 2004 e 2007 -R$ 5 bilhões. "No momento em que os bancos tiveram problema de liquidez, começaram a ver a venda de carteiras como oportunidade de captação de recursos."

TOALHA
O segmento de cama, mesa e banho teve uma queda de 2% nas vendas na primeira quinzena de outubro em relação ao mesmo período de setembro, segundo sindicato do setor. A redução já vinha desde setembro, que marcou queda de 3% ante agosto. "As quedas ainda não são reflexos da crise. Porém, as ações articuladas dos países desenvolvidos para irrigar o mercado de crédito farão com que a situação encontre um ponto de equilíbrio", disse Arinos de Almeida, presidente da entidade.

MÃO FECHADA
Enquanto as turbulências na economia dos Estados Unidos se aprofundam, muitos pais de família estão tendo que aprender a dizer "não" a seus filhos, segundo reportagem do "New York Times". Os gastos anuais de jovens, cujos recursos geralmente vêm de mesadas, presentes e trabalhos temporários, caíram de US$ 3.560, em seu pico em 2006, para US$ 2.600, segundo pesquisa da Piper Jaffray com 7.000 jovens de 15 a 18 anos, realizada na última semana, de acordo com o jornal.

com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI



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