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Governo reduz previsão de crescimento no próximo ano
Proposta de Orçamento deverá cortar de 4,5% para 4% a projeção de alta do PIB
Planalto também vai elevar estimativa para a inflação de 2009 devido aos efeitos da crise internacional
na economia brasileira
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Menos crescimento e mais
inflação em 2009. Esse é o novo
cenário que o governo vai incluir em novembro na proposta
de Orçamento do ano que vem
em discussão no Congresso. A
mudança é resultado da esperada desaceleração na economia brasileira devido à crise no
mercado financeiro nos EUA.
As novas previsões do governo não são tão pessimistas
quanto as do mercado, mas
apontam que o país deve crescer entre 3,8% a 4% no próximo
ano, contra uma estimativa inicial de 4,5% ainda presente no
discurso otimista da equipe
econômica.
Na revisão do Orçamento da
União a ser encaminhada ao
Congresso no dia 20 de novembro, a tendência é o governo optar pela taxa de 4% para crescimento da economia brasileira
no próximo ano. Para analistas
de mercado, essa taxa pode ser
bem pior, entre 2,6% e 3,5%.
Quanto à inflação, o governo
não costuma fazer projeções,
mas apenas incorporar as previsões captadas pela pesquisa
de mercado do Banco Central,
que no momento apontam para
uma inflação medida pelo IPCA de 4,9% em 2009.
Na proposta original do Orçamento, a previsão de inflação
do ano que vem foi fixada com
base na meta de 4,5%, a mesma
deste ano.
Na avaliação do governo, caso o país atinja um crescimento
acima de 3,5% em 2009, o que a
equipe econômica acredita ser
possível, não será necessário
adotar uma política econômica
anticíclica no próximo ano.
Ou seja, deverá ser mantida a
economia extra de despesas de
0,5 ponto percentual do PIB,
que fez a meta de superávit primário subir de 3,8% para 4,3%
dentro da proposta de criação
do Fundo Soberano.
Como a tendência é que o
fundo seja aprovado apenas no
próximo ano, a meta de superávit primário neste ano ficará
mesmo em 4,3%. Para 2009,
quando o mecanismo pode ser
aprovado, o governo poderia
então, em vez de economizar,
gastar esses recursos. Mas isso
ocorreria apenas se o crescimento ficasse muito baixo no
ano que vem.
A expectativa do governo, segundo a Folha apurou, é utilizar esses recursos extras do
fundo soberano apenas em
2010, diante da tendência de
uma negociação difícil no Congresso para aprová-lo.
A oposição tem tentado protelar, ou mesmo barrar, a criação do fundo soberano por avaliar que ele pode acabar sendo
usado exatamente no ano da
escolha do sucessor de Lula.
Neste ano, se o fundo fosse
aprovado, ele receberia R$ 14
bilhões, que seriam colocados
numa espécie de poupança que
o governo poderia utilizar para
promover investimentos em
infra-estrutura, por exemplo.
Em 2009, a previsão é de uma
receita de R$ 15 bilhões.
Esses recursos, contudo, só
podem ir para o caixa do fundo
caso ele seja aprovado. Enquanto isso não acontece, a
economia extra de 0,5 ponto
percentual fica "esterilizada",
aumentando o superávit primário e ajudando a reduzir os
gastos com juros.
Na Comissão de Orçamento
do Congresso, o relator Delcídio Amaral (PT-MS) estuda a
possibilidade de elevar a meta
de superávit primário, incluindo o adicional do fundo soberano, para algo entre 4,5% e 4,6%
do PIB.
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