São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 2008

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Governo reduz previsão de crescimento no próximo ano

Proposta de Orçamento deverá cortar de 4,5% para 4% a projeção de alta do PIB

Planalto também vai elevar estimativa para a inflação de 2009 devido aos efeitos da crise internacional na economia brasileira

VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Menos crescimento e mais inflação em 2009. Esse é o novo cenário que o governo vai incluir em novembro na proposta de Orçamento do ano que vem em discussão no Congresso. A mudança é resultado da esperada desaceleração na economia brasileira devido à crise no mercado financeiro nos EUA.
As novas previsões do governo não são tão pessimistas quanto as do mercado, mas apontam que o país deve crescer entre 3,8% a 4% no próximo ano, contra uma estimativa inicial de 4,5% ainda presente no discurso otimista da equipe econômica.
Na revisão do Orçamento da União a ser encaminhada ao Congresso no dia 20 de novembro, a tendência é o governo optar pela taxa de 4% para crescimento da economia brasileira no próximo ano. Para analistas de mercado, essa taxa pode ser bem pior, entre 2,6% e 3,5%.
Quanto à inflação, o governo não costuma fazer projeções, mas apenas incorporar as previsões captadas pela pesquisa de mercado do Banco Central, que no momento apontam para uma inflação medida pelo IPCA de 4,9% em 2009.
Na proposta original do Orçamento, a previsão de inflação do ano que vem foi fixada com base na meta de 4,5%, a mesma deste ano.
Na avaliação do governo, caso o país atinja um crescimento acima de 3,5% em 2009, o que a equipe econômica acredita ser possível, não será necessário adotar uma política econômica anticíclica no próximo ano.
Ou seja, deverá ser mantida a economia extra de despesas de 0,5 ponto percentual do PIB, que fez a meta de superávit primário subir de 3,8% para 4,3% dentro da proposta de criação do Fundo Soberano.
Como a tendência é que o fundo seja aprovado apenas no próximo ano, a meta de superávit primário neste ano ficará mesmo em 4,3%. Para 2009, quando o mecanismo pode ser aprovado, o governo poderia então, em vez de economizar, gastar esses recursos. Mas isso ocorreria apenas se o crescimento ficasse muito baixo no ano que vem.
A expectativa do governo, segundo a Folha apurou, é utilizar esses recursos extras do fundo soberano apenas em 2010, diante da tendência de uma negociação difícil no Congresso para aprová-lo.
A oposição tem tentado protelar, ou mesmo barrar, a criação do fundo soberano por avaliar que ele pode acabar sendo usado exatamente no ano da escolha do sucessor de Lula.
Neste ano, se o fundo fosse aprovado, ele receberia R$ 14 bilhões, que seriam colocados numa espécie de poupança que o governo poderia utilizar para promover investimentos em infra-estrutura, por exemplo. Em 2009, a previsão é de uma receita de R$ 15 bilhões.
Esses recursos, contudo, só podem ir para o caixa do fundo caso ele seja aprovado. Enquanto isso não acontece, a economia extra de 0,5 ponto percentual fica "esterilizada", aumentando o superávit primário e ajudando a reduzir os gastos com juros.
Na Comissão de Orçamento do Congresso, o relator Delcídio Amaral (PT-MS) estuda a possibilidade de elevar a meta de superávit primário, incluindo o adicional do fundo soberano, para algo entre 4,5% e 4,6% do PIB.


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