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MERCADO ABERTO
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Serra critica política de venda de dólar do BC
O governador de São Paulo,
José Serra, afirma que o Banco
Central está adotando uma política errada de venda de dólar
para reativar as linhas de financiamento à exportação. De
acordo com o governador, os
bancos tendem a ficar com esses dólares, e não repassam para quem precisa.
"O Banco Central está atuando erradamente, pois está vendendo dólar à vista [das reservas] e linhas de financiamento
para exportadores por intermédio dos "dealers" [bancos],
que tendem a ficar com esses
dólares, e não repassá-los para
quem precisa", diz Serra.
Segundo o governador paulista, para empresas exportadoras consideradas muito boas, o
custo do financiamento para
90 dias está saindo em média
17% ao ano em dólar, uma taxa
extremamente elevada e que
tornam inviáveis essas operações de financiamento.
Serra defende que os dólares
sejam injetados na economia
via alguma entidade que repasse os dólares diretamente para
quem precisa e sugere, por
exemplo, o nome do Banco do
Brasil como a instituição responsável pela operação.
O BC comete o mesmo erro
na liberalização dos compulsórios. Com taxas de juros elevadíssimas, num momento em
que os BCs do mundo inteiro
afrouxam a política monetária,
os bancos usam os recursos liberados do compulsório para
aplicação em títulos públicos.
O argumento que tem sido
usado pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirel-
les, é que há distinção entre política de liquidez (a liberalização de uma parte do compulsório) e política monetária (juros
altos). Muitos economistas
contestam essa tese.
Tanto uma como a outra medida -compulsório e juros-
fazem parte da política monetária. Para a liberação do compulsório fazer efeito, o Banco
Central também precisará baixar os juros, na opinião de vários economistas.
Júlio Sérgio Gomes de Almeida, do Iedi, por exemplo,
acha que o BC teria que adotar
uma contrapartida obrigando
os bancos a emprestarem o dinheiro liberado do compulsório, e não aplicarem em título
público.
Já os banqueiros acham que
as medidas adotadas pelo BC
ainda foram muito tímidas para o crédito voltar a girar na
economia. Além disso, os recursos já têm inclusive um destino traçado, que é o de salvar
os bancos pequenos e médios.
Frase
"O Banco Central
está atuando erradamente, pois está vendendo dólar à vista
[das reservas] e linhas
de financiamento para
exportadores por intermédio dos "dealers"
[instituições financeiras], que tendem a ficar
com esses dólares, e
não repassá-los para
quem precisa"
HORA DAS PEQUENAS
O setor de TI já espera
uma retração do mercado
em 2009. Para Marcelo
Astrachan, da Cyberlynxx,
a crise global é oportunidade para as empresas
brasileiras tomarem parte
do mercado local, que hoje
concentra os grandes contratos em multinacionais,
mais afetadas pela turbulência. "As companhias
vão cortar custos e podem
procurar empresas menores para fazerem os mesmos serviços por preços
mais baixos." A
Cyberlynxx mantém os
planos de expansão em
2009 via aquisições. "Se
eu não investir, daqui a
cinco anos não existirei."
CARTEIRAS À VENDA
A decisão do Banco Central de conceder desconto no recolhimento compulsório dos bancos que comprarem carteiras de crédito de outras instituições já se refletiu no
volume das operações. Roberto Vianna, do escritório de
advocacia Lefosse Linklaters, está conduzindo operações
de venda de carteiras que somam R$ 2 bilhões e devem
ser concluídas em novembro. O volume equivale a 40% do
total de carteiras vendidas pelo escritório entre 2004 e
2007 -R$ 5 bilhões. "No momento em que os bancos tiveram problema de liquidez, começaram a ver a venda de
carteiras como oportunidade de captação de recursos."
TOALHA
O segmento de cama, mesa e banho teve uma queda
de 2% nas vendas na primeira quinzena de outubro em
relação ao mesmo período
de setembro, segundo sindicato do setor. A redução já
vinha desde setembro, que
marcou queda de 3% ante
agosto. "As quedas ainda não
são reflexos da crise. Porém,
as ações articuladas dos países desenvolvidos para irrigar o mercado de crédito farão com que a situação encontre um ponto de equilíbrio", disse Arinos de Almeida, presidente da entidade.
MÃO FECHADA
Enquanto as turbulências
na economia dos Estados
Unidos se aprofundam, muitos pais de família estão tendo que aprender a dizer
"não" a seus filhos, segundo
reportagem do "New York
Times". Os gastos anuais de
jovens, cujos recursos geralmente vêm de mesadas, presentes e trabalhos temporários, caíram de US$ 3.560,
em seu pico em 2006, para
US$ 2.600, segundo pesquisa da Piper Jaffray com
7.000 jovens de 15 a 18 anos,
realizada na última semana,
de acordo com o jornal.
com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI
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